Capítulo 9 - Compras no centro

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Annabeth

Era notável que Caleb estava com um ar um tanto melancólico assim que entrou na sala, suas vestes pretas, o fone de ouvido e sua expressão mais séria, entregava que ele não estava muito bem hoje.

E foi confirmado durante o tempo que se passou, principalmente pelo fato do mesmo não ter saído para o intervalo, ㅡ não é preciso conhecê-lo bem para notar que ele não gosta de ficar muito tempo dentro da sala de aula, afinal, em quase todas as aulas ele pede para ir ao banheiro e demora mais tempo que alguém gastaria para fazer suas necessidades. Além disso, é bom lembrar que ele sempre está fazendo alguma gracinha, seja jogando bolinha de papel nos alunos da frente, até ir a mesa do professor e jogar conversa fora. O que curiosamente me chamou atenção, por mais que os professores chame atenção dele mais cedo ou mais tarde e o mande de volta para o seu lugar, todos sempre acabam conversando com o mesmo por minutos consideráveis.

Enfim, na última aula lutei para não virar a cabeça a todo momento em sua direção e verificar se ele continuava de cabeça baixa, ㅡ convenhamos que lutei praticamente a manhã toda para não parecer curiosa demais á respeito do seu comportamento ㅡ eu estava um pouco ansiosa para falar com ele, já que não trocamos nenhuma palavra até então ㅡ Em parte a ansiedade era para mostrar que eu havia conseguido montar o cubo e a outra para saber se havia acontecido algo para o mesmo está tão quieto hoje.

Preciso admitir que só agora percebi que basta uma conversa apenas, para eu considerar alguém como amigo.
Como aquela frase: "mal te conheço mas já te considero pakas".

Fiquei no impasse de levantar e ir falar com o mesmo ou continuar copiando a matéria em silêncio. Sinto um frio subir á barriga e começo a balançar minha perna freneticamente, abro minha mochila e tiro de lá o cubo montado que ele me deu ㅡ depois de passar a tarde toda no meu quarto vendo tutorial no youtube de como montar, eu consegui finalmente resolver todas as cores assim que cheguei do culto e voltei á missão.

Falando em missão... Patrick, Eloá e eu estamos fazendo nosso jejum á respeito da evangelização aqui na escola, dizem eles que estão tentando se aproximar aos poucos das pessoas quais Deus havia nos direcionado. E bem, esse é o maior motivo para eu querer me aproximar de Caleb, o cubo talvez seja só uma desculpa para isso.

Aproveitando que a sala estava concentrada em copiar o texto que a professora passava no quadro, com as mãos trémulas peguei o cubo e mesmo com vergonha tive coragem para ir até a mesa do Caleb, o mesmo estava de cabeça baixa então dei duas batidinhas com a mão em sua mesa, ele tirou o fone e ergueu a cabeça para me olhar. Depois de mostrar a ele e o mesmo acabar rindo por eu ter demonstrado que demorei longas horas para completar as cores, eu voltei ao meu lugar correndo quando Caleb ameaçou chamar a professora.

Ele ia mesmo me entregar para ela?

Bom, de qualquer forma, fiquei feliz em vê-lo voltar ao seu humor costumeiro. Afinal, na hora da saída ele puxou uma mecha do meu cabelo e cutucou meu ombro direito quando eu me virei para olha-lo não havia ninguém, pois o mesmo estava do meu lado esquerdo.
E ainda ousou dizer:

ㅡ Eu nunca achei alguém que caia tanto nessas brincadeiras hoje em dia, quanto você Garcia.

Devolvi dizendo:
ㅡ E eu nunca achei alguém que as fazem com tanta frequência, quanto você Almeida.

ㅡ Almeida? Diferente ouvir isso de outra pessoa que não seja o Caio e a diretora Shirley. ㅡ dei de ombros e ele completou: ㅡ Eu te permito esse privilégio, eu também a chamo pelo seu sobrenome. Mas quero saber como sabe? Andou me stalkeando, Garcia?

O Amor que vem do Alto (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora