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Simone

Novembro- Campo Grande-MS

Algumas semanas haviam se passado, na real, quase um mês. Eu estava agora em meu apartamento, encarando a alguns minutos uma cozinha vazia.

Finalmente e oficialmente mudei para meu estado natal, as coisas ainda estavam desarrumadas, mau tinha como arrumar aquela cozinha, eu não tinha nada além de pratos em cima de um balcão. Vencida pelos móveis inexistentes, resolvi pedi um almoço no aplicativo.

Assim que pego meu celular, recebo uma mensagem da Soraya perguntando se não quero assistir o novo filme da marvel no cinema... estamos a semanas sem nos ver. Desde o dia que Soraya falou que estávamos indo rápido demais, eu acabei tomando uma distância considerável da morena. Ainda conversávamos, mas nada muito longo. Era notável a mudança em nossa vida.

Talvez ela mereça esse espaço.

Depois de uma longa conversa com minha psicóloga, ela falou que o espaço é necessário pra todos, principalmente pra tentar entender tamanha situação.

O problema é que não sei qual situação é essa já que não temos uma amizade. Eu só queria curtir, custava ela querer curtir também? Não é como se depois de uma transa a gente fosse casar na praia, morar em uma fazenda e ter uns três meninos correndo pela grama enquanto ela faz crochê e eu leio um jornal, patético.

Abro a mensagem, a falta de conversa era notável ali, alguns boa tarde, e alguns "vamos nos ver" da parte dela quase todos os dias. Vencida pela casa desorganizada, acabo aceitando ir ao cinema com ela.

Mensagem

-Que tal agora? - ela pergunta.

-Ainda não almocei, poderia ser a noite?- pergunto.

-Almoçaremos juntas, por minha conta como pedido de desculpas. Passo para lhe buscar em 30 minutos! Mande sua localização. Beijos!

Dou um meio sorriso com a mensagem. Enviei minha localização e corri para um banho. Eu não estava suja, apenas um pouco suada de arrumar meu quarto nesse apartamento.

O dia estava quente, resolvo colocar uma calça, uma blusa social e um colete, no pé, meu inseparável tênis. Separei a bolsa, ajeitei meu cabelo, passei uma leve camada de corretivo em minhas olheiras, e um rímel. Pronto, foi o tempo de ficar pronta que ouço o barulho do celular tocando.

-Oi... está pronta?- Soraya fala suavemente do outro lado da linha.

-Já sim!

-Ótimo. Não demora, seus vizinhos estão aqui na frente do seu prédio, e estão olhando para meu carro como se eu fosse pobre.- impossível não soltar uma gargalhada.- Não rir. Ela estão olhando com desdém.

Acabo sorrindo com a situação. Pego a bolsa e o celular e desço de elevador. No caminho do elevador até o carro de Soraya, comprimentes alguns seguranças do prédio e o porteiro, e ao chegar na porta, observo as moças comentando sobre algo baixinho e olhando para o carro da Soraya.

-Carrinho maneiro.-Falo entrando no carro.

-É do meu pai. Resolvi trocar de carro, e só tinha esse disponível.

-"Só tinha esse disponível", oh desculpa docinho, já que se eu resolver trocar de carro, tenho que pegar ônibus.

Paramos no sinal, Soraya solta uma gargalhada nasal e me olha incrédula.

-Você não tem cara de quem pega ônibus.

-Realmente. Mas você também não tem cara de quem anda em um HB20.- respondi arqueando a sobrancelha.

É assim que termina Onde histórias criam vida. Descubra agora