Capitulo 1

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Desvio o olhar para qualquer lugar que não fosse os olhos dele me fuzilando.

— E você continua achando isso certo? - seu tom de voz em sermão me dava um certo enjôo, uma sensação estranha no estômago.
Seus dedos batucavam incessantemente na mesa, aquilo estava me dando uma angústia do caralho. — Pela milionésima vez, Kim Taehyung você está me tirando do sério.

— Eu nunca disse que isso é certo. - dou de ombros por um segundo, mas me arrependo.
Não dar a mínima para o que ele falava era a mesma coisa de insultá-lo com xingamentos do mais baixo calão.

— Não se faça de idiota, pare de fingir que não se importa! - e quem é você para falar o que EU deveria fazer?

— também nunca disse que não me importo... - falo baixo.

— Taehyung, não murmure, olhe para mim!

Meus olhos sobem lentamente até a base de seu pescoço, e, sinceramente, encarar o rosto dele só ia me fazer embrulhar o estômago ainda mais.
Ele está usando um terno, e parece caro, não que eu me importe, e parece que ele vai sair novamente por mais um tempo.

Sua maleta posta sobre a mesa evidência isso.

— Você parece nunca prestar atenção no que eu te digo, quantas mais vezes eu vou ter que te tirar da detenção e da delegacia pelas suas más ações? - você nunca precisou, foram poucas vezes, quem me tirou mesmo foi Mia.

Mia era nossa empregada, uma doce, amigável e compreensivel mulher, era como uma mãe para mim.

— Seu comportamento tem sido inadmissível esses últimos meses, já tive que cancelar ao menos três compromissos para vir resolver a bagunça que você faz, você não é mais uma criança Taehyung! - ele envolta brevemente a mesa para se aproximar de mim — Comece a agir como um homem de verdade, pare de agir como um pirralho sem educação. - só cale a boca pelo amor. — Eu sinceramente não sei como você ainda não foi preso.

— Eu melhorei muito desde a última vez. - abaixo meu olhar, respondendo com certa sinceridade, mas com nenhuma certeza

— Não, nem um pouco.

Estou encarando meus pés que balançam incansavelmente, ouço seu longo suspiro, eu sei que, mesmo sem ver, ele está com os olhos bem fechados, uma expressão nada agradável e com as mãos apoiadas sobre a mesa.

— Mesmo depois de tanto tempo, eu não vi melhora alguma da sua parte.

Com isto eu me levanto, meio apressado, e eu não sou de chorar, e não, eu definitivamente não ia chorar, mas aquilo estava doendo. Ouvir isso do próprio pai doía muito.

Eu só queria sair dali.

Meu pai não era presente, ele aparecia de vez em quando, mas se me perguntassem se eu lembro dele fazer parte da minha infância, estar nos meus momentos de aprendizado e de crescimento e eu dissesse que sim, estaria mentindo.

Era melhor assim, ele lá e eu aqui.

É assim que deveria ser.

Me surpreendia ele não estar prestando atenção nas próprias palavras. Como ele podia ver minha melhora se ele nem estava aqui para ver?

Tento passar por ele mas ele rapidamente segura meu pulso, não bruscamente, mas seriamente, ríspido. A tensão continuou no ar mas ele se permaneceu em silêncio.

Eu sabia, sabia muito bem que eu estava errado.

Mas ele também estava.

— Criei você para me orgulhar, não para me dar desgosto.

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