Compra básica

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   Apesar de ser um mercado grande, o local se encontrava parcialmente vazio, afinal, não passavam das nove da manhã de um sábado, eram poucos os que se aventuravam nas compras nesse horário.

   Mesmo assim, lá estava Batista, como sempre, preferia vir nesse momento, justamente pela falta de movimento.

   Não era uma compra grande, apenas pão, sucos, bolachas, e alguma bebida pro encontro que teria com seu time de vôlei durante a noite.

   Era uma reunião que realizavam durante uma vez no mês, ainda mais agora que haviam conseguido entrar em um campeonato regional.

   Após pegar as bolachas, riscou com uma caneta sua própria lista de compras e seguiu rumo até a padaria no final dos corredores.

   Não se importou em apressar o passo, aproveitando a música que tocava nos alto faltantes e cumprimentando uma mulher que passava pano na frente de algumas prateleiras.

   Quando chegou na área da padaria, viu que alguém já estava na fila, provavelmente esperando seu pedido.

   Chegando mais perto, se surpreendeu por alguns segundos com a aparência do outro homem. Aproximadamente 1,70 de altura, com um estilo meio estranho no seu ponto de vista. Emo? Gótico? Punk? Batista não soube dizer, mas era diferente do que estava acostumado a ver no dia a dia.

   O homem era pálido, tinha cabelos vermelhos vibrantes e mechas pretas,  usava diversos piercings nas orelhas, e também haviam alguns em seu rosto, na boca, nariz e sobrancelha. Alguma tatuagem subia pelo seu braço direito mas era coberta pela manga da enorme jaqueta preta em seu cotovelo. Jaqueta essa que, talvez por ser muito grande, o fazia parecer menor, a gola da mesma quase cobria sua boca.

   Olhando para baixo, observou uma bermuda com correntes caindo da cintura e ainda mais embaixo viu coturnos pretos com grandes plataforma. Mesmo assim, o outro parecia baixo, talvez fosse culpa da altura de Batista.

   Em resumo de tudo, era como se o outro tivesse uma aparência obscura e até demoníaca. Batista se repreendeu pelo pensamento, visto que fora ensinado a respeitar a todos, mesmo com todas as diferenças.

    Mesmo assim, não conseguia tirar a palavra de sua cabeça, quanto mais olhava, mais escutava a palavra "Demônio" sendo sussurrada ao seu ouvido.

   - Vai olhar até quando, caralho? - Rapidamente voltou os olhos para cima após ouvir a voz do outro.

   Foi nesse momento que reparou os olhos vermelhos do outro, semelhantes à um rubi recém polido, era um olhar sério, da mesma forma que quase parecia o desprezar.

   - N-nada não, desculpe - Se virou prontamente para frente, percebendo que o outro poderia ter entendido errado. Dessa vez porém, foi o outro que lhe observou de cima abaixo, para sua sorte não durou muito, visto que a funcionária havia voltado dos fundos.

   - Aqui senhor, mais alguma coisa? - A mulher colocou na balança para poder pegar o valor no que parecia ser algum tipo de salgado.

   - Só isso, valeu - O menor se aproximou da vitrine, pegou a sacola, colocou no carrinho que estava próximo, e se foi sem nem mesmo olhar para trás.

   - Senhor? - A mulher precisou o chamar, visto que o mesmo ainda olhava para o outro se afastando, fixado algo que nem fazia ideia do que poderia ser.

   - Ah, desculpe, vou querer oito pães, por favor - Se aproximou da vitrine, tentando esquecer os olhos vermelhos que havia visto.

   Conforme pegou os pães, acabou esquecendo do ocorrido, indo direto para a área dos sucos, optando por duas caixas, uma de laranja e outra de abacaxi.

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