Único

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Deitado na cama de Sirius, Remus às vezes não acreditava na sua nova realidade. Meses atrás, ele não passava de um zero à esquerda sem a menor expectativa de encontrar alguém... E agora, estava namorando. Como as coisas podiam mudar tão rápido?

Mais do que namorando, Remus estava se relacionando com alguém com quem se identificava. Não porque tinham gostos idênticos, mas porque sabiam se incluir em suas diferenças. Aprendiam desde fatos curiosos a talentos especiais. Era a capacidade de ouvir, não só falar, que os moviam na mesma direção.

É o que significa gostar de alguém, não? Querer conhecer, querer estar perto... Querer, querer, querer.

Remus olhava para Sirius com tanto querer que às vezes se assustava. A vontade de estar perto só não suplantava o medo de sufocar. Era o seu primeiro relacionamento. Aprendeu rápido que sonhar com uma coisa e vivenciá-la eram experiências bem diferentes.

Dezesseis anos parecia jovem demais para contemplar a eternidade. Mas dizem que quando você sabe, você sabe, e Remus...

— Já te disseram que você pensa demais?

A voz de Sirius soou no pé do seu ouvido.

Remus sorriu.

— Sim. Você. Constantemente.

O rosto de Sirius planou acima da cabeça de Remus, que estava encarando o teto. A luz baixa do abajur lançava sombras dançantes na parede.

— Porque você está constantemente viajando. Aonde você vai?

— Pra mais perto do que você imagina.

— Me leva com você.

— Eu levo.

Olhos cinza o observaram, lábios gravitando em sua direção.  Euforia e paz — o coração prestes a explodir de entusiasmo, mas agradecido por isso.

— Eu estava pensando sobre isso — Remus disse. — Agora, antes e... depois.

— Depois?

— No futuro.

Sirius se sentou.

— O que tem o futuro?

Remus espelhou sua posição.

— O que você pensa dele? Quais são... seus pensamentos sobre o futuro?

— Não sei. Tento aproveitar o presente.

Remus abaixou a cabeça, envergonhado. Provavelmente estava sendo muito intenso...

Mas se eu tivesse que pensar no futuro — prosseguiu Sirius, tocando a mão de Remus. Entrelaçou seus dedos. — O que quer que eu esteja fazendo lá... Estou fazendo com você.

Seus olhos se reencontraram.

— É sobre a gente — Remus confessou. — Quando você me pega viajando, estou pensando sobre a gente. Eu... eu gosto muito de você. Detesto a ideia de a minha carência te afastar.

— Sua carência?

— Sim. Esse desejo de ter a sua atenção o tempo todo...

— Re, não! — Sirius suspirou como se fosse fazer algo doloroso ou muito difícil. — Eu... eu adormeço pensando em você e amanheço com lembranças suas estrelando os meus sonhos. Dedico secretamente todas as minhas músicas a você e te protagonizo em todos os romances que você me recomenda. Se você não tá no centro da minha mente, tá roubando a cena no fundo. Tem sido um problema, na verdade.

O coração de Remus descompassou.

— Por quê?

— Porque me faz querer te dizer esse tipo de porcaria melosa. O tempo todo. É humilhante, tenho uma reputação a zelar.

O humor amenizou o clima. Remus relaxou um pouco.

— Falando sério — Sirius continuou. — Você tá com medo de me mandar correndo pra longe, não é? Eu também.

— Impossível. Eu não corro, esportes não fazem muito a minha praia. Pensei que me conhecesse.

— Por que você acha que temos feito todos esses "passeios românticos" a pé? Dane-se o pôr do sol, estou tentando fazer o seu coração bombear sangue com mais facilidade.

Remus derrubou Sirius de costas no colchão e se sentou em cima dele.

— Atlético o suficiente pra você?

— Chegando lá. — Sirius passou as mãos pelas pernas de Remus e segurou sua cintura. Começou a massagear a região com ternura. — Eu quero que você se sinta confortável para demonstrar tudo. Não quero fragmentos. Eu quero tudo.

Remus sentiu o lábio inferior tremular, um alívio tão grande que poderia chorar. Mas somente o beijou, transmitindo daquele modo a sua reciprocidade.

Unintended | WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora