- já estou indo, mãe. - gritei de volta pela terceira vez para a mulher insistente que é a minha mãe.
estou terminando de me arrumar pra uma confraternização de trabalho dos meus pais. Não sou do tipo que prestigia muito esses tipos de coisa, mas são meus pais, nao posso deixar de estar presente.
retoco mais uma vez a última mecha do meu cabelo com o babyliss, pra ter certeza que essas ondas durariam pelo menos até a metade da festa. Não é fácil ter o cabelo completamente escorrido, que nao para nem uma piranha direito.
pego minha bolsa e desço, antes que minha mãe aparecesse na porta do meu quarto, irritada me esperando pra podermos ir.
— mds maya, cada dia mais enrolada. - disse enquanto entrávamos no carro, de encontro com o meu pai.
— cada dia mais parecida com a mãe. - disse ironicamente após tocar no seu relógio, dando a entender que eu não era a única atrasada ali.
dei uma risadinha do deboche que minha mãe fez do meu pai. Encostei no banco e cliquei na minha tela inicial, vendo uma notificação não visualizada.
• 📲 - oi linda, vamos matar a saudade?
meu ex. Nós decidimos, depois de muitos erros já cometidos no nosso relacionamento, partindo das duas partes, ficar sem compromisso. Mas já ta cansando, nao aguento mais ter que olhar pra cara de sonso desse menino toda vez que nós pegamos, e dps ele aparece com qualquer uma como se nada tivesse acontecido. Não que eu ainda sinta alguma coisa por ele, muito pelo contrário, só esperava um mínimo de consideração.
— maya querida, esqueci de tocar no assunto antes de sairmos de casa, mas nessa confraternização o filho do Sr. Smith estará presente, é importante que saiba, já que seria um ótimo partido para você. - insiste meu pai.
— já disse pai, nao quero nenhum partido. - repeti
— nao custa tentar, pelo menos tenta trocar umas palavras com ele, e depois me diga o que achou - disse entusiasmado
bufei silenciosamente e voltei a mexer no celular até que chegássemos no lugar.
[...]
depois de umas meia hora, chegamos.
Meus pais desceram, cruzando os braços como um lindo casal, e eu atrás.— boa noite Sr e Sra Miller - um homem completamente bem vestido que estava parado a frente da porta de entrada cumprimentou meus pais - senhorita - se referiu a mim.
dei um sorriso meigo, o cumprimentando de volta.
— filha, fique com a gente pelo menos até encontrarmos os patrocinadores do seu pai. - disse minha mãe
andamos por alguns metros, até entrarmos em uma sala com vários homens de terno e gravata, alguns mais "descolados" usando apenas uma camiseta social, e outros nem tanto formais quanto a festa era. Logo já vi uma dos mais descolados vindo em direção ao meu pai, com um sorriso enorme, parecendo que tinha acabado de ver uma barca de sushi em sua frente. Bom, pelo menos eu reagiria assim.
— Benício - o abraçou.
— Sulivan, meu grande amigo - disse meu pai.
— como você está elegante, altamente em forma. Sua esposa? - beijou a mão da minha mãe.
— sim! E minha filha primogênita. - me apresentou, e logo
vi aquele homem que parecia que a qualquer momento cuspiria um arco íris, vindo em minha direção com os braços abertoso abracei e fingi naturalidade, quando na verdade eu gostaria muito de dizer o quanto ele exagerou no perfume. Pude sentir cada centímetro do aroma passar pelas minhas narinas.
— um grande prazer conhece-lá, meu pai diz muito sobre você.
— é mesmo? - sorri olhando pro meu pai - espero que só coisas boas, não é mesmo papai.
— claro, querida. Não tenho do que reclamar - disse mais pro homem, do que pra mim.
continuamos cumprimentando cada alma viva daquele lugar, até que finalmente fui liberada pra sair da bota dos meus pais. De verdade, me irrita tanta empatia. Por mais que eu saiba que grande parte dos sorrisos desse lugar, são ganância pura.
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força do universo
Romancenada é por acaso né? Ainda mais quando se trata de duas pessoas opostas, sempre como pedra no caminho uma da outra...