A fuga da verdade.

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"Todo dia, eu sinto essa maldita sensação, uma sensação que percorre meu corpo e me lança nesse oceano de vazio. Sinto-me pesado, cada vez mais pesado. Percebo que o tempo está passando rapidamente, e cada dia é "mais do mesmo". À medida que o tempo passa, sinto-me cada vez mais estagnado, como se estivesse sempre no mesmo lugar, enquanto tudo ao meu redor avança, eu fico, eu permaneço...

Essa sensação paira sobre mim, botando suas mãos delicadas, mas mortais em meu peito, me sufocando, aos poucos, ou aos montes, me matando.

Eu não tenho sonhos, eu não tenho nenhuma ambição. Eu nem sequer sei o que eu quero, ou o que eu sou, e vejo que esse é o problema, talvez eu, por si só, seja o problema..."

De repente, o alarme toca, e são exatamente 11:30.

- Esse é o horário em que eu me arrumo para a escola, mas eu tive uma ideia, irei fazer algo diferente...

Naquele momento, o garoto encontra-se colocando suas calças jeans azuis escuro, quase que pretas, sua camisa escolar branca, seu relógio azul, seus tênis azuis escuros e sua mochila. E depois começa a tirar algumas coisas de sua mochila, e colocar roupas, um óculos e outros 2 pares de tênis...

- 150 Reais é tudo que eu preciso... talvez assim, eu me encontre, mas antes...

Agora, após uns bons minutos, o garoto escreveu uma carta e a deixou sobre sua cama arrumada, e já estava com alimentos guardados em sua grande mochila. Então o garoto chama por seu cão, que veio rapidamente e pulou em cima dele.

- Haha, Tobi... Eu estou indo agora, garotão. - Disse o garoto, enquanto acariciava seu cão, enquanto o mesmo o lambia.

-Ah... eu não posso te deixar com fome... - Após colocar a ração de seu cão, o garoto vai em direção à porta, e novamente chama por seu cachorro, e novamente seu cachorro vem rápido.

- Você parece que é a única pessoa que me entende, que me prioriza. Me desculpe por isso, Tobi, eu preciso me encontrar, ir atrás de mim mesmo, preciso sentir novos toques, viver novas experiências, eu quero viver. Me desculpe, Tobi, eu te amo. - Disse o garoto enquanto acariciava seu cão, após a conversa o garoto abre a porta de casa, a fecha enquanto observa o olhar puro e ingênuo daquele cão sendo coberto aos poucos pela porta, que após ser fechada totalmente, o cão começa a correr atrás de seu próprio rabo.

- Agora eu estou aqui fora, fugindo de mim mesmo, fugindo do meu passado, e de minha residência... não é meu lar, é apenas a minha residência... estou fugindo de minhas memórias de infância que eu tive aqui, memórias boas e ruins... Eu sou um covarde? - Perguntou a si mesmo, ele estava tremendo, seu coração pulsava de forma demasiadamente rápida e então o garoto tomou uma escolha. "Eu vou, eu preciso." Disse ele, disposto a dar uma nova fase a sua vida, um novo início, o recomeço de uma vida é a morte do seu antigo ser, novamente, a morte "renasce" na vida do garoto. Agora o garoto está andando, a cada passo ele se encontra em uma grande escuridão, para que talvez, encontre vida.

- Algum tempo depois -

- Olá, moça. Eu quero uma passagem de trem.

- Deu 5,50.

- Aqui está. - Disse ele com medo.

- Toma seus 4,50 de troco e o cartão. - Disse a moça os entregando, sem mostrar nenhuma preocupação com o fato do garoto estar desacompanhado.

- Já dentro da estação de trem -

- Isso é tão estranho, parece que ninguém me nota, por quê?

"Atenção, o próximo trem chega em 2 minutos, repito, atenção, o próximo trem chega em 2 minutos."

- Parece que é bom eu ir me preparando...

- Revista sobre a morte do cantor Cazuza, estou vendendo revistas baratas sobre a recente morte do cantor Cazuza! - Gritava um comerciante, que rapidamente foi cercado por uma multidão de pessoas.

- Isso é tão estranho, pessoas que nunca viram esse homem estão tão preocupadas com ele... elas o amam?

"Senhores e senhoras, o trem está chegando!"

- Agora é minha hora... - Após o trem chegar, o garoto entra nele e se senta em um lugar próximo à porta, sendo bastante empurrado por outros passageiros, e então ele se senta em um assento, veste um casaco, olha para baixo e espera pacientemente o trem chegar na última estação.

Horas se passam, à medida que o trem passa, pessoas vão e vem,  e assim vai. Pessoas com família, pessoas sem família, pessoas solitárias e pessoas cheias de amigos se reúnem em um único lugar, sem nem saber quem está no trem, se pode ser um futuro inimigo, um amigo, a causa da vida ou da morte, ou até a causa do seu renascimento...

Depois de algumas horas, o garoto levanta a sua cabeça, olha para os lados e percebe que é o único presente no trem, e que já anoiteceu. Então ele decide ir andando de vagão em vagão, para que talvez ache algum objeto de valor, ou para acordar alguém que esteja dormindo.

De repente, ao entrar em um vagão, o garoto avista uma silhueta rapidamente saindo do vagão à sua frente, e então ele decide sair do seu vagão e ver o que, ou quem estava lá. Quando ele sai, o seu olhar trava no olhar de uma bela garota que estava na estação, a garota tinha uma cara fechada e um olhar penetrante, mas friamente o garoto a encara. Essa  encarada deles dura um bom tempo, sem ninguém dizer nada, apenas penetrando seu olhar um no outro.

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