Capítulo 5 saindo fresquinho para vocês! Estou amando escrever a história da Virgínia e do Ítalo! Está tão realista, como se eu estivesse contando a história de um vizinho ou de um parente 😊❤🥰
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Virgínia
- Quando eu sair do banheiro, nós teremos uma conversa. Mas será sobre esse folheto informativo.
Ítalo deposita o folheto sobre a mesinha de cabeceira, recolhe do chão suas roupas e entra no banheiro da minha suíte.
Pulo da cama, tentando, inutilmente, diminuir meus batimentos cardíacos. Abro meu guarda-roupa e pego a primeira camiseta que encontro. Em seguida, escolho uma calcinha limpa. Estou tremendo de tal forma que demoro alguns instantes para estar totalmente vestida.
Caramba, Virgínia, seu melhor amigo descobriu da pior forma possível seu segredo! E agora... E AGORA?
Meus pensamentos rodopiam; minha cabeça gira, levando o quarto junto. Minhas mãos estão geladas. E eu não sei se corro para fora da suíte ou invado o banheiro, pedindo perdão pra Ítalo por esconder algo tão importante dele. Por três anos!
Por que estou me sentindo desesperada desse jeito? Francamente! É a minha vida, são minhas escolhas e Ítalo é apenas... a pessoa mais importante do meu mundo. Ele sempre esteve ao meu lado em todas as barras que enfrentei - nos inúmeros episódios de bullying que sofri na escola; no vexame que passei quando uma das amantes do meu pai foi até minha casa e fez um escândalo para os vizinhos ouvirem (por sorte, minha mãe não estava em casa); durante os anos de depressão da minha mãe e em sua tentativa de suicídio; ajudando-me a enfrentar o machismo e o autoritarismo do meu pai; defendendo-me dos abusos dos meus irmãos, que acreditam até hoje que tenho obrigação de sustentar a família inteira porque, nas palavras deles, eu estou "montada na grana".
- Vou direto ao ponto: você está grávida? - Ítalo sai do banheiro abotoando a camisa, intimando-me, sem me dar espaço para fugir da conversa. Não há dúvida de que eu preferia mil vezes saber os detalhes da revelação bombástica que fez sobre só ter tido quatro parceiras sexuais - contando comigo - a justificar o injustificável.
- Lógico que não! Você acha que eu esconderia isso de você? Se estivesse grávida, você seria... o pai do bebê.
Uma bola se forma no meu estômago e sinto enjoo. Poderia pensar em má-digestão... se eu não tivesse ingerido somente duas garfadas daquele peixe cheio de frescura. Esse mal-estar tem outra origem: é uma reação ao pensamento de ter um filho do homem que é o oposto de um desconhecido - o homem que conheço como a mim mesma.
- Ok. O que significa esse folheto, então? - Ele apanha o papel e o balança, do outro lado da cama.
Cruzo os braços e permaneço onde estou. Isso está ficando ridículo. Eu estou bancando a covarde ridícula! A merda já foi feita, escondi o primeiro segredo dele, não tem como voltar atrás. Agora é encarar as consequências e... torcer para não perder meu grande amigo.
- Eu decidi que vou ser mãe solo. E a única maneira de fazer isso, sem envolver um parceiro do sexo masculino, é através da reprodução assistida. Vou recorrer a um banco de sêmen, passarei por uma indução de ovulação, meu óvulo será fecundado por um dos espermatozoides do doador anônimo e o embrião será implantado no meu útero.
Ítalo meneia a cabeça, passa a língua pelos lábios, recoloca o folheto na mesinha, metendo as mãos nos bolsos, sem olhar para mim.
- Quando você tomou essa decisão?
Que droga! Ele tem que me conhecer tão bem assim? É claro que sabe que essa não foi uma decisão que tomei da noite para o dia. Sou uma pessoa ponderada, que não age movida por impulso, porque amadureci muito cedo - tive que amadurecer antes da hora para proteger minha mãe dos abusos psicológicos exercidos pelo marido e pelos meus irmãos.
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Uma vida ao seu lado [DEGUSTAÇÃO]
RomanceVirgínia e Ítalo mantêm uma amizade sólida há vinte anos - desde que estudaram juntos na adolescência. Eles sabem, contudo, que essa relação só funciona tão bem porque, além de possuírem traumas familiares semelhantes, fizeram um acordo que juraram...