•capitilo 1•

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"A confiança é uma mulher ingrata"

Meu pai dizia que o conhecimento era a única coisa que ninguém podia tirar de nós.

Quando ele disse tais palavras, concordei com com meu pai, pois sempre o achei muito sábio. O coroa sempre acreditava no certo pelo certo, mesmo que nunca tivesse concluído os estudos ou feito algum ensino superior, suas vivências e palavras sempre eram ouvidas por vários, principalmente por mim.

Se meu pai estivesse aqui, diria a ele que estava errado com aquele discurso. A verdade era que a única coisa que eu tinha, eles me tiraram sem nenhuma explicação e essa coisa era ele. Era meu pai.

É, velho, pela primeira vez, você estava errado.

Rondei com minha moto no condomínio fechado naquela noite, fazendo aquele trampo de merda que era entregar pizza para aquela gente mimada do caralho, mas não tinha muita escolha, era a minha única fonte de renda, a única renda que sustentava a minha mãe e minha tia.

Depois que perdemos meu pai, que foi covardemente assassinado por aqueles filhos da puta que deveriam nos proteger ao invés de nos matar todos os dias, a minha mãe nunca mais foi a mesma.

Ela paralisou, o choque foi tão grande que minha mãe mofava na cama ou na cadeira de rodas. Os médicos diziam que ela poderia voltar a qualquer momento, porém já se passaram mais de dez anos que ela estava daquele jeito e minha mãe ainda não havia voltado.

Por isso, mais do que nunca, queria caçar aquele policial e acabar com sua vida, destruir sua família assim como ele destruiu a minha.

E já havia chegado perto o suficiente, agora era questão de tempo para colocar em prática a minha vingança.

[...]

O porteiro do condomínio me deixou entrar depois de me olhar da cabeça aos pés e exibir uma careta para o que via.

Aquela gente hipócrita achava que pessoas tatuadas e com diversos piercings pela cara eram algum tipo de marginal. A minha roupa larga com minha camiseta de um time qualquer — não gostava de futebol — reforçava o estereótipo visto por aquela gente. Se ele descobrisse onde eu morava, com certeza cairia para trás, o que era irônico tendo em vista que os maiores criminosos do país moravam naquele condomínio fechado.

Cerca de dez minutos depois, parei com minha moto em frente a uma casa grande. Ao lado havia barulho de festa e diversas pessoas espalhadas pela grama. A cliente que havia feito o pedido veio correndo em minha direção com um sorriso no rosto, logo tomou a pizza para si e me agradeceu, mordendo o lábio inferior.

Essa mesma pessoa sempre pedia a pizza no estabelecimento que pegava entregas e sempre pedia para que eu entregasse.

Ela flertava comigo na cara dura.

— Sabe... não quer entrar? — ela perguntou enquanto enrolava seu cabelo loiro na mão que não segurava nada. — Estou sozinha, meus pais estão na Europa.

Queria revirar os olhos diante daquela última frase e queria mandar ela ralar, mas sabia que a mulher parada em minha frente seria útil para alguma coisa e me ajudaria a chegar no meu objetivo mais rápido.

— Gatinha, você tem certeza?

Ela soltou uma risadinha tão artificial quanto ela mesma.

— Sim — ela se aproximou —, vem comer pizza comigo e quem sabe comer outra coisa também.

Agora quem precisou dar risada foi eu. Consegui sentir seu perfume doce e enjoativo, mas fingi adorar aquele cheiro.

— Eu entro, mas...

— Sempre tem um mas! — A mulher formou um bico nos lábios. — Sabe quantos caras gostaria de dormir comigo? Você é muito difícil.

Me aproximei dela e beijei seus lábios, pegando-a de surpresa.

— Eu entro na sua casa, como a pizza e como outra coisa também — mordi sua orelha a fazendo rir —, mas eu gostaria de ir naquela festa ali, você foi convidada, hm?

— Você está falando sério? Eu pensei em te chamar, mas achei que tava indo rápido demais.

— Me chamar pra comer você na sua casa não é rápido demais?

Ela me deu um tapinha em meus ombros e riu com minha fala.

Em seguida, a segui para dentro da casa, comi a pizza junto com ela e fingi gostar de estar na cama com ela. Não precisei me esforçar para fazê-la sentir prazer, aquele tipo de gente se contentava com pouco.

Quando terminamos — tudo foi muito rápido, porém a menina pareceu ter gostado —, tomamos um banho e em seguida fomos até a festa ao lado de sua casa. Não entendia por qual motivo rolava aquela festa, só sabia que ali morava o policial Jeon.

Ao adentrar naquela mansão, vi muita gente usando cocaína e outros tipos de drogas, das pesadas. Nada de novo, até porque aquela gente hipócrita do caralho sempre usava aquelas coisas, mas a culpa sempre caia no rabo do favelado. A mídia vendida sempre colocava o meu povo como errado na história.

A menina foi em direção a um bando de mulheres semelhante a ela, brancas e loiras. Quando chegou na rodinha, falou sobre mim porque em seguida suas colegas deram risadinhas e acenaram, todas estavam com olhos arregalados provavelmente louconas ao usarem alguma substância. Não deu outra, puxaram a mulher que me acompanhava para cheirar também.

Passei meu olhar por aquela gente que se divertia, ou melhor, fingiam se divertir. Jurava que nada ali era tão legal quanto um bailão na minha quebrada. Querendo aproveitar um pouco para beber de graça, fui até uns coolers e preparei uma bebida. Ao finalizar, encostei em uma parede livre e fiquei procurando a pessoa que me interessava.

O Jeon, o policial maldito que matou meu pai.

Passei a minha adolescência inteira pesquisando sobre a vida do policial Jeon, que matou meu pai. Quando isso aconteceu, ele foi afastado do cargo, mas cinco anos depois voltou à ativa novamente como se nada tivesse acontecido.

Raça maldita.

Depois de muita pesquisa, descobri que ele tinha um filho, era viúvo e namorava com várias mulheres muito mais novas do que ele. Típico.

No entanto, não o encontrei em lugar nenhum e acabei deduzindo que ele não estaria naquele lugar — mesmo a casa sendo sua —, principalmente em uma festa que a maioria eram jovens.

Aquela festa era do seu filho.

Bem, não estava nos meus planos conhecer o filho do policial Jeon, mas seria interessante me aproximar do menino e consequentemente ficar amigo dele. Pensou se ele passasse a me trazer para dentro de sua casa? Ficar perto do seu pai seria moleza.

Quando passei meu olhar mais uma vez para as pessoas daquela festa, encontrei um rapaz segurando uma bebida na mão enquanto me encarava. Ele tinha tatuagens em um dos seus braços e vestia uma blusa preta de manga curta, que evidenciava os seus músculos grandes. Vestia uma calça jeans larga e um coturno que deduzia valer mais que o aluguel da minha casa. Meus olhos subiram por todo o seu corpo e chegaram em seu rosto. Soube ali que era ele.

Jungkook, o filho do policial maldito.

[...]

Criar esse personagem de fato tem sido um grande desafio, eu não costumo escrever personagens tão vingativo assim, essa é a minha primeira vez!

O que vocês acharam?

Comentem bastante, tá? E mais uma vez obrigada por tanto. Até o próximo capítulo ♥️

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⏰ Última atualização: Jan 19 ⏰

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