Prólogo

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Adonis Malachi havia sobrevivido a mais uma semana

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Adonis Malachi havia sobrevivido a mais uma semana. 

Ele tinha acabado de retornar da viagem com sua parceira e filha. Fazia uma semana que voltara ao trabalho e, ainda assim, ele se sentia exausto, como se tivesse trabalhado em turnos de 12 horas por um ano consecutivo em vez de ter passado as últimas três semanas emburrado ao lado de Rev que o arrastava de loja em loja.

Em suma, ele argumentava que seu cansaço devia-se à procura incessante de Rev para que estourassem o limite do cartão de crédito que ele tanto trabalhara no ano anterior para pôr em dia, e pela pressão de todos ao seu redor para que cuidasse corretamente de sua filha. Que fosse mais presente. Que não permitisse que a adolescente falasse palavrões. Que seu trabalho o estava afastando da família. Que suas responsabilidades eram maiores do que apenas manter as contas em dia e a mesa com comida. Que ele deveria fazer isso, fazer aquilo e aquilo outro.

Adonis estava farto.

Não podia respirar por um momento. Não podia ter cinco minutos para se sentar e ter uma conversa decente com Rev, onde eles não mencionariam mais um talão de cheque prestes a vencer ou as queixas dos vizinhos sobre as músicas que Felicity andava ouvindo alto demais.

A união de Adonis e Reverie se baseava em queixas, gastos e frustrações.

E aos fins de semana, quando ele acreditava que teria um pouco de paz para descansar, ele acabava sentado ao lado de seu pai — um macho feérico com uma rara habilidade de se metamorfosear em uma besta, cujas orelhas pontudas o fazia ter de evitar sair de casa e andar pelos bairros do lado sul da cidade, habitada por humanos, onde moravam, graças à divisão das espécies iniciada há séculos — e ouvia um discurso desmotivador e decepcionado de sua mãe — uma humana que ousara ir contra a rixa que existia entre as espécies aí se relacionar com um macho feérico — que adorava jogar em sua cara que ele devia ser o maior astro da atualidade se não tivesse jogado tudo para os ares para se dedicar a sua família, então que o fizesse corretamente.

Aparentemente, ele estava fazendo errado. E não conseguia ver onde estava errando, porque em vez de apontarem o exato ponto em que ele estava errando, as pessoas vinham preferindo condená-lo.

Quase sempre ele se pegava questionando-se silenciosamente qual seria a reação de sua família, o que diriam, se ele simplesmente abandonasse o emprego e começasse a atrasar as contas, então deixar faltar comida, roupas, sapatos e todas as outras coisas inúteis que sua filha e parceira costumavam gastar seu suado dinheiro. Então ele parava e refletia. Pensava que talvez estivesse reclamando demais, que talvez ele não estivesse vendo pelo lado positivo.

Mas então começava tudo de novo e ele desistia de ser positivo.

Uma vez, ele procurou Rev na cama, tentou deslizar a alça de sua camisola fina de seda do ombro, mas ela o estapeou na mão e disse que ele precisava pedir desculpas à Felicity por ter gritado com ela antes do jantar, e só então ela pensaria em recompensá-lo.

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