Capítulo sem título 2

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Os comentários aumentam a cada vez que atualizo a página e Amy me olha como se estivesse vendo seu artista favorito.

— Tem noção? — Ela me pergunta sem nem piscar.

— De?

— Não se faça de sonsa! Seus contos são um sucesso! — Ela dá pulinhos no lugar e bate palmas, claramente mais animada que eu. — A "jovem escritora" é um sucesso entre as taradas siririqueiras!

— Não fala assim! — A repreendo, arregalado os olhos e observando em volta se alguém nos ouviu. — Eu ainda não acredito que as pessoas estão gostando!

— Ah, imagina se soubessem o que eu sei! Seu vizinho gostoso é um muso inspirador maravilhoso, devo admitir. — Amy finalmente se senta ao meu lado e passa a sorrir ladino de uma forma levemente desconcertante. — Quando vai criar coragem e dar o primeiro passo?

— Não faço a mais remota ideia do que está falando. — Volto a encarar os comentários e devo admitir que ver tanta gente elogiando uma coisa que eu tinha certeza que iria fracassar... É gratificante. — Como está indo com os catálogos?

— Ah, tudo indo meio médio. Eu não consegui me adaptar ainda com a linguagem e... Safada! Está mudando de assunto.

— Eu tentei. — Sorrio ao notar a garçonete nos trazer nosso pedido, ignorando a feição indignada da minha amiga.

— Certo, até agora você entregou quatro contos e o vizinho gostoso está ajudando com pesquisas. Eu consigo imaginar mil e uma oportunidades diferentes pra você esbarrar e cair de boca no.

— Amy! — A interrompo quando noto uma senhora nos encarar, tentando entender o contexto da conversa. — Por quê eu pensei que seria uma boa ideia te encontrar num café? Quem deveria estar escrevendo essas coisas era você. Nunca vi alguém com tanta imaginação.

— Esses fardos sempre são dados a quem não tem oportunidade, minha cara amiga. Com o... Ânimo... Que eu tenho pra essas coisas, nunca me apareceu alguém que compactue... No sentido de praticar.

— As vezes eu me pergunto o que passa por sua cabeça nas horas vagas, mas eu penso melhor e chego à conclusão que é melhor eu ficar fora desse terreno desconhecido.

— Por falar em terreno desconhecido... — Ela olha para a janela atrás de mim, movendo os olhos lentamente para cima e para baixo, como se acompanhasse o caminhar de alguém. — Eu queria ser uma amiga menos maravilhosa agora... Pena que eu te respeito muito.

— Pena? — Vejo seu sorriso aumentar quando o ponto de foco entra no estabelecimento, mas sumir na mesma velocidade em que surgiu.

Me viro em direção à porta e preciso piscar algumas vezes para acreditar no que estou vendo.

TaeHyung está no balcão, pedindo alguma coisa para si e para a garota colada em seu braço, quase como um bicho preguiça.

Sinto meu sangue esquentar dentro do meu corpo e tento ao máximo desviar os olhos dos dois, mas é mais forte que eu! Meu estômago esfria e minha boca fica seca.

Será?

No último mês Tae e eu passamos muitas horas juntos. Ele tem me mandado livros, links, filmes e tudo o que eu possa precisar para saber como escrever coisas mais adultas e isso, honestamente, é a principal razão de eu estar conseguindo fazer isso.

Mas durante o tempo em que passamos juntos eu não percebi nada que indicasse que ele tem alguém... Ele não demonstrou ou eu não percebi?

Será que as vezes em que ele sorria para o celular, estava falando com ela?

Me inspiro em nósOnde histórias criam vida. Descubra agora