Cap 3 - Delicada

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No passado - Ano de 2006
Ayla 8 anos


Aos 8 anos percebi que a data do meu aniversário não passava de uma data de puro desgosto.

Percebi isso ao ouvi as seguintes palavras ditas pela minha própria mãe: 

— Você não passa de um erro ! Eu me arrependo todos os dias de ter tido você, olhar pra você só me traz desgosto !

Após escutar tais palavras sentí as lágrimas quentes rolarem pelo meu rosto.

Foi nesse mesmo dia que decidi que eu não merecia estar viva, e que pra minha família ser feliz eu precisava parar de existir. Ao colocar uma faca contra o meu estômago, eu me lembro de apenas pensar de como eu estava sendo egoísta de querer viver, e que enquanto eu respirar eles não seriam felizes. Mas no fim, ao pensar em tudo que eu perderia eu continuei a ser egoísta e de e decidi viver.

Nesse mesmo ano descobri que se fizesse algo de errado ou fracassace haveria consequências. Foi quando a minha mãe começou a me bater quando cometia erros, mas por ser apenas uma criança ingênua, pra mim aquilo era só uma forma pra aprender a fazer algo certo.

As agressões ficaram cada vez mais fora do controle da parte da minha mãe. Já o meu pai não costumava me bater, pois ele sabia da força que tinha e apenas demostrava sua raiva em palavras, que pra mim, elas as vezes machucavam mais do que as agressões. Minha mãe por outro lado me machucava diariamente, sendo agressões físicas ou mentais, mas sempre descontando sua raiva em mim.

Até o dia em que meu corpo não aguentava mais tudo aquilo e fiquei doente. Eu não dormia e nem comia nada, começei a vomitar diariamente e emagrecer, o meu corpo estava fraco e a tontura tomava conta de mim. Além de outras inúmeras tentativas de tirar minha própria vida nesse mesmo período. As palavras que eles falavam, pra eles não significava nada, mas pra mim eram como facas apunhaladas no meu peito.

Meses depois desses eventos, finalmente fui levada ao hospital, onde fui diagnósticada com depressão ainda na infância, depois de uma longa conversa com o psicólogo daquele hospital. Tive que segurar as lágrimas enquanto contava os eventos que vinham acontecendo. Sempre escondendo o fato de sofrer agressões, pois não importava o quanto eles me machucassem, eu ainda queria proteger eles.

Naquela época eu não fazia a mínima ideia do que tudo aquilo se tratava, porém, ele me explicou tudo. Foi no momento que eu entendi, que as lágrimas rolaram do meu rosto, eu finalmente me permitir colocar minha dor pra fora. Eu me lembro de implorar pra que o psicológico não falasse nada daquela conversa e de nada que tinha acontecido para os meus pais, ele aceitou, contanto que eu prometesse contar a para eles depois, e eu concordei. Porém, obviamente eu nunca iria contar a eles, não queria que eles me vissem como um problema ainda maior em suas vidas. E eu nunca permitiria que eles  soubessem de nada.

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A.S - Galera ! Lembrem-se, se você está sofrendo agressões físicas ou mentais de qualquer pessoa é importante falar com alguém. Não se cale !
Um Xero e Xau

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