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Catarina Laporte

Por diversas vezes o amor foi descrito como borboletas voando dentro do estomago, mas nunca te contam a outra parte, o lado menos bonito. Admito que eu também senti as borboletas, as mãos suando, o coração prestes a sair pela boca, só não me contaram que sentiria como se meus pulmões fossem preenchidos por água a ponto de ser difícil de respirar. E por Deus, como foi difícil de respirar.

Eu era apenas uma garota de dezoito anos quando o conheci, perdi o folego, não de um jeito ruim, mas eu já deveria saber que aquilo era um presságio do ar que faltaria em meus pulmões alguns anos mais tarde. Ele era o mais novo piloto da fórmula 1, a promessa mais aguardada do time italiano, e eu havia acabado de terminar o colegial pronta para entrar na faculdade, filha de pais apaixonados por corridas e que também aprendeu a apreciar o esporte. Eu amava assistir as corridas, eu amava assistir ele.

No dia 13/05/2018, no Circuito de Catalunha, meu coração bateu pela primeira vez por ele quando nossos olhares se encontraram pela primeira vez. Meus pais, amantes da fórmula 1, não quebravam nunca a tradição de assistir de pertinho todos os grandes prêmios sediados em casa, e nesse dia não foi diferente, ainda mais que papai era um amigo de longa data de Frederic Vasseur, chefe de equipe da Sauber naquele ano, e estava ansioso para assistir da garagem a nova joia da temporada, Charles Leclerc. Meu pai gostou dele logo de cara, mamãe então nem se fala. Mas isso não foi uma surpresa, ele sempre teve o poder de fazer as pessoas se aproximarem e desejarem ficar. Eu desejei, e foi aí que nossa história começou.

As coisas foram acontecendo rápido, um follow no instagram, uma troca de números, mensagens todos os dias que se transformaram em horas de ligação durante o dia, entre seus treinos e minha faculdade, a gente sempre dava um jeito, éramos muito bons juntos, e isso machuca. Talvez se a gente não tivesse combinado tanto, se não fosse tão viciante, teria sido mais fácil, eu acho, ou não, já que estive errada tantas e tantas outras vezes.

Eu me apaixonei completamente, mas isso não foi culpa dele, não me isento de nada, eu quis, eu procurei, eu desejei. Seus olhos eram meu exílio, quando o mundo lá fora estava desabando era aqueles olhos que me refugiavam e me aceitavam, seu abraço era minha casa, seu sorriso o meu conforto, e o seu cheiro a minha perdição. Ele era como a porcaria de uma droga viciante, mas diferente da nicotina que poderia me matar, ele me fazia viver. Estar ao seu lado era a melhor sensação. Me sentia única, importante e extremamente feliz. Nunca pensei que amaria alguém ao ponto desse amor doer, eu o olhava e desejava que fossemos eternos, porque eu sempre soube que meu amor por ele seria eterno.

Em pouco tempo eu estava viajando para poder assistir suas corridas de perto, eram horas intermináveis de avião, e de repente tudo que eu queria era estar com ele. A faculdade? Foi ficando cada vez mais difícil de acompanhar. Meus amigos? Eram os dele. E os finais de semana não eram mais suficientes, foi quando decidi me mudar para Mônaco, largando tudo para trás. Mas isso não importava na época, eu estava com o amor da minha vida.

Amor da minha vida.

Eu não estava errada sobre isso, porque ele de fato é o amor da minha vida. E sempre será.

Bom, não me alegro de ter aberto mão da minha vida de antes, e também não o culpo, ele não me pediu isso, mas mesmo assim eu fiz. Temos a errada mania quando jovens de pensar que o amor é tudo, que ele basta. Mas aqui vai uma verdade:

O amor não é tudo. Só o amor não basta.

E essa é a história de como eu e Charles nos afogamos juntos.

Até a mais triste história de amor tem seu lado bonito.

Nós éramos bons juntos.

Nós éramos imbatíveis.

Até não sermos mais.

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⏰ Última atualização: Jan 22 ⏰

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