33 - um plano um tanto quanto perfeito

27 4 2
                                    

*todos os personagens, lugares, eventos e incidentes retratados neste livro são fictícios! Boa leitura.

----

O céu exibia nuvens, mas sua beleza persistia: o canto dos pássaros, o sussurro do vento... Uma manhã perfeita, permeada pelos pingos de água misturados ao suor da corrida. Ali, os pensamentos fluíam lentamente, proporcionando uma tranquilidade que acalmava. Correr antes do trabalho tornara-se um momento épico, recarregando minha mente para a jornada à frente. A proximidade da mudança pulsava em meu peito como fogos de artifício.

Ao retornar, entreguei-me ao banho, a água quente relaxando músculos e instaurando uma sensação de serenidade. Vestindo a farda e carregando a pistola, estava pronto para o dia.

- Bom humor hoje? - indagou Manu, ao me ver na cozinha.

- Bom humor? - ergui a sobrancelha.

- Acha que eu não percebi? - aproximou-se, examinando-me e identificando meu perfume - Malbec, você só usa em dias especiais!

- Droga, você me pegou! - brinquei, arrancando-lhe um sorriso - tenho um dia importante hoje. Vamos, antes que nos atrasemos.

Deixei minha irmã na escola e segui para o trabalho. Na portaria, meus amigos riam; ao contrário de mim, eles são sempre de bom humor. Juntos, adentramos a delegacia. Concluí minhas tarefas e dirigi-me à ala dos presos, confrontar o malandro que atirara em Krive.

- Toma cuidado! - pediu Fernanda antes de eu entrar.

Respirei fundo. A roleta russa quase me custou a vida da última vez. Antes, agia impulsivamente, sem preocupações. Agora, há razões para querer voltar para casa vivo.

- Alguma coisa para me contar? - tentei, mas ele guardava segredos. Optei pela roleta russa. - que comecem os jogos!

Com uma bala na pistola, dei o primeiro tiro para mim mesmo, nada. Novamente para ele, nada. Empate. Segunda rodada, empate. Terceira rodada, empate. Na quarta rodada, mirando em mim, disparei, nada. Apontei para ele, vislumbrando o medo. Sorri de lado, acertando sua orelha, causando dor, mas não a morte.

- Ops! Foi involuntário -, ironizei enquanto os jovens desciam.

Realizaram o curativo na orelha do indivíduo. Seu olhar para mim era austero. Estaria ele tentando me intimidar? A mim?

- Muito bem. Você manteve silêncio, e eu não lhe tirei a vida, simplesmente porque optei por não fazê-lo

- Não havia necessidade de piedade, bastava atirar!

- Sabe por que não o fiz? - disse, aproximando-me enquanto ele erguia a sobrancelha. - Necessito de informações que somente você pode me fornecer. Não o matei por compaixão, mas sim porque suas informações são valiosas. Acha que foi piedade? Se você não detivesse as informações que busco, faria questão de castigá-lo severamente pelo que fez a Krive. Seu destino seria como o dele, ou até mesmo pior.

- Não matarás.

- Ah, agora resolve citar a Bíblia? - ironizei.

Encaminhei-me para a porta, fechando-a atrás de mim e posicionando um dos policiais na entrada, caso tentasse fugir. Subi as escadas e adentrei a sala de observação, postando-me junto ao vidro, encarando o sujeito.

- O que pretende fazer? - questionou Felipe.

- Mantê-lo aqui até que eu decida o próximo passo.

- Mas ele deve ser levado para a prisão.

- Eu sei. Contudo, conheço o Cabeça; ele o eliminaria no caminho, como fez com os três anteriores! Preciso tomar uma decisão informada antes. Pode ser crucial para capturarmos as outras pessoas."

Um novo florescer Onde histórias criam vida. Descubra agora