Costa da Angola, Fim de Janeiro de 1948.
EM UMA CASINHA PEQUENA, de apenas um cômodo feita de barro e telhados de palha, em uma noite chuvosa com uma lua cheia e brilhante, tal qual emanava a única fonte de luz que clareava um pobre vilarejo que ficava no topo de uma colina, de frente para o mar em algum ambiente remoto da costa da Angola, uma mulher amarrava as quatro patas de um bode velho e magro. Ela tentava fazer tudo da forma mais silenciosa que podia, pois se os outros moradores ouvissem e vissem a atrocidade que ela estava prestes a fazer com o pobre animal, certamente a matariam.
O barulho da chuva forte e ventania era alto e o clarão dos raios seguido pelo som ensurdecedor dos trovões ajudavam a abafar qualquer barulho que ela fizesse. Mayla mal conseguia ouvir o som da própria voz, então dificilmente alguém poderia ouvir qualquer coisa que aconteceria por de trás das paredes de barro daquela casa. Mas o receio de ser pega falava mais alto e devido a isso ela mantinha a cautela pelo silêncio.
Assim que terminou de fazer as amarras, Mayla abriu um saco velho onde pegou um velho livro de couro com um pentagrama na capa e o abriu procurando uma página específica. Enquanto fazia isso, ela não deixava de olhar para a porta a cada poucos segundos repentinamente, como se alguém fosse entrar de repente e pega-la no flagra a qualquer momento. O receio era grande, mas ela precisava prosseguir com aquilo, precisava saber quais as consequências de seus atos e o que aconteceria a partir daquele momento.
Desde que ela fez o que fez, deixou de ouvir os sussurros de seu mestre, pois o véu de suas realidades que era fino o bastante para que pudessem manter uma leve comunicação, foi derrubado e apenas aquele ritual poderia restaurar a comunicação com o seu mestre.
Ela estava toda molhada, vestia um vestido branco, não tão branco, pois a poeira do chão o cobriu por inteiro e as marcas do tempo eram evidentes por causa do tom amarelado que ele tinha, todavia ele a servia bem, favorecendo seus lindos e fartos seios negros.
Depois de achar a página que procurava, Mayla pegou a única vela que tinha e partiu em mais quatro pedaços pequenos, colocando uma em cada ponta do pentagrama, o qual o animal estava ao centro.
Após acender as velas, Mayla pegou um punhal e depois de amarrar a boca do pobre bode, cortou-lhe a jugular. Enquanto a vida saia do animal moribundo, Mayla cuidou para que o sangue que saia do bicho enchesse todo um cálice que ela tinha junto de si. O cálice se encheu, mas o sangue não parou de sair e começou a escorrer e se afundar no chão de terra, mas não antes de molhar as barras de seu vestido. Mesmo sentindo o molhado de sangue do vestido batendo em suas coxas, Mayla não se importou, nem ao menos olhou para ele para não desviar a atenção do que estava fazendo.
Após ter o cálice cheio em suas mãos, Mayla o bebeu pela metade e leu parte do texto escrito em hebraico contido numa página do livro.
Após terminar de ler o primeiro parágrafo, Mayla terminou de beber o restante do sangue, deixando escorrer um pouco pelos cantos da boca, sujando o seu queixo e pingando algumas gotas em seus seios, mas sem se deixar desviar a atenção e prosseguindo com a leitura do ritual.
Após terminar de ler todo o texto, Mayla retirou as amarras da boca do animal e começou a encarar o seu rosto morto, com um olhar esperançoso, aguardando de forma agoniante por alguma resposta, seja lá qual fosse.
Sua atenção se voltou para o peito do animal, que começou a se mexer, como se estivesse respirando.
O bicho não se levantou, continuou ali, jogado no chão, apenas respirando.
Mayla começou a olhar para a boca do bode e viu que ele não só respirava, mas algo parecia sair de sua boca, como se ele estivesse sussurrando. Com sua boca ensanguentada, ela esbanjou um enorme sorriso de satisfação ao ver que conseguiria voltar a se comunicar com o seu mestre, então ela aproximou o seu ouvido da boca do animal para que pudesse ouvir o que ele sussurrava em Aramaico:
— Você me desobedeceu! — Ele falou irritado num sussurro fraco e sem força.
— Ela mereceu, mestre! Todas mereceram. Não consegui me conter.
— Isso não importa, a vida delas não lhe pertencia, agora você terá que pagar o preço e é alto demais!
— O que tenho que fazer?
— Satisfaça-me!
Ao olhar para o pênis do animal, ela viu que ele teve uma ereção. E sem pensar duas vezes começou a fazer-lhe lentamente um sexo oral. Após mais ou menos dois minutos, ela sentiu sua boca encher de um líquido nojento e pastoso, o qual ela saboreou e engoliu como se fosse um privilégio. Antes que pudesse voltar sua atenção para o animal, alguém começou a bater em sua porta:
— Mayla! — Uma voz forte de um homem a chamava do outro lado. — Mayla, acorda! — Gritava o homem enquanto batia a porta em um tom nervoso e desesperador.
Mayla congelou e olhou diretamente para a porta. Ela não tinha terminado o ritual, não poderia parar no meio do caminho sem falar com o seu mestre e sem que ele desse aquela sensação na boca do estômago, aquela sensação única e inexplicável.
Mayla não sabia o que fazer. De excitação seu sentimento mudou rapidamente para medo e pavor, pois ela sabia o destino das bruxas naquela região; ser queimada viva.
— Mayla, abra a porta! — Esbravejou o homem do outro lado batendo ainda mais forte na porta.
Sem saber o que fazer, ela olhou novamente para o animal, que continuava a cochichar alguma coisa. Mais uma vez ela levou o seu ouvido próximo a boca do animal e ao ouvir o que ele cochichou ela rapidamente se acalmou e deu um sorriso largo e maléfico, enquanto se levantava e caminhava em direção a porta.
Assim que abriu a porta, nem deixou o homem falar e o puxou pelo pescoço, dando um beijo forte em sua boca. Ao soltar, o homem bravo que gritava à sua porta com autoridade a poucos segundos atrás sumiu. Mayla deu um sorriso e o encarou por alguns segundos. Ela sujará a boca dele de sangue e porra. As pálpebras dele começaram a pesar, ele parecia ter sido enfeitiçado e depois de alguns segundos se virou de costas e caminhou à beira da montanha. A chuva e ventania continuava forte, dificilmente alguém no vilarejo teria ouvido alguma coisa. O homem parou na beira da montanha e ficou olhando fixamente para o mar em fúria com suas ondas enormes que se quebravam nas pedras na encosta da montanha. Então ele fechou seus olhos e ao estourar do seguinte trovão, atirou o seu corpo ao mar por aquele precipício.
Mayla observava tudo de sua porta. O vento com rajadas de chuva a molhou por inteiro, mas ela não se importava.
Antes de voltar para dentro da casa, Mayla olhou em volta para ver se alguém havia presenciado tal cena. À sua direita ela avistou em uma janela o rosto inocente de um garoto, um rapaz que parecia não ter mais do que quinze anos. Mayla o encarou por alguns segundo e ao notar que o garoto estava paralisado de medo, apenas colocou o seu dedo indicador em seus lábios, fazendo sinal de silêncio e entrou para dentro da casa. O menino estava em choque e não sabia o que fazer, afinal, aquele homem era seu pai.
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Mayla e o Predestinado do Mal
Horror***LIVRO ESTÁ PRONTO*** LIVRO ESTÁ PRONTO, MAS VOU PUBLICAR UM CAPÍTULO POR SEMANA AQUI OU PODE LER ELE COMPLETO E GRATUITAMENTE AGORA MESMO NA AMAZON. Mayla foi sequestrada na infância e criada por uma bruxa que apagou suas memórias, passando a viv...