único.

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Jisung suspirou cansado, olhou o relógio preso à parede e notou que se passava das quatro da tarde. Fazia-se mais de duas horas que suas aulas haviam acabado, mas ali estava ele na sala de estudos, quase morrendo de dor de cabeça, estudando para o teste de matemática que seria no dia seguinte. Jisung nunca odiou tanto uma matéria.

Era meio óbvio que ele não gostava muito de números. Sua família era composta por gerações de músicos – seu bisavô, avô e pai – então, naturalmente, ele era mais ligado à arte. Amava a música, tanto cantar como tocar instrumentos, às vezes até dançava um pouco, mas isso não era muito a sua praia. Seu sonho era ingressar na faculdade de música ali da sua região mas, para isso, precisava passar pela famosa fase do ensino médio. Era uma bosta.

A faculdade não aceitava que você apenas fizesse uma audição cantando ou tocando alguma coisa, ela exigia um histórico escolar perfeito; com notas acima da média e nenhuma ocorrência na ficha. Felizmente, Jisung se esforçava muito para isso e sabia que conseguiria no final. Às vezes era impossível não odiar o sistema de processos seletivos.

Já Minho, seu namorado, era um gênio em exatas. Números eram a coisa mais óbvia para ele. Jisung se perguntava como ele conseguia. O mais velho queria cursar ciências da computação, não havia algo que mais combinasse com ele. Apesar disso, Minho era extremamente atlético; amava jogar futebol, vôlei, basquete ou qualquer outro esporte que lhe chamasse a atenção. Ambos tinham hábitos muito distintos, mas combinavam muito.

Estavam juntos desde o primeiro ano do ensino médio e agora já estavam quase terminando o último. Em três anos de relacionamento, nunca tiveram uma discussão maior do que sobre quem lavaria a louça. Todos admiravam a dinâmica leve e muito carinhosa do casal. A cada dia que se passava, os garotos pareciam mais apaixonados.

Jisung retirou o celular do bolso, que ainda estava no modo silencioso, e entrou em sua conversa com Minho.

Amor:
Amorzinho, tô aqui no ginásio ainda
Vou ficar te esperando
Quando terminar, passa aqui pra gente ir embora juntos
Podemos ir em casa e assistir um filminho

Jisung sorriu e mandou uma resposta positiva, não fazia muito tempo que o namorado havia mandado aquelas mensagens.

Passou-se mais alguns minutos e finalmente terminou os exercícios que tinha separado para resolver, treinando ativamente para a prova. Guardou seus materiais e saiu da sala de estudos, que possuía pouco mais de três alunos. Caminhou pelos longos corredores do colégio e desceu alguns andares, chegando ao térreo. O ginásio ficava no prédio ao lado em que estava, então andou apressadamente para lá; já fazia algumas horas que não via Minho e estava particularmente ansioso.

Quando chegou perto da porta, conseguiu ouvir gritos masculinos e o barulho dos tênis arrastando pelo piso escorregadio. Entrou timidamente e viu vários garotos de várias idades jogando vôlei – Minho estava entre eles. Sorriu ao vê-lo e foi se sentar na arquibancada, consideravelmente longe da quadra, pois não gostaria de levar uma bolada sem querer. O namorado não pareceu notar sua presença, provavelmente porque estava muito concentrado, mas isso não era um problema.

Deu uma conferida no celular, respondendo todas as mensagens que lhe foram enviadas enquanto estava estudando. Ao terminar, começou a prestar atenção no namorado que, modéstia a parte, era o melhor de todos. Os garotos dos times variavam do primeiro ao último ano do ensino médio, todos estavam uniformizados e o jogo parecia bem sério; conseguia sentir a competitividade no ar. Jisung gostava muito que o colégio deixava o ginásio livre após as aulas para que os alunos o usassem livremente na prática de esportes.

Minho fazia o papel de bloqueador, ele era um dos maiores e seu pulo acabava sendo incrivelmente alto, nenhuma bola passava por suas mãos. Começou a reparar no caimento do uniforme azul que ele usava, dando contraste aos cabelos negros e brilhantes. Notou o suor molhando sua franja e os braços nus, musculoso pela grande frequência de treinos e exercícios que fazia. Quando menos notou, Jisung já estava entrelaçando as pernas.

Ao perceber o que fazia, sentiu as bochechas ficarem rubras e ouviu a conversa dos garotos se intensificar; pelo visto a partida tinha terminado. Viu Minho ir em sua direção com um sorriso enorme no rosto.

— Você viu a minha mensagem?. — deu um beijinho nos lábios do Han.

— Sim, meu amor. Até te respondi, mas acho que você não teve tempo de olhar o celular. — soltou um risinho. — Já acabou?

— Ainda não, mas sinceramente estou muito cansado pra continuar jogando. Tô aqui desde a hora que as aulas acabaram! — Minho se sentou ao seu lado e tombou a cabeça para trás, buscando por oxigênio.

Sua respiração estava pesada, os olhos fechados e os lábios levemente entreabertos. O pescoço brilhava pelo suor e seu pomo de adão se destacava daquele ângulo. Jisung engoliu em seco e desviou o olhar.

— Eu queria muito te dar um abraço, mas estou todo fedido e suado. — o Lee cortou o silêncio, rindo em seguida. — Vou tomar uma ducha no vestiário e já volto pra irmos pra casa, tudo bem? — olhou o namorado, que anuiu.

— Não precisa ter pressa, amor, você sabe que a minha mãe não liga de eu ficar até tarde na sua casa.

— Eu sei, meu bem. Mas amanhã a gente tem teste de matemática, você não pode ir dormir tarde. Vamos embora aproveitar o tempinho que temos juntos, hm? — sorriu amável e deixou mais um beijinho nos lábios do mais baixo antes de se levantar e tirar a regata que usava. — Pode devolver naquele monte pra mim? — apontou o local e saiu em direção ao vestiário.

Jisung ficou segurando o tecido enquanto olhava as costas malhadas de Minho, que caminhava calmamente para tomar uma ducha. Por Deus, ele estava louco.

A regata pertencia ao colégio, que disponibilizava vários uniformes esportivos para os alunos, mas que deveriam ser devolvidos ao final do uso. Por isso, o Han se levantou de seu lugar e devolveu a camiseta ao monte que se encontrava os demais uniformes. Voltou para pegar sua mochila e também pegou as coisas de Minho, indo esperar sentado no banco que ficava ao lado da porta do vestiário; achava que o moreno fosse demorar um pouco, então ficou se distraindo com vídeos no celular.

Cerca de quinze minutos depois, o Lee apareceu na porta do local em que havia entrado anteriormente, dessa vez ele estava limpo e bem cheiroso. Chamou a atenção do namorado, que sorriu e entregou suas coisas. Sem esquecer nada para trás, deram as mãos e marcharam juntos até a residência dos Lee. A casa de Minho ficava a poucas quadras dali, o que facilitava a caminhada dos jovens cansados.


(...)


Ao chegarem na casa, Minho bateu a porta com o calcanhar enquanto gritava pela mãe, quando não obteve resposta concluiu que ela ainda não tinha chegado do trabalho. Seus pais eram separados, então os dois eram os únicos que dividiam a casa; ao contrário de Jisung, que morava com seus pais e mais dois irmãos mais novos.

O Han seguiu o mais velho até seu quarto e jogaram suas bolsas no chão. O menor logo se estendeu na enorme e confortável cama de casal que ocupava o meio do quarto.

— Vou fazer uma pipoca pra gente. Pode ir escolhendo o filme, meu bem. — deu um beijinho no topo da cabeça de Jisung e saiu do cômodo.

Ele prontamente procurou pelo controle remoto e ligou a televisão que ficava pendurada bem à frente da cama. O quarto de Minho era enorme e repleto de medalhas penduradas nas paredes, sendo elas a maioria de olimpíadas de matemática que participava ao longo dos anos. Logo ao lado da televisão, ficava o setup tão amado do moreno. Às vezes, quando Jisung vinha à sua casa, Minho ficava jogando no computador e ele sentado na cama treinando algum instrumento que queria aprender a jogar; isso era maravilhoso.

Entrou em um dos aplicativos de streaming da tv e ficou procurando algo que agradasse os dois pois, apesar de terem hábitos distintos, seus gostos eram bem parecidos. Encontrou um filme que parecia interessante e o deixou pausado, apenas esperando que Minho voltasse da cozinha com um enorme balde de pipoca e dois copos com coca-cola. Pouco tempo depois, ele realmente voltou com tudo aquilo e mais alguns doces. Ele sabia como agradar o namorado.

Minho se deitou ao seu lado e ajeitou os travesseiros para que ambos ficassem confortáveis. O clima naquele dia estava meio frio e nublado, então se encontrava no tempo perfeito para ficarem juntinhos no quarto. Jisung apertou o play e o filme começou.


(...)

Já estavam na metade da trama. Jisung se encontrava deitado no peitoral de Minho, que subia e descia lentamente pela respiração calma, uma de suas mãos acariciava o abdômen por dentro da camiseta do mais velho; ele não conseguia conter o desejo que o dominava desde aquela hora no ginásio. Minho acariciava seus cabelos, prestando total atenção no filme, já ele não se lembrava nem da última frase que o protagonista dissera, o Lee era o único que ocupava a sua mente.

— O que você tem, meu amor? — seus pensamentos foram cortados pela voz doce do namorado, que continuou fazendo carinho em seus cabelos. Ergueu o olhar para o rosto simétrico e mais lindo que já vira no mundo. — Você está tão quietinho... não é do seu feitio. — riu do próprio comentário e Jisung apenas sorriu desconcertado. Não sabia como confessar o que pensava em voz alta.

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