Bugs

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Todo mundo fica doente, até mesmo o Iwaizumi de nove anos. Maldito dia em que fui correr na chuva mesmo tendo sido avisado para não ir. Peguei uma gripe que me deixou de cama por dias, eu estava entediado, não podia sair, meu corpo doía, tive que tomar aqueles remédios horríveis que minha mãe comprou e até tomei daquele chá que minha avó jura por tudo que é mais sagrado que cura até câncer.

Naquela tarde, eu observava a janela, o dia estava lindo, eu queria poder sair para poder brincar novamente, para crianças daquela época ficar no quarto trancado era um pesadelo, hoje eu realmente prefiro ficar nele do que ver pessoas – da até um frio no pé da barriga ao pensar nisso.

Gosto de gente, longe de mim.

Pouco tempo depois, ouvi a voz da minha mãe dizendo que tinha alguém que queria me ver. Logo pensei que era Oikawa, ele simplesmente não conseguia ficar longe de mim, que odiava, e eu não podia dizer que não sentia o mesmo. O babaca sempre me fazia rir até mesmo quando eu tentava ficar bravo com ele, daí que eu ficava bravo de verdade, mas nunca teria coragem de o tirar da minha vida.

O mesmo entrou em meu quarto, pondo a cabeça para dentro e me procurando, depois abriu aquele sorriso que tanto que alegrava. Um grito "Iwa!" veio dele, que corria até minha cama, só sei que na hora fiquei curioso por suas mãos estarem atrás de si, como se as escondesse, mas optei por ignorar isso. Abri um pequeno sorriso.

— Como você tá? — Ainda me lembro da voz doce e animada daquela criança encapetada da qual ainda existe.

— Tô melhorando. — Disse eu, um pouco tímido. — Por que não está brincando lá fora?

— A-... Ah, é. — Pude ver Oikawa corar, ele era fofo, ele é fofo. — Eu- Eu trouxe uma coisa pra você.

— Eh... Obrigado por- por se preocupar, a mãe disse que não posso comer doces ainda, então eu...

— Não, não, Iwa. Não é um doce. — Ele sorriu. Logo me surpreendi com o'que vi.

— Mas você... Você odeia insetos...

Ele tinha me dado um pequeno pote, onde havia um besouro dentro, talvez fosse um besouro que eu teria corrido atrás e não tivesse conseguido pegar.

— Sim, eu odeio. — Ele sorriu sem graça, desviando seu olhar, estava envergonhado, ou tímido, não consegui desvendar. — Mas você nem imagina, Iwa! Ele tava lá na janela, né. Aí fui lá, tentei pegar, o filho de uma égua escapou, depois eu fui e...

E assim ele foi contando sua grande aventura à caça do besouro, enquanto eu percebia alguns curativos em seu rosto, braços, pernas... Ele havia enfrentado um medo por mim, hoje parece ser tão trivial, mas na época isso tinha significado tanto para aquele coração não desenvolvido.

Foi nessa hora em que descobri que ele era incrível, ele é incrível, e agradeci mentalmente por isso. Ele só não podia descobrir. Eu dei um sorriso simples, sem saber como reagir, o olhei com carinho, com o besouro em mãos e o coração palpitando em alegria.

— Obrigado, Oikawa.

— Não foi nada, Iwa! — O pequeno Tooru sorriu, indo lentamente até meu encontro, e deixou um beijo rápido em minha bochecha, pondo a mão em minha cabeça. — Espero que fique melhor, caçar insetos é bem mais legal quando tem alguém mais corajoso do meu lado.

Desde aquele dia, o olho de outra forma.

Fim.










Foi baseado em uma fanart que eu vi no Pinterest, só não consegui achar o criador.












JOGA PRA RAUL

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