"Meu nome é Ramiro Neves!"

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– Rams, você viu meu delineador? Eu juro que tinha deixado aqui na penteadeira. – Kelvin e Ramiro estavam quase atrasando, e a maquiagem do menor ainda não estava completa.

– Ocê deixou na varanda, Kevin. – Ramiro disse enquanto colocava seu sapato.

– Obrigado, meu amor. – Kelvin sorriu sem mostrar os dentes, segurando o rosto de Ramiro e lhe deu um selinho. Deixando o maior todo bobo, esquecendo o que estava fazendo, que quase caiu se desequilibrando.

Ramiro e Kelvin estavam namorando a meses, e ainda era como se fosse a primeira vez, cada beijo, cada apertãozinho os fazia sentir borboletas na barriga, e sempre os fazia sorrir como bobos, adolescentes apaixonados.

– Prontinho, acabei... – Kelvin disse após passar o delineador e guardá-lo. – Vamos, meu namorado? – Disse como na primeira vez que foram em um casamento como namorados, enquanto erguia a mão para seu namorado, segurá-la.

– Assim ocê me deixa tímido, Kevin... – Ramiro sorriu envergonhado abrindo a porta.

– Ainda não se acostumou, Rams? – Kelvin riu do tom avermelhado que a pele de Ramiro tomou, e foi o arrastando pra fora.

Chegando ao casamento, estavam todos da cidade que os conheciam, mas preferiram obviamente sentar perto dos amigos do bar. Que convenhamos, embora alguns não gostassem da ideia, adotaram Ramiro como amigo.

O falatório não cessava, as vezes era difícil conversar pelo alto volume de vozes, até que a música começou.

– Shhh! É a noiva! – Luana disse ao povo, um tom um pouco mais alto, mesmo que não chegasse a gritar.

Ramiro olhou relativamente pra baixo, procurando os olhos de seu Kevin, assim que percebeu que o mesmo já o olhava, curvou os lábios no sorriso mais lindo que Kelvin já viu.

Algumas vezes eles não precisavam botar em palavras o que sentiam, bastava um olhar para eles se comunicarem. E foi assim que conversaram por alguns segundos.

Kelvin apoiou o queixo no ombro de Ramiro, com seus lábios quase se tocando. Eles já sabiam o que queriam falar. Logo seriam eles ali, no altar... De terno, vestido, que seja, só queriam oficializar. De repente Ramiro mudou a expressão... Como se algo o angustiasse.

E Kelvin sussurrou, preocupado. – Tudo bem, meu amor? – E viu Ramiro negar com a cabeça. – O que houve? Quer sair pra tomar um ar.

– Eu tô... Eu... – Sua respiração estava pesada, como se estivesse começando a passar mal. Quando Kelvin ia levantar pra ajudá-lo, Ramiro levantou mais rápido. Sua expressão mudou novamente, como se forçasse confiança.

– Rams, o que tá acontecendo? Fala comigo! – Mesmo preocupado, Kelvin tentava falar baixo, por mais que não funcionasse, já que agora estavam ambos em pé, com pelo menos metade dos convidados olhando com curiosidade para eles.

Até Aline olhou. Ramiro arregalou os olhos, como se notasse algo que ninguém notasse atrás de Aline. O mesmo correu empurrando a noiva de lado indo em direção ao seu pior pesadelo...

Antônio La Selva.

Assim que todos perceberam do que se tratava, o delegado que estava à paisana, teve de ligar pra polícia, Antônio estava armado. Prestes a terminar de apontar a arma pra Aline, até que Ramiro pulou em cima dele, jogando a arma longe.

– Ocê não vai fazer mais maldade nenhuma! – Ramiro disse firme, enquanto segurava Antônio, em alguns segundos estava lhe dando um mata leão.

– Ah, Ramiro, logo você? – Antônio riu debochando. – Me solta, rapaz. Tô mandando!

– Ocê não manda mais em mim! – Ao mesmo tempo que parecia firme, sua voz era um pouco trêmula... Nunca tivera coragem pra enfrentar seu temido ex-patrão.

– Ramiro, não solta ele... A polícia tá a caminho. – Marino, o delegado, afirmou concordando com a cabeça.

– Tá começando a me deixar sem ar, rapaz! Me solta, seu... Seu imprestável! – Antônio usava os insultos como forma de defesa.

– É só ocê fechar a boca! – Ramiro disse com um certo tom de raiva na voz, mas acabou cedendo um pouco, afrouxando pra ter certeza de que não estava prestes a matar o homem.

– Ih... Não é que afrouxou mesmo? – Antônio riu novamente, debochando de Ramiro. – Seu asno, ainda tá sensível?! – Olhou pra Kelvin que o olhava quase a ponto de atacá-lo também, ninguém mexia ou falava assim com seu Ramiro. – Ah não, virou frozô de vez é Ramiro? – Disse após notar o anel de compromisso no dedo do rapaz e de seu ex-capanga, que por sinal estava bem perto.

– Cala a boca! – Ramiro disse sentindo seus olhos ardendo e a voz mais trêmula do que antes, aquela situação o fazia querer chorar.

– Own, vai chorar Ramiro? – Riu novamente. – Pode ficar tranquilo Ramiro, o primeiro que eu vou matar depois de me livrar de você vai ser ele, menos um no mundo, quem liga? – E dessa vez sua risada foi tão maligna que poderia facilmente ser comparada com uma risada de vilão de desenho.

O sangue de Ramiro ferveu, nunca seria capaz de machucar Antônio de verdade... Mas falar de Kelvin? Era passar do limite, passar bruscamente do limite.

O braço direito, no qual estava em volta do pescoço do velho brox... Digo, do idoso, imediatamente se fechou, apertando tanto que Antônio começou a ficar vermelho, sem ar.

– Ocê não toque no nome do meu Kevin! – Ramiro disse num tom alto, com ódio na voz e nos olhos, ao olhar em volta, Ramiro percebeu que estava pondo medo nas pessoas... Ele não queria isso, mas não tinha como se controlar. – Meu nome é Ramiro Neves! E você não põe mais medo em mim!

Antônio estava ficando roxo, se não fosse a polícia por chegar nos últimos momentos, Ramiro teria matado seu ex-patrão e agora com todas as letras: Inimigo mortal.

Ramiro soltou o velho e foi até onde estava sentado com Kelvin respirando fundo, ajeitando seu terno.

Seu Kevin? Pra todo mundo ouvir? Muito bem. – O mais baixo disse orgulhoso. – Aquele assassino amarrotou seu terno foi, meu amor? – Kelvin disse fazendo biquinho e beijando seu amado na frente de todo mundo, um beijo digno de oscar. – Babaca. – Kelvin disse vendo Antônio indo embora na caçamba do camburão. E logo depois arrumou a gravata de Ramiro. – Tô orgulhoso.

– Tá? – Ramiro sorriu bobo com as mãos em volta da cintura de Kelvin. Até Aline chegar perto dos dois pra agradecer.

– Tô... – Aline agradeceu, e deu dois tapinhas no ombro de Ramiro, – não ousaria desgrudar os dois para abraçar Ramiro, talvez em outro momento. – e foi embora. – Tá até merecendo uma recompensa... – sorriu o abraçando.







Fim!



Se vocês quiserem eu faço o Ramiro ganhando a recompensa, mas enquanto isso vai ser só isso aí mesmo. (Fiz de última hora, então relevem se tiver erros de português)

O casamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora