𝕿𝖍𝖊 𝕳𝖚𝖓𝖙

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Na penumbra do crepúsculo, um chacal deslizava silenciosamente pela floresta densa, sedento pela fome. Sua pelagem, tão escura quanto granito, se misturava e o camuflava entre as árvores retorcidas pelo frio.

Seus olhos buscavam um alvo, dando pequenos passos, que mais pareciam sussuros macabros ecoando pela terra que farfalhava em resposta. Seus atos, eram reticulosamente pensados – Não basta apenas caçar, a perfeição nas preliminares que levam a consumação do ataque, adorna mais o sabor da carne – seus passos obviamente são pensados, tudo isso preparava o ataque prestigioso.

Alheio a tudo isso, um coelho, sautitava na grama opaca da floresta, era hora de voltar para casa e sua toca não ficava tão longe dali. Conseguia sentir o peso da luz da lua chegando em seus pelos alvos e pálidos.
Seus olhos vermelhos, que refletiam sua ingenuidade cristalina, procurava preocupado por alguma adversidade que viria o atrapalhar em seu caminho.

Felizmente, ele não encontra, mas a ópio de toda maldade e maliciosidade é mais ardiloso.

Os olhos do chacal, faiscavam numa voracidade cruel, que agora, seguia os pulos do coelho imaculado. Uma tensão sútil permeava o ar e junto com ela, uma dança mortal se tecia nos fios lunares que cobria a floresta nesse momento.

A cada movimento do coelho, a sombra lúgrube¹ se aproximava mais, imparável. O coelho, ao perceber a ameaça, congelou, seus olhos agora, marejavam o desespero, a contenção com a morte e seu destino vil que assolava a tapeçaria da natureza.

Toda respiração agora, se tornou um suspiro compartilhado, o chacal estava tão perto, os dois, davam passos lentos em círculo, dançando essa coreografia macabra.

Estava pouco, essa prudência de aceitar a morte, tirava o sabor da carne, precisava de mais.

O chacal, encurrala o coelho em uma árvore, sua voz sussurra rouca nos ouvidos do amedrontado coelho.

— Por que não tentas fugir, pequeno? A vida ainda pulsa em tuas veias.

O coelho, resignado com a força do chacal, responde melancólico:

— Não há mais escapatória para nós caro chacal, já aceitei o destino em nossas garras.

O chacal, desalinhado com suas expectativas de resposta, se interessa mais pelo coelho mavioso.

— Sobre o que devaneia criatura diminuta? Não sente esse valor quente de sobreviver?

— Não enxerga lupino? Estamos presos aqui, sempre. Somos iguais, tu e eu. – o coelho então murmura perto do caçado. — Não enxerga? Vejo tua dor, refletida na minha própria existência, somos um só. Toda vez que você acha que falhou, nos encontramos aqui, no mesmo lugar.

O chacal, abismado com o despejo de tantas coisas, paralisa. Tudo agora estava claro como um rio, não existia sentido pra aquilo está acontecendo, ou tinha? Os puros instintos animais comandavam isso, será?

— Então, seu corpo também é meu? – o chacal, ainda em catarse, tenta fugir das questões de própria existência e volta para a tentativa de caça.

— E o seu é meu…– o coelho responde, e então, em piscar de olhos, a troca de olhares se torna física.

O chacal, se via no lugar do coelho, vulnerável, submisso ao terror e o ser desejado. Já o coelho, tomava o posto do chacal, soturno, coberto por desejo e impetuoso.

— Agora entende? Toda vez que você para, nós voltamos aqui, nesse mesmo lugar. Você insiste em se machucar. — o chacal diz, ficando mais em cima do coelho. — E agora pequeno, não existe mais amarras, você consegue falhar em várias coisas, mas é perfeito em começar uma caça a si próprio, eu só termino o trabalho.

Agora, sem tempo para lamentações, o chacal toma o corpo do coelho em suas garras e boca, dilacerando cada parte dele e consequentemente, de si próprio.
A caça perfeita aconteceu, nem a presa e nem o caçador pode evitar isso.Na penumbra do crepúsculo, um chacal deslizava silenciosamente pela floresta densa, sedento pela fome. Sua pelagem, tão escura quanto granito, se misturava e o camuflava entre as árvores retorcidas pelo frio.

Seus olhos buscavam um alvo, dando pequenos passos, que mais pareciam sussuros macabros ecoando pela terra que farfalhava em resposta. Seus atos, eram reticulosamente pensados – Não basta apenas caçar, a perfeição nas preliminares que levam a consumação do ataque, adorna mais o sabor da carne – seus passos obviamente são pensados, tudo isso preparava o ataque prestigioso.

Alheio a tudo isso, um coelho, sautitava na grama opaca da floresta, era hora de voltar para casa e sua toca não ficava tão longe dali. Conseguia sentir o peso da luz da lua chegando em seus pelos alvos e pálidos.
Seus olhos vermelhos, que refletiam sua ingenuidade cristalina, procurava preocupado por alguma adversidade que viria o atrapalhar em seu caminho.

Felizmente, ele não encontra, mas a ópio de toda maldade e maliciosidade é mais ardiloso.

Os olhos do chacal, faiscavam numa voracidade cruel, que agora, seguia os pulos do coelho imaculado. Uma tensão sútil permeava o ar e junto com ela, uma dança mortal se tecia nos fios lunares que cobria a floresta nesse momento.

A cada movimento do coelho, a sombra lúgrube¹ se aproximava mais, imparável. O coelho, ao perceber a ameaça, congelou, seus olhos agora, marejavam o desespero, a contenção com a morte e seu destino vil que assolava a tapeçaria da natureza.

Toda respiração agora, se tornou um suspiro compartilhado, o chacal estava tão perto, os dois, davam passos lentos em círculo, dançando essa coreografia macabra.

Estava pouco, essa prudência de aceitar a morte, tirava o sabor da carne, precisava de mais.

O chacal, encurrala o coelho em uma árvore, sua voz sussurra rouca nos ouvidos do amedrontado coelho.

— Por que não tentas fugir, pequeno? A vida ainda pulsa em tuas veias.

O coelho, resignado com a força do chacal, responde melancólico:

— Não há mais escapatória para nós caro chacal, já aceitei o destino em nossas garras.

O chacal, desalinhado com suas expectativas de resposta, se interessa mais pelo coelho mavioso.

— Sobre o que devaneia criatura diminuta? Não sente esse valor quente de sobreviver?

— Não enxerga lupino? Estamos presos aqui, sempre. Somos iguais, tu e eu. – o coelho então murmura perto do caçado. — Não enxerga? Vejo tua dor, refletida na minha própria existência, somos um só. Toda vez que você acha que falhou, nos encontramos aqui, no mesmo lugar.

O chacal, abismado com o despejo de tantas coisas, paralisa. Tudo agora estava claro como um rio, não existia sentido pra aquilo está acontecendo, ou tinha? Os puros instintos animais comandavam isso, será?

— Então, seu corpo também é meu? – o chacal, ainda em catarse, tenta fugir das questões de própria existência e volta para a tentativa de caça.

— E o seu é meu…– o coelho responde, e então, em piscar de olhos, a troca de olhares se torna física.

O chacal, se via no lugar do coelho, vulnerável, submisso ao terror e o ser desejado. Já o coelho, tomava o posto do chacal, soturno, coberto por desejo e impetuoso.

— Agora entende? Toda vez que você para, nós voltamos aqui, nesse mesmo lugar. Você insiste em se machucar. — o chacal diz, ficando mais em cima do coelho. — E agora pequeno, não existe mais amarras, você consegue falhar em várias coisas, mas é perfeito em começar uma caça a si próprio, eu só termino o trabalho.

Agora, sem tempo para lamentações, o chacal toma o corpo do coelho em suas garras e boca, dilacerando cada parte dele e consequentemente, de si próprio.
A caça perfeita aconteceu, nem a presa e nem o caçador pode evitar isso.

1.
relativo à morte, aos funerais; que evoca a morte; fúnebre, macabro.
"l. cortejo"

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𝐓𝐡𝐞 𝐇𝐮𝐧𝐭  - 𝐂𝐨𝐧𝐭𝐨 𝐎𝐧𝐞-𝐒𝐡𝐨𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora