Cidade dos Sonhos

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"Olá, meu caro amigo. . ."

A fumaça manchada de vermelho consumia toda a ponte.

Cinzas das chamas que ainda persistiam percorriam sobre o que restava de um confronto, cujos destroços denunciavam claramente qual dos lados estava perdendo a batalha.

Nas ruas abaixo, corpos estavam dispersos por todos os lados. Seus rostos contorcidos expressavam seu horror, enquanto buracos de bala se decoravam suas cabeças e torsos.

Eles caíram dos céus, não demorando para alcançar o chão. Entretanto, para alguns, o mesmo não podia ser dito sobre a sua morte.

". . .Te peço pra ajudar."

Os poucos que ainda restavam permaneciam dispersos. A maior parte fugia para o mais longe possível, mancando ou rastejando de volta para o seu lado da ponte.

"Olá, meu caro amigo. . ."

Outros, mais valentes ou desesperados, caminhavam pela fumaça com garrafas e facas em punho, apenas para que o som de um disparo certeiro reforçasse para o resto que seguissem à direção oposta.

O tilintar da cápsula de latão batendo sobre o chão vinha logo em seguida.

". . .O que der vou aceitar."

Uma garrafa se despedaçava ao choque contra um capacete, seu barulho ressoando junto de um grito, esse mesclado com mais um disparo.

O ataque não foi suficiente para arranhar a pintura.

Acima de todos, esculturas do que um dia já foram grandes inventores assistiam o massacre com olhos petrificados, desprovidos de emoção. Incapazes de fazer algo, apenas podendo servir como testemunha do evento sombrio.

"Te peço. . .uma moeda. . ."

Aqueles que estavam fardados em azul marchavam pela fumaça, caçando em seu território com armas em punho.

Seus rostos cobertos com uma máscara dourada, com um respirador acoplado por baixo do capacete. O vermelho ao seu redor fazia com que as lentes da máscara reluzissem em um tom carmesim similar.

Seus passos eram medidos, seu fôlego era controlado. Seus suspiros sinistros podiam ser ouvidos a metros de distância. Não era possível vê-los através da fumaça, apenas ouvir.

E eles sabiam disso. Se mostravam insensíveis, mas estavam sempre à espreita.

". . .Fortuna ela será."

Um homem foi expulso do vermelho, suas costas colidindo contra o chão. A faca que carregava em mãos voou para alguma direção durante sua queda.

Ele olhou ao redor, usando dos cotovelos para se afastar ainda mais da parte mais densa da fumaça.

Havia um gosto peculiar e metálico em sua boca, a bala em seu estomago parecia ter se alojado ainda mais fundo nos intestinos, enquanto a outra em sua perna parecia rasgar o interior da coxa, se encontrando assustadoramente próxima ao joelho.

Arcane: RevolucionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora