A FORÇA DO AMOR | CONCLUÍDA

37 Em casa

Renata

Enquanto observava Fernando dormir, repassava todos os detalhes da conversa que tive com minha mãe. Eu não fiquei com raiva ou magoada com ela, aquela mentira, de certa forma, moldou os contornos da minha vida.

Ela inventou uma história, no entanto, essa mentira não seria uma sombra escura na minha vida; foi, de fato, a luz que guiou meu caminho em direção ao amor que nunca imaginei encontrar.

A sua intenção tinha um propósito mais profundo. Ela queria me trazer de volta, e como disse, o plano saiu melhor que o esperado.

Eu não só voltei ao Brasil, como consegui resgatar a minha essência, que já acreditava estar completamente esquecida.

Foi através dessa "mentira" que conheci o homem que se tornaria meu namorado e, mais tarde, o amor da minha vida. A ironia reside no fato de que a mentira, longe de causar dano, abriu portas para uma felicidade que eu não teria imaginado.

Um destino que, de outra forma, teria permanecido desconhecido.

O homem deitado ao meu lado, se remexeu e sorriu logo após abrir os olhos.

Se me fosse concedida a chance de voltar no tempo, abraçaria novamente cada decisão. Na época, eu pensava que estava à deriva, sem um plano claro, mas como fui ingênua.

A ideia de uma família própria, algo que nunca ousei sonhar, agora se tornava a essência dos meus sonhos mais intensos e profundos.

Na noite anterior, compartilhei com Fernando os acontecimentos desde minha partida e a revelação de minha mãe.

A preocupação financeira para o futuro desapareceu, pois agora eu era novamente uma mulher rica, ainda mais do que antes, com metade da fortuna pessoal de minha mãe transferida para o meu nome.

Entretanto, apesar da riqueza renovada, minha essência havia mudado. Mal conseguia conter a empolgação ao pensar sobre as inúmeras possibilidades que se descortinavam diante de mim. Meu coração ansiava pela vida que  aconteceria ao lado da minha família e do homem que amava.

Determinada, não almejava apenas desfrutar da minha fortuna, mas torná-la significativa, não apenas para mim, mas para todos que faziam parte da minha vida. Buscava um propósito maior, consciente de que me foi concedida uma segunda chance.

***

A vida parecia estar no seu lugar novamente. Sentada à mesa enorme ao lado de Fernando, tomávamos café da manhã com mais umas dez pessoas.

Rostos conhecidos, já familiarizados, pessoas de bem, trabalhadores, que tocavam aquela fazenda ao lado do meu namorado e sua família.

Família, era assim que eles se consideravam, e o que parecia estranho no início, hoje, fazia todo sentido.

Por isso aquele lugar emanava tanta paz e amor, por isso todos eram tão empáticos e generosos. Cada um oferecia exatamente o que lhe era dado.

Foi assim que eu me transformei em alguém melhor. Num ambiente onde só se recebe coisas boas, sem julgamentos ou cobranças, seria impossível me manter indiferente.

Eu não me sentia uma impostora ou tomando algo que não era meu, como Raul chegou a me acusar, o único interesse que me prendia naquelas terras era permanecer ao lado da minha família e viver ao lado do homem que eu amava.

Afinal, eu era livre para partir, mas o amor me fazia querer ficar. E eu ficaria, para sempre...

***

Fernando foi trabalhar e eu, aproveitar o meu dia naquele lugar que eu amava.
Aquela agora era a minha casa e eu tinha liberdade para fazer o que bem entendesse.