Cap.1: Transferência

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Faltava apenas 4 meses para terminar o 2° ano do ensino médio. Mas Judy estava abusada daquela escola. Ela tinha alguns amigos legais lá, mas havia algo, ou melhor, alguém, que a fazia desejar sair de lá urgentemente: seu colega por quem ela era apaixonada desde o início do ano. Eles eram amigos, se falavam quase todos os dias, e muitas vezes ele se mostrou interessado nela. Fazia elogios, sorria, dizia que ela era especial. Mas aí a verdade veio a tona: era um mulherengo, um galinha. Judy flagrou sua paixão falando de forma indecente do corpo de uma garota pros seus amigos. E no outro dia, ela a viu beijando e agarrando uma aluna, num local reservado da escola. Que nojo! A partir desse dia ela decidiu cortar qualquer laço de amizade com ele.

Judy, após insistir pros seus pais, conseguiu convencê-los a mudarem ela de escola. Ela alegou que os colegas eram muito chatos e bagunceiros e estava tendo dificuldade em se concentrar nas aulas. Já a Saebom Hight School, apesar de ser um pouco mais distante (20 minutos de ônibus), ficava bem mais perto da floricultura, seu local de trabalho, pra onde ela ia logo após a escola. E além disso, sua melhor amiga estudava lá e lhe faria companhia.

O primeiro dia de Judy na escola Saebom Hight School foi de nervosismo, mas ao mesmo tempo incrível. Quando ela entrou no colégio, se sentiu deslocada e sozinha, com um frio na barriga. "Será que eles vão gostar de mim?" Judy pensava. Ela sentia receber vários olhares, bem como ouvia elogios e perguntas como "que linda!", "quem é ela?". Notícias sobre uma nova aluna estrangeira correram rápido no colégio.
-Vocês viram a aluna estrangeira que foi transferida pra cá?
-Não...ela é de onde?
-Não sei, ouvi dizer que é americana. Ela é muito bonita, você tem que ver!

Bom...Judy já estava acostumada a receber esse tipo de atenção. A verdade é que apesar de ter nascido fora da Coreia, ela falava o idioma muito bem. Uma vez ou outra cometia uns deslizes na fala, mas fazer o quê? Ninguém é perfeito. Até mesmo coreanos da idade dela ou mais velhos também erravam hihi...Falar coreano quase como um nativo foi possível graças ao seu esforço em se adaptar e aprender, bem como da ajuda do seu pai de criação, que é coreano. Quando os seus colegas de turma a ouvissem falar, saberiam que ela não era apenas uma "estrangeira", mas sim alguém que mora na Coreia desde a sua infância e que já adotou os costumes de lá. Ela não é diferente deles.

Para a alegria de Judy, ela iria estudar na mesma turma da sua melhor amiga, Eun-Jin, que é uma veterana do colégio. Ela apresenta uma boa parte da escola a Judy.
-Depois do intervalo eu te mostro toda a área de fora, incluindo o campo em que praticamos esportes ok?- diz Eun-Jin.

Logo após se apresentar à sala, Judy é bombardeada de perguntas.
-De onde você é?
-Você nasceu aqui? Seu coreano é muito bom.
-Verdade! Seu modo de falar não parece de alguém estrangeiro.
-Qual o significado do nome Judy?
-Wooow! Você é mais linda ainda de perto.

Nesse momento, o professor pede aos alunos fazerem silêncio:
-Pessoaal!-ele bate na mesa- Deixem a menina quieta. Tenham paciência que no final da aula ela responderá todas as perguntas de vocês, não é Judy?

-Sim professor, eu responderei no tempo livre.-ela responde de forma envergonhada.

E assim se dá. Ao final da aula, Judy amigavelmente responde às dúvidas de seus colegas. Um deles parece animado:
-Espera, você é do Brasil? Wooooow! Agora sou seu fã. Eu adoro futebol brasileiro... tem aquele jogador, o Ronaldinho, e aquele outro, o Ne...ney... como se diz?
-Neymar.-completa Judy
-Siim!
-Se fica na América do Sul, então vocês falam espanhol né?- uma outra colega pergunta.
-Não, lá se fala português, uma língua parecida com espanhol.-diz Judy.

Na hora do lanche, Judy e Eun-Jin vão ao refeitório comer juntas. Observando que muitos do refeitório estão olhando pra Judy, Eun-Jin sorri e diz:
-Hey, os alunos gostaram muito de você viu Judy.
-Percebi...-Judy sorri de volta e complementa: -mas é só porque minha aparência se encaixa nos padrões de beleza da maioria das pessoas daqui. Se eu fosse feia...hmmm, acho que não teria tido esse impacto positivo não rsrs.

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