Isaac - o convite

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Hoje é um daqueles dias em que só vou sair de casa se me pagarem um milhão de reais.

E talvez nem isso seja o suficiente.

Está chovendo do lado de for a, e um vento leve entra pela janela da sacada, balançando as cortinas. A pouca luz que ilumina meu quarto entra com uma timidez que enche meus olhos. Isso sim é momento de paz!

Eu contei quatro trovões desde que começou a chover e escurecer, não que isso seja importante, mas é o que mais se destaca no silêncio de dentro de casa. Nesse exato momento minha mãe está no trabalho e só volta durante a noite e meu pai está em uma viagem de trabalho, volta só daqui duas semanas.

Se eu fizesse um Top 10 coisas que eu não faria esse ano, um dos tópicos seria viajar. Não que eu ache viagens ruins, mas não faz meu tipo de passeio. Eu gosto do conforto do meu lar e dos locais próximos de casa, me sinto mais seguro e preenchido com tudo isso.

Meu celular toca de cima da cabeceira da cama. Não tão rápido saio de baixo dos lençóis para alcançá-lo. Na tela está escrito o nome de uma das minhas amigas mais queridas: Luane.

- Alô?

- Isaac, você tem algo pra fazer hoje mais tarde?

Era o que eu temia. Quando me convidam para sair, fico com receio de negar e deixar a pessoa chateada. Ainda estou tentando melhorar essa questão, já que não há problema algum em negar as coisas.

-Ah... UE... não, to livre sim. Você teve alguma ideia?

- Vai rolar uma festa em casa, porém com poucas pessoas. Sei que não gosta de lugares muito cheios.

Por um breve momento fico pensando nisso.

- Ah, Luane... eu não sei se – de repente pauso para pensar um pouco e continuo rapidamente antes dela falar alguma coisa – não sei se tenho roupa pra ir.

Luane dá uma risada que não consigo ouvir nitidamente por causa do chiado da ligação.

- Não se preocupa com isso, vista-se com o que você achar legal. É uma festa para adolescentes, ninguém vai se importar tanto assim com o que estamos vestindo, queremos nos divertir.

Caminho até a janela, empurrando a cortina e vendo a chuva ficar mais leve aos poucos.

- Certo – falo. Tenho dezesseis anos e as férias do primeiro ano do Ensino Médio terminam daqui duas semanas, acho que vou precisar mudar um pouco minha rotina – eu vou.

Ela grita pelo telefone.

- Eu sabia que aceitaria!

Aquilo me tira um sorriso sincero.

- Vai começar as 20 horas, ta bom? Te espero em casa.

Quando ela desliga, me jogo na cama enfio a cara no travesseiro, me perguntando várias e várias vezes porque resolvi aceitar o convite.

Amizade sem fimOnde histórias criam vida. Descubra agora