Prólogo

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   Ele queria apenas comer seu hambúrguer em paz! Apenas um maldito hambúrguer que levou várias barganhas para conseguir!

   “No tienes idea do que enfrentas!” O Hombre Araña pensou, enquanto se balançava de prédio em prédio atrás daquela… coisa.

   Era óbvio que sua noite tranquila de quinta-para-sexta seria interrompida! Era uma quinta-feira, pelo amor dos aracnídeos! Os crimes são para segunda, os acidentes domésticos para quarta e as anomalias estranhas para sexta! Era a lei.

   O Spider não esperava que aquilo fosse acontecer. Tanto é que estava no único McDonald's  24h do Queens, servindo como escravo por um mísero McLanche Feliz. Essas eram as condições, conforme Keith, o funcionário lesado da loja que não conseguia deixar a boca fechada.

   Isso e, claro, uma foto.

   Quintas são para você ir na lanchonete mais próxima, exibir seu colã apertado coberto por roupas largas e pedir caridosamente o lanche do dia. Geralmente, o pessoal do lado latino do Queens atendia com felicidade o pedido. Agradeciam seus serviços e diziam que a polícia estava errada! Que só tinham inveja, já que o Homem-Aranha fazia mais pelo povo do que qualquer político.

   Já para a área mais rica do Queens… era isso que você ganhava por impedir roubo a mão armada, assassinatos em becos escuros e ter os olhos atentos! Um banheiro fedido e um desentupidor!

   E para falar a verdade, aquele hambúrguer estava uma porcaria. O pão estava meio mole, a carne parecia ter sido quadrada na geladeira depois de frito e a salada estava murcha. Aliás, ele ganhou o Majin Boo ao invés do Vegeta! Isso era injusto e completamente idiota.

   Mesmo assim, aquela coisa não tinha o direito de pagar o seu hambúrguer. Muito menos seu Majin Boo. Ele até poderia parecer um chiclete de iogurte, mas ainda assim era SEU chiclete de iogurte!

   A coisa era que, quando se aproximou da Floricultura, esperava achar algum ladrão estranho que preferia roubar esterco barato do que um arcade. Mas, enquanto ainda andava em direção ao alarme tocando incessantemente, o garoto percebeu que aquilo não se tratava de um ser humano.

   Era algo.

   Até parecia humano. Era um ser bípede, com certeza, tinha braços e pernas — duas de cada, para ser mais exato. Tinha uma cabeça, um tronco… estava tudo certo para se passar por um humano. Porém, seu corpo era despido de roupas e a pele era algum tipo de lodo, meio reluzente e estranho.

   No meio do fertilizante — sacos que foram abertos com violência, que caíram ao seu redor —, ele só parecia bizarro. Talvez alguém sob efeito de drogas, aquelas que te fazem tomar atitudes duvidosas. Mesmo que sua pele reluzisse contra a pouca luz (sendo a única coisa que mostrava que havia algo naquele breu), o Homem-Aranha tentava achar alguma explicação plausível para isso. Talvez fosse algum tipo de ilusão de ótica, um traje maneiro ou qualquer coisa do tipo. Afinal, era quinta-feira. Apesar de furtos serem para segunda, ele abriria uma exceção para seu amigo amante de fertilizante.

   Por isso que o Aracnídeo se aproximou despreocupadamente. Metade da máscara levantada, ainda comendo seu hambúrguer. A batata e o refrigerante já haviam acabado em instantes, talvez fosse a melhor parte do lanche — mesmo com a batata dura e a sua Coca meio aguada. Seu Majin Boo era carregado na outra mão, um dos dedos enfiando na linha que deveria servir para se colocar em chaveiros — quem iria querer o Majin Boo como chaveiro?

   — Ei! Pendejo! Esterco é pra planta, não pra gente. — Ele comentou de boca cheia.

   O ser, então, parou de se mover. Num movimento lento e torturante, seu pescoço começou a se mover. Ao ponto de que ele conseguiu ver seu rosto.

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