Antialérgico

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— Mas... você prometeu!

Megumi encarava os olhos cheios de lágrimas de Itadori com uma repulsa imaginável.

Sua respiração estava pesada e seu corpo todo tenso e imóvel, sentia uma raiva crescente em seu peito, algo que não imaginava sentir justo por Itadori, mas era um sentimento que não conseguia controlar, era desesperador.

Itadori com as mãos limpou as lágrimas que caiam contra sua vontade, e bagunçou os cabelos rosados levemente desbotados em uma busca desesperada de achar um apoio ou consolo para si mesmo. Ele olhou no fundo dos olhos tão difíceis de traduzir de Fushiguro, ele se sentia um tolo, nunca havia despejado tanta confiança em uma pessoa quanto tinha no moreno a sua frente.

Megumi, respirou fundo massageando o pescoço olhando em volta do cômodo em que estavam.
As luzes desligadas com apenas uma luz amarelada que Itadori insistiu em colocar nos armários da cozinha deixava o ambiente mais aconchegante, ou mais dramático igual estava agora.

Megumi respirou fundo.

— Itadori, – começou de forma calma – você sabe o porque fiz isso.

— Não! Não sei! – esbranjou começando a andar de um lado para o outro frustrado – achei que estávamos juntos nessa! Você me prometeu que estava tudo certo e agora-

— E agora? E agora não está! Graças a sua pressa e ansiedade! – Megumi se defendeu, ambos elevando cada vez mais seu tom de voz – já parou para pensar que nada disso teria acontecido se-

— Se o que ein? Fala!

— Se você não tivesse vindo para cá ta legal?

Itadori parou e o olhou seriamente, ambos não estavam prontos para o que viria. E nenhum queria que isso acontecesse.

— Megumi, só para e pensa, é isso mesmo que você quer? Por que eu-

— É, é sim isso que eu quero.

Itadori sentiu seu chão desabar. E sabia que o moreno tinha total ciência disso.

Se sentia trocado, totalmente. Seu peito se apertava e o remoía por dentro como se tivessem o amassado como um papel. Não tinha mais lágrimas para derramar apenas um olhar devastado, reuniu forças para fazer a terrível pergunta:

— Com quem?

Megumi o olhou.

— Olha eu-

— Com quem?! – repetiu rispidamente.

Fushiguro massageou as têmporas enquanto respondia:

— Com o Gojo.

Embasbacado, Yuji o olhou buscando palavras para expressar tamanha traição.

— Ele, como- por que ele não me disse nada?

— Eu pedi, justamente para não termos essa conversa! Mas você veio mais cedo.

Yuji o olhou, não havia mais o que dizer. Ele tirou o casaco que estava vestindo colocando sobre a pequena bancada que dividia a cozinha da pequena sala.

Foi até a sapateira tirando seus sapatos sujos de lama por conta da chuva que tinha pegado no caminho a casa. Todos seus movimentos eram observados por Megumi em silêncio.

Sem falarem mais nada, Yuji decidiu dormir no sofá aquela noite.

Um bom tempo se passou, Fushiguro que já havia deitado em sua cama não conseguia dormir, preocupado demais com o rapaz deitado no seu sofá onde não tinha sequer pegado um cobertor para sobreviver a noite fria, em uma óbvia maneira de dizer "você não se importa mais comigo, então por que eu vou?".

Frustrado, o de cabelos pretos levanta levando um cobertor, quando vai na sala tem a visão de Itadori dormindo todo encolhido mas sem dar um pé atrás e levantar para deitar na cama e se aquecer.

Suspirou jogando o cobertor em cima do menino e logo também se enfiou embaixo da coberta deitando ao lado.

Itadori se mexeu um pouco se acomodando, e logo acordou sonolento com os olhos cheios de remelas por conta do choro.
Ele encarou Fushiguro até sua visão embaçada de sono ir embora.

— Oi – disse.

— Oi – respondeu – sabe que eu não fiz isso por mal né? – Megumi disse acariciando o cabelo desbotado.

— É, eu sei.

— Gojo disse que não teria problema em fazer aquilo. Você é muito dramático.

Itadori o olhou começando a ficar emburrado, mas o deixou continuar:

— Até nos mudarmos ele vai ficar com o Gojo sem problemas, você até pode ir o visitar quando quiser – disse sem parar o carinho –  Nosso apartamento é muito pequeno, e você tem alergia a cachorro já imaginou o quanto pelo que ia ficar nessa casa e você passando mal?

Itadori revirou os olhos afastando a mão de Megumi e se sentando no sofá.

— Você me prometeu – disse formando um enorme bico. Pronto para uma nova rodada de briga.

Fushiguro cansado de repetir o mesmo disco, deu um beliscão na cara do outro forte suficiente para deixar roxo. Se levantou putasso indo para o quarto arrastando o cobertor.

Antes de bater a porta do quarto gritou:

— Então morra de rinite por causa do cachorro eu não me importo!

Yuji quase pegou uma hipotermia durante a noite, mas com tamanha insistência logo no dia seguinte trouxe seu tão amado cachorro de volta para casa.

Dois dias depois teve que ir no hospital tomar antialérgico e devolver o cachorro para Gojo sob a ordem de Fushiguro.

Antialérgico | ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora