Professora Tebet

IV

Simone Tebet

Eu vim para Dourados quando minha tia Michele ligou dizendo que passaria a vaga dela para mim. Que vaga ? De professora de literatura. Para isso ficar mais entendido vou voltar no tempo... Há 5 anos meu pai faleceu, eu tinha 23 anos e já estava quase acabando minha faculdade, minha família ficou bem abalada com a notícia e todos demos apoio a minha mãe, os meses foram passando e minha mãe se recuperando, eu me formei na faculdade, eu queria lecionar, amo lecionar, mas nunca tive uma oportunidade em escola alguma, comecei dar algumas aulas particulares, em uma dessas aulas conheci a Janja que era tia de uma das minhas alunas, nós nós envolvemos e acabou que começamos um namoro, a situação em casa ficou difícil, minha mãe ficou doente, Eduardo, meu irmão, perdeu o emprego e a miséria que eu ganhava dando aulas particulares era o que sustentava a família, Janja queria ajudar mas eu nunca permiti.

Minha mãe logo se recuperou da doença, e tia Michele começou a nós ajudar financeiramente, só que sabíamos que logo ela se aposentaria  e deveria viver a vida dela, é o certo. Ano passado Eduardo conseguiu um bom emprego e nossa vida tem estado melhor, mamãe está feliz de novo e meu namorado com a Janja não poderia está melhor.

Janja é uma pessoa incrível, minha mãe não gosta muito dela pelo jeito que a Janja tem, já eu entendo o jeito dela, eu gosto demais dela, não posso dizer que é amor, talvez um dia ainda seja mas nesses 5 anos de namoro, eu acho que ainda não posso dizer que a amo. Ela tem estado dos meus lados em todos os momentos difíceis, tem sido calmaria para meu caos, mas tem momento que eu preciso dela e ela simplesmente não está ali por mim. É complicado as vezes.

Bom, voltando , semanada passa Tia Michele ligou me oferecendo a vaga dela de professora, me explicou toda a dificuldade de trabalhar com adolescente, ainda mais em turmas de Último ano de escola, eu tenho 28. Segundo ela, eles teriam dificuldade para me respeitar, mas eu aceitei o desafio, ela disse que eu precisava vir morar em Dourados o que me deixou triste pois eu não teria como me sustentar, ela então disse que eu moraria em uma casas delas, usaria um de seus carros e me sustentaria com meu salário, eu topei na hora e vim para Dourados. Eu fiquei bem tranquila, já que Janja mora aqui ficaria bem mais fácil.

No meu primeiro dia eu já lidei com desrespeito de alguns alunos, mas os dois alunos me chamaram muito a minha atenção Lula e Soraya, Lula pelo idiota que ele se mostrou ser mas como professora não posso falar isso, e Soraya quando me defendeu chamou minha atenção positivamente, eu gostei dela. Espero que possamos ter uma boa relação durante o ano.

Meu primeiro dia na escola foi bem tranquilo, fiz a pose de durona como minha tia havia ensinado e consegui dar minha aula sem muitas interrupções, a noitinha eu fiz minha mudança para a casa que eu moraria e o quão surpresa fiquei quando dei de cara com Soraya Thronicke e Leila Barros.

A jovem loira e minha vizinha de frente, algo naquela garota me chamou muito atenção tanto que ficamos nos encarando por alguns segundos ate Janja dizer no meu ouvido que eu estava babando na menina, o que é um tremendo exagero mas como ela é ciumenta resolvi entrar já que hoje eu teria uma conversa difícil com a Janja.

E nesse momento a vejo voltar do que é o banheiro e sentar ao meu lado no sofá.

- Você trouxe praticamente seu quarto todo, amor. - ela brincou e eu rir de leve.- Você quer conversar comigo, né ? - eu assenti - Desembucha.

Ela me puxou para o colo dela e eu não conseguia nem a encarar.

- Eu vou fazer 28 anos, você tem 3. - suspirei e ela me olhou confusa. - Eu quero saber o que você pensar sobre filhos, vida. - suspirei.

- Eu não quero falar sobre isso. - ela disse e eu já soube ali qual era o pensamento dela.

Eu levantei do colo dela e fiquei de pé.

- Mas eu quero falar sobre isso, eu preciso falar sobre isso.  Eu não posso mais namorar por namorar, eu quero um objetivo, um foco. - soltei o que me engasgava.

- Você quer terminar comigo? - Janja sempre fez esse jogo de drama.

- Eu quero que você converse comigo sobre o futuro, Janja, quero que mostre que se interessa em fazer planos comigo. Isso é tão difícil?- perguntei chateada.

Ela levantou do sofá e se pois a minha frente.

- Simone, eu não quero ter filhos. Eu até quero um futuro com você, fazer você a Rra Silva, levar você pra conhecer o mundo. Mas eu não quero filhos. - ela soltou simplesmente.

Aquilo foi um tiro no meu coração, eu sempre quis uma criança, um filho, um projeto de mim, e a pessoa que eu divido minha vida não quer isso.

- Você pode me deixar sozinha por essa noite? - soltei a pergunta chorando.

- Simone, isso é sério?

- Janja, por favor, amanhã jantamos juntas. Eu so quero restabelecer algumas coisas.

Ela somente assentiu me encarando e foi em direção a porta eu a segui e ela selou nossos lábios, minhas lágrimas escorreram, foi exatamente aí que eu senti o início do fim.

Voltei para dentro, fui até o quarto, me enrolei na coberta e chorei até pegar no sono, eu tinha uma aula para dar ainda.

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Nem começou e a Janja já tá vacilando!

Espero que estejam gostando!

Bjs...até o próximo capítulo.