A queimação em meu estômago causa um certo incômodo e eu ofego, buscando ar.
Eu e Eros ainda estamos nos encarando.
—Preciso beber essa merda também?— O garoto questiona, e por mais que tente disfarçar, está claramente atordoado.
—Precisa.— Assinto, me recompondo.
Tão ofegante quanto eu, Eros vai pisando nos corpos jogados no chão e eu me surpreendo ao vê-lo desviar dos corpos das garotas. Quando para em frente à mesa, pega um copo e o vira sem nem mesmo questionar o quê tem dentro, como todos os outros.
—Leroy.— Ele chama e eu volto minha atenção para si.
Ergo minhas sobrancelhas em resposta.
—Nunca mais faça isso.— Franzo meu cenho, em confusão.
—"Isso" o quê?
—Me beijar. Nunca mais encoste essa sua boca suja na minha.— Meu olhar escurece.
O calor que sinto em meu estômago vai se alastrando por todo meu corpo, dessa vez, por conta da raiva.
—Acha que eu fiquei feliz por ter beijado você, Eros?— Gargalho.
—Sei que ficou.— O loiro me provoca, com a voz mais baixa.
—Disse o idiota que me apertou com tanta vontade, que não quis me soltar.— Ele se cala imediatamente, travando o maxilar.
Começo a amaldiçoar Angeline mentalmente, mas sei que, no fundo, também tenho uma parcela de culpa. O quê me deixa mais furiosa em relação à essa situação é o fato de o sedativo estar demorando para surtir efeito no garoto à minha frente. Sua presença me irrita, não é algo que consigo controlar.
Quando volto minha atenção para Eros, ele está aéreo, olhando o teto. O loiro pisca sem pressa, e seu corpo pende de um lado para o outro, buscando algum equilíbrio. É incrível como até chapado, seu rosto permanece com um semblante amargo.
—Caralho, essa merda é boa.— É a única coisa que ouço, antes do baque que seu corpo causa ao ir de encontro com o chão.
Sorrio de sua fala, enquanto procuro o número de Dylan no meu celular.
—Alô? Aélis?
—Olá, Dylan.
—Eu disse que funcionaria. Digo, o sedativo funcionou, não funcionou? É este o motivo de estar me ligando. Ah não, não me diga que a polícia descobriu e você está presa!— Noto o medo em sua voz.
—Ninguém foi preso, pelo amor de Deus! E sim, funcionou. Apresse-se, temos trinta corpos para levar até Las Vegas.
—Indo, gatinha.— Ele encerra a chamada logo em seguida.
Para o último trote do mês, decidi que iremos até Las Vegas, porque além de ser um de meus lugares favoritos, é o local mais próximo onde ocorre rachas.
Las Vegas é a primeira cidade depois de Winter Hill e são, no máximo, 35 minutos de carro. Quase não há fiscalização nas estradas e é uma cidade conhecida pela grande maioria de nós. Então pode parecer loucura levar toda essa gente para lá, mas não é nada de outro mundo. Quanto a sermos parados, não posso afirmar nada.
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𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐂𝐄
FanfictionPortando um dos nomes que compõe a elite de Winter Hill, Aélis Leroy é como uma linha tênue entre o céu e o inferno. Líder de um grupo de delinquentes, a garota desconhece a palavra "limites" quando o assunto é acerca dos irmãos Zimmer. Já os gêmeos...