Capítulo 15

53 25 35
                                    

MIGUEL:

A onde eu fui me meter?

Olho para a toalha que dona Marcella me deu, para os filhos dela na sala, para ela que fala comigo, para a toalha, para ela, para os filhos, para ela e para a toalha de novo.

— Vai ficar aí parado sujando o tapete da minha mãe, ou vai embora? — Arthur cruza os braços na minha frente.

— Pare de implicar com o Miguel, ele é nosso hóspede hoje — Dona Marcella bagunça os cabelos dele, então me empurra pela sala — O banheiro é logo ali Miguel, pode tomar banho que vou procurar umas roupas aqui do meu marido para você. Ele era bem gordinho mas você é alto, então acho que não vai ficar tão grandes. Pode ligar para sua mãe quando sair do banheiro, ou quer que eu fale com ela?

— Eu... Eu... — Olho para ela sem saber o que responder.

— Eu acho que ele perdeu a língua na chuva, mãe — Julia passa por mim rindo, como se eu já não tivesse com vergonha o suficiente.

— Eu só estou com vergonha — Confesso para Dona Marcella — É muio gentil da parte da senhora, mas eu não quero dar trabalho e...

— Quê dar trabalho o quê — Balança as mãos — Você me daria trabalho se fosse andando para casa nessa chuva de fim de mundo, e não precisa de vergonha, você esta me casa aqui. Agora vai banhar e vestir roupas quentinhas antes que pegue um resfriado.

Sou praticamente arrastado para o banheiro pela dona Marcella — Ainda sobre o olha do Arthur. Ela fecha a porta e eu me encaro no espelho encima da pia, meu Deus eu tô um caco mesmo! Tranco a porta e coloco a toalha encima do suporte, tiro a roupa e mergulho debaixo da água quente do chuveiro.

Meu Deus... Eu estou tomando banho na casa da Julia... Eu vou dormir aqui?

PUTA MERDA!

Eu vou dormir aqui? O que isso quer dizer? Digo... Entre nós dois?

Desligo o chuveiro e escuto batidinhas na porta, abro só um pouco e a mão do Arthur aparece com uma muda de roupa, ele praticamente me joga e tranco a porta de novo.

Esse garoto realmente me odeia.

— Acho que vai ficar grande... — O short de algodão ficou um pouco folgado. Mas a camiseta não é tão grande, então não vai ficar tão estranho.

Saio do banheiro mais tímido do que entrei, dona Marcella, que tava na cozinha, se vira pra mim e sorri, ela coloca alguns pratos encima do balcão que separa a cozinha da sala e me analisa.

— Olha, não é que serviu direitinho?

— Deixa eu ver? — Raquel, que saiu sabe-se lá Deus da onde, aparece na minha frente e sorri — Olha só, as roupas do papai ficaram boas nele, você é muito alto Miguel.

Olha só Julia!

Uma porta do corredor se abre e Julia sai de lá, ela está de pijama, um conjuntinho verde com desenhos de melancia e por alguns segundos eu só consigo olhar para ela.

— Você não tá nada mal, bocó.

— Não consegue me elogiar sem me xingar?! — Ela me mostra a língua e posso ouvir sua mãe chamando para jantar.

— A gente sempre janta assistindo alguma coisa engraçada, vídeos, filmes ou séries —

Raquel vai até o sofá e pega o controle da TV.

— Eu fiz macarronada Miguel, espero que goste, Arthur pegue a toalha dele e vai estender, por favor.

— Eu adoro macarronada, obrigada dona Marcella e pode deixar que eu estendo a toalha.

Só Mais Uma História De AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora