O casamento

"Visita..."

Claro que não pelos mesmos motivos que na nossa querida inspiração, Ramiro foi preso. Desta vez por seus crimes anteriores, então sairia mais rapidamente... Mas isso seria o suficiente pra ele? Para nosso querido casal? Hum, acho que vamos descobrir.

– Marino, achei que com tudo o que Ramiro falou, ele... Ele se controlou muito ontem pra não matar aquele desgraçado. – Kelvin disse quase soluçando de tanto chorar, mesmo sabendo que seriam poucos meses... Kelvin sentiu com se fosse pra Nova Iorque de novo, longe de seu Rams, por longos e tristes meses.

– Por mais que ele tenha sido mais uma vítima do Antônio, não posso permitir que ele saia ileso, Kelvin. Sinto muito, mas ele fez muitas atrocidades por conta do Antônio ou da Irene, pelos La Selva em geral. – Ele deu de ombros como se não se importasse. – Olha, você pode visitá-lo, sem problemas... Não vai ser tão ruim por 5 meses, vai? – O olhar de Marino tinha um tom frio, em parte estava feliz por finalmente prender Ramiro. O capanga principal e mais mortal do Antônio La Selva.

– Você tá gostando disso? Né? Tá adorando... Isso é ridículo, ele... Ele ajudou a Aline, não pode simplesmente deixar ele apodrecer.

– Eu já disse, ele não vai, Kelvin. Vai ser tratado como qualquer outro preso, se está esperando tratamento vip, realmente... Nisso não posso ajudar. Enfim, o horário de visitação começa em 2 minutos, receio que não pretenda perder um minuto se quer ao lado dele, quer? – Ele ergueu as sobrancelhas, querendo se livrar de uma vez do baixinho que no momento, o causava estresse.

– Claro que não, mas não peça nunca mais nenhum favor pra ele quando ele sair, tá? – Arrumou sua pequena mochila cor de rosa salmão, o olhando com desdém. – Até porque quando precisarem, vamos estar bem longe dessa cidade. Me ouviu?! – E então batendo a porta com força, Kelvin estava se encaminhando pro novo lar – Temporário – de Ramiro, uma ala não tão diferente das outras, exceto pela repulsa nos olhos dos presos, como se algo horrendo acabasse de chegar.

Por um momento, Kelvin, decepcionado, achou que fosse com ele, mesmo que aquilo fosse um bando de gente que cometera crimes, Kelvin esperava algo melhor. Mas deu de ombros e continuou andando, até que percebeu que não se tratava dele, ousou olhar pra trás... E agora seus olhos podiam entrar em combustão a qualquer momento, com o tanto de ódio que o consumia. Entrando – acompanhado de carcereiros – na ala ao lado da de Ramiro, estava ele... Antônio La Selva. Era uma perseguição?!

Mas estava atrasado, então ignorou aquele ser repugnante e adentrou o lugar que jamais imaginou que estaria, por mais que não fosse flor que se cheire a algum tempo atrás, nunca se imaginara em um lugar desse. A prisão.

E finalmente os olhos de Kelvin se iluminaram ao ver Ramiro pela primeira vez, mas também uma preocupação o invadiu ao ver o estado de seu amado. Estava ali a apenas 2 dias, mas suas roupas eram trapos sujos, e seu cabelo era facilmente confundido com um ninho de passarinho.
– Kevinho! – Ele disse em alívio, como se soltassem um nó imenso de sua garganta.

O carcereiro que até então seguia Kelvin em silêncio disse: – Bem, eu ia anunciar que você tem visita, mas aparentemente ele já estragou tudo, bem... Venham, conversar em particular, parecem ter um bom papo pra botar em dia. – E então o guarda os levou pra uma sala, com uma placa escrita: Área restrita apenas para encontros íntimos.

O olharam com tanta surpresa, e pra uma surpresa maior ainda o guarda piscou pra ambos. – Vão em frente, suponho que pelo olhar bobo, apaixonado, mas preocupado do grandão aí, são namorados... Acertei?

– Hã, sim... Obrigado. – Kelvin ainda estava atônito, quando o carcereiro fez um sinal para entrar.

– Entrem, sou ex-preso, gay... Sei como funciona, nossos amigos de cela nunca nos aprovam, sejam felizes. – Ele deu de ombros, com um sorriso meio torto, talvez orgulhoso e fechou a porta... Como um passe livre.