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Se pudessem descrever pessoas com apenas uma palavra, eu seria conhecida como silêncio.

Pode ser até uma maneira estúpida de pensar, já que realmente eu tive a má sorte de nascer sem esse sentido.

Então sim, minha vida era um total silêncio, mas não apenas o silêncio de audição, mas também de situações.

Não a nada que eu podia fazer.

Os estudantes provavelmente conversavam e andavam de um jeito eufórico pelo metrô, porém sem tanta pressa. Os adultos andavam com passos firmes e não estavam acompanhados, eles pareciam tensos. Enquanto a mim, não sentia isso, nao tinha pressa de chegar ao colegio e muito menos vontade de estar lá.

Eu queria poder entender o motivo dessas pessoas estarem tão eufóricas por terem que apenas fazer as mesmas coisas, durante todos os dias.

Nascer, estudar, se formar, estudar, trabalhar e morrer.

Era esse o círculo que todos nós vivíamos, e eu nao tinha muita escolha a não ser apenas a seguir isso.

Mas todos os meus pensamentos foram para longe, quando senti uma mão em meu ombro.

Sempre tinha que acontecer comigo.

O homem estava falando comigo, ainda com a mão apoiada em meu ombro.

Era sempre tão desconfortável ter que evitar essas situações, eu não podia entender absolutamente nada que ele falava, por alguns segundos pude ver ele parando de falar esperando alguma resposta de mim, mas eu nem se quer tinha tentando ler seus lábios.

Eu vi a aproximação dele que foi um tanto inesperado pela minha parte, me fazendo ficar tão confusa por aquela situação, quanto eu já estava antes. Ele colocou a outra mão em meu ombro, me fazendo engolir em seco, sem querer acabei notando o quão o homem notou o meu aparelho auditivo e ao ver uma de suas mãos levantando do meu ombro e indo em direção a minha orelha, eu mal consegui fazer algo e o homem já estava longe de mim

Aquele traje... Quem não conhecia ele?

Foi o que pensei assim que vi o famoso Spider-Punk em minha frente, com seu traje tão estiloso e sua guitarra nas costas.

Ele parecia estar dando um sermão no homem que ele havia acabado de tirar de perto de mim, eu pudi ver a reação de um tanto de desespero do homem, pude ver sua máscara mexendo e insinuei que ele falava algo para o homem, então o aranha o soltou e acompanhou com a visão, o homem meio desesperado sair quase correndo.

Com muita certeza eu não poderia estar mais confusa do que estava agora, mas então, quando eu vi o Spider-punk se virar para mim e eu ver sua máscara mexendo levemente como se ele estivesse falando, aquilo não poderia ser pior.

Não consegui se quer pensar em algo e apenas o olhei ainda tão confusa pela situação, que mal notei o aranha se afastando de saindo do local.

Eu realmente era muito sortuda e ao mesmo tempo azarada, no mesmo momento que vejo o Spider-punk de perto, nem se quer posso entender o motivo dele estar me ajudando e nem o que ele quis falar.

Mas nem consegui pensar tanto sobre essa situação, pois vi o metrô parando logo em minha frente e o aperto de estar dentro daquele lugar apertado, com muitas outras pessoas me fez esquecer totalmente aquela situação, por aquele momento.

<...>

Colégio nunca foi um lugar tão ruim assim.

Quando era pequena, se enturmar era tão fácil quanto desenhar um sol sorridente com o giz de cera amarelado. Tudo era tão belo, e tão divertido. Sempre conseguia pensar alto, entrando nos assuntos do que eu queria ser quando crescer, sempre que conversava com o novo amigo que fiz em um dia aleatório da escola.

'With you [Hobie Brown/Leitora].Onde histórias criam vida. Descubra agora