– Atenção, esta one-shot apresenta cenas de abuso físico e exaustão psicológica.
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O gloss pegajoso molhava os lábios pouco sorridentes de Angel, espalhando seu sabor de frutas do bosque pela sua língua mal utilizada. A luz amarelada do seu camarim trazia brilho à sua pele coberta por óleo aromatizante e iluminador. Sua franja ía e vinha com a leve brisa que rodeava o cômodo antes de escapar pela porta cheia de fotos, autógrafos e adesivos.
Angel se contentava com o seu reflexo acabado e patético. Não queria admitir que estava esgotado; a madrugada já tinha caído e o clube não havia fechado, além de estar lotado de porcos sedentos por poucas horas de prazer carnal. Sua sombra rosada-alaranjada caía das suas sobrancelhas bem-feitas para seus cílios longos e brancos. A boa cobertura de corretivo minimizava os efeitos das noites viradas em bares e em becos sem iluminação: olheiras levemente roxas banham seus grandes olhos pidões por um pouco de paz em seu espírito, o qual foi vendido por pura ganância e glamour.
Seu ego cego-o por inteiro quando Valentino ditava palavras maravilhosas sobre o mundo valioso das passarelas do stripper e dos filmes pornograficos nos seus ouvidos repletos de piercings de prata, onde ele seria tratado como uma estrela de cinema. Toda a atenção que teria quando bem entendesse, seria adorado e receberia cuidados e uma bela quantidade de dinheiro. Os elogios ao seu corpo e a sua personalidade fizeram Angel cair de joelhos e degustar de toda aquela luxúria que Valentino lhe prometeu.
No começo foi recebido com aplausos e boas quantidades de visualizações. Era chamado para vários encontros e tentava saciar os desejos sujos dos seus clientes, até certo ponto quando não conseguia mais ver o seu corpo como posse própria.
Seu ser estava coberto de sujeira, dinheiro barato e cuspe. Seus lábios não tão mais doces estavam podres, ainda guardam o gosto de cada corpo alheio que teve que lamber, beijar e sugar. Seus supercílios escondem olhos que passam longas horas chorando dentro do banheiro enquanto esfrega seus braços e mãos com uma bucha surrada de tanto atrito. Sentia os arranhões das suas unhas arderem quando voltam em contato com a água fervente do chuveiro. Sua pele hidratada não pertencia mais a ele, mas sim aos homens cujos pagam uma taxa aceitável, antes de usá-lo por uma hora para o que bem entenderem. Sua boca já foi calada por brinquedos inapropriados, já foi chicoteado e mordido.
Não sentia mais vontade de morar dentro daquele corpinho vangloriado pelos amantes do pornô. Estava poluído de substâncias ilícitas. Alguns clientes não conseguiam pagar com dinheiro vivo, então se redimiam com drogas. Venenos corriam pelas suas artérias e causavam a sensação dominante da dopamina ou da adrenalina. Estava coberto de poluição, por dentro e por fora. Ele se amaldiçoava dia e noite enquanto gritava entre as cobertas cheirosas do seu quarto por ter assinado com aquele inseto, que agora se auto denominava seu dono.
Um body splay caracterizado pelo cheiro de morango caía sobre seu cabelo e adentrava seus fios enquanto era borrifado em todos os cantos do seu couro cabeludo. A porta foi empurrada com força antes de bater na parede, o que fez Angel sobressaltar na cadeira aveludada. A grande capa vermelha empapada de pelúcia macia refletiu no espelho da penteadeira, e Angel logo recuou os ombros.
— Sabe que está atrasando o show, não sabe?
As botas com salto alto ecoam seus estalos pelas paredes rosa choque até pararem nas costas nuas de Angel. Valentino arrasta suas unhas longas pela espinha do outro, fazendo um calafrio desconfortável subir.
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𝗡𝗘𝗪 𝗖𝗢𝗦𝗧𝗨𝗠𝗘𝗥, huskdust
Fanfictionnew costumer ⎯⎯ huskdust;; A noite ainda estava longe de acabar, as luzes do clube ainda piscavam freneticamente e o cheiro de álcool abafava o local e as inúmeras cédulas de um dólar ainda entupiam o palco. Angel já conseguia sentir a exaustão cor...