1 capítulo

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         " A tristeza só é uma coisa bonita por insistência dos poetas "

[ Autora: escutem a playlist Lost souls, no spotify, para uma melhor experiência ]

                                      MAYA

       Meu quarto parecia mais barulhento que o normal. Os fantasmas resolveram dar uma festa aqui.

       Abri os olhos, ah... meu pai deve estar fazendo, ou pelo menos tentando fazer, o café da manhã. Ele realmente não tem jeito para isso.

      Ontem foram panquecas queimadas com mel e morango, os quais ele não esperou descongelarem, mesmo assim comi com cara de que estava delicioso.

        Peguei o celular e enfiei o rosto no travesseiro, brava comigo mesma por ter acordado cedo mesmo de férias. Ao passar pelo espelho do guarda roupa vi meu reflexo, os compridos fios de cabelo castanho claro estavam parecendo mais um ninho de passarinho, tentei dar uma ajeitada, sem sucesso.

        — Bom dia,pai — ele se virou.

        — Bom dia, querida — deixou um beijo no topo da minha cabeça antes de voltar a preparar o que eu descobri serem ovos mexidos.Ele logo veio com dois pratos e suco de laranja.

        — Não vai trabalhar hoje?

        — Vou chegar um pouco mais tarde...filha, lembra de quando falei sobre nos mudarmos para a Austrália?

        — Sim. — as palmas da mão já doíam pelas unhas cravadas com força.

        —  Eu consegui transferência.

        — Que...bom. Fico feliz por você, pai.

        — Não vai dizer mais nada?

        — Por que eu diria? — ele deu um sorriso acolhedor.

        — Bom, vamos ir antes das aulas começarem de novo. Está bem? — assenti — Já pode começar a arrumar suas coisas. Eu tenho que ir agora meu bem.— se levantou, beijando o topo da minha cabeça.

         O acompanhei com os olhos até que  saísse pela porta.

         Eu aprendi uma coisa, comigo mesma, não importa o que o papai diga, apenas concorde e obedeça, ele só quer o nosso melhor. E não o importa o quanto a comida esteja ruim, ele fez o melhor.

         É simples, ser cooperativa, uma boa filha, obediente e esforçada. Meu pai só precisa disso.

         Subi as escadas e me sentei na beirada da cama, encarando o porta - retrato com um leve sorriso.

         Seu longo cabelo loiro caía sobre meu ombro, eu sorria como se fosse a criança mais feliz do mundo, papai abraçava nós duas ao mesmo tempo e o céu estava tão limpo como se tinta azul tivesse sido derramada. O mar estava calmo,a espuma da água engolia a areia da praia.

         — Mamãe, agora nós vamos ficar pertinho uma da outra.— sussurrei — Está ansiosa porquê vai ver sua filha, hm?

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