O Diário de Chiara Smith

Olá, Cambridge

Querido diário,

Estou me mudando para a Inglaterra, minha mãe e Peter, meu padrasto, estão me levando para passar um tempo com eles, Peter mandou construir um anexo na casa deles para que eu tenha mais privacidade, ele fez isso enquanto eu estava no hospital, então quando chegarmos lá, já vai estar pronto. Ainda estou com muitas dores pelo corpo, e um braço quebrado, espero me recuperar logo para poder fotografar de novo, chegando lá vou comprar uma nova câmera para passar o tempo, na verdade não sei quantos meses vou ficar lá, eles moram em Cambridge, é um lugar bonito e eu gosto de lá, as poucas vezes que fui, achei incrível. Estou ansiosa para conhecer meus irmãos adotivos, Gustav e Malia, eles tem dez anos, vai ser bom ficar com eles, eu adoro crianças mas meu sonho de ser mãe se perdeu completamente num espaço escuro e vazio. A turnê de Ava começa esse mês, Dave disse que quando passarem pela Inglaterra, vai me visitar e eu espero mesmo que vá, já estou com saudades dele, ele estava ao meu lado em todos os momentos, Rick vai vir passar uns meses comigo, enquanto isso vai ficar trabalhando para Peter, eu pedi para que ele viesse porque quero ter alguém íntimo e conhecido por perto.

Eu e minha mãe viemos de avião para a Inglaterra, agora estamos indo de jatinho até Cambridge, tem uns cinco ou seis seguranças nos acompanhando, alguns estão indo de carro e os outros estão aqui conosco. Minha mãe ficou ao meu lado desde que eu dei entrada no hospital e não saiu mais de perto, eu quero poder recuperar o tempo que ficamos afastadas, quero me sentir acolhida e segura de novo, porque desde o que aconteceu eu não me sinto bem com quase ninguém e nem parece que pertenço a algum lugar, o único lugar onde eu me sentia bem e sabia que pertencia era com alguém, mas esse alguém não está aqui e eu sequer sei por onde anda.

- Filha, está se sentindo bem?- Minha mãe pergunta.- Quer alguma coisa?

- Eu estou bem Chiara, obrigada.- Digo olhando pela janela.- Quem encontrou o meu diário? Quando me acharam em Greenville.

- Os policiais que levaram você para o hospital, eles estavam com a sua bolsa.- Ela diz.- Entregaram ela para Dave assim que ele chegou lá, desde então ele não deixou que ninguém tocasse nesse diário!

- Que bom, porque tem coisas íntimas aqui! Eu não gostaria que tivessem visto.- Olho para ela que me analisa.

- Não se preocupe! Ninguém leu o seu diário Chiara, Dave guardou muito bem.- Ela sorri.- Cambridge vai te fazer bem meu amor, seus irmãos vão adorar você!

Quando chegamos a Cambridge, o carro estava nos esperando, o ar aqui é tão diferente da América, é menos tenso e mais puro, as ruas são tranquilas e as pessoas menos agitadas... Eu preciso mesmo disso, quero poder me reencontrar aqui e voltar me sentir bem de novo e viva! Eu quero me recuperar de verdade, pelo menos fisicamente, já que meu rosto está completamente machucado, aquele desgraçado quebrou o meu nariz.

Finalmente chegamos em casa, é uma casa enorme e eu não faço ideia de quantos cômodos tenha, quando eu vim da última vez, eles moravam em um apartamento. Os muros são altos como de uma fortaleza, tem um gramado que dá uma volta por todo o espaço e um chafariz que com certeza é o maior que já vi na vida, esse lugar é incrível para fotografar, com certeza vou passar muito mais tempo aqui do lado de fora, e claro que não é pra menos, Peter pertence a uma das famílias mais ricas e poderosas aqui de Cambridge, tenho quase certeza de que é algum parente distante da família real e minha mãe deve saber disso, faz uns anos que ela está casada com ele, ele é um cara legal, gosto mesmo dele. Quando entramos, me encanto pelo tamanho da sala, olho em volta, minha mãe vê e acha graça no meu espanto, vou andando com a muleta até o centro, o sofá é lindo, a tv e todos os móveis e também os quadros de família que Peter deixa exposto aqui.

- Vou chamar seus irmãos, eles devem estar ansiosos para ver você.- Ela diz ao se afastar.

Me sento no sofá enquanto espero, esse lugar é maravilhoso, eu realmente gostei muito daqui. Depois de alguns instantes, minha mãe volta, acompanhada de duas crianças, meus irmãos. Eles são de fato as crianças mais lindas do mundo, os olhos grandes na cor caramelo, os cabelos com tranças e a cor de pele mais perfeita que existe, eles não são gêmeos mas são muito parecidos, eles me olham e sorriem, primeiro com os olhos e depois com a boca.