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❰2.7❱

"Pack"

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OLLIE IMAGINOU QUE A MORTE seria desorientadora.

A verdade? Foi meio chato.

Ele não se lembrava de quase nada daquela noite. Apenas pedaços; fragmentos desde o momento em que foi baleado até o momento em que ficou imóvel no chão. Ele desejou ter visto algo um pouco mais visceral; talvez um rosto, uma voz, uma imagem. Qualquer coisa era melhor do que ficar ali deitado na escuridão total. Sentir-se como se estivesse esperando que algo milagroso ou horrível acontecesse.

Ele nunca descobriu o que estava esperando, pois uma dor alucinante no ombro incendiou seu sangue e o trouxe de volta à vida.

A primeira coisa que ele experimentou foi uma luz branca penetrante, e ele presumiu por um momento que fosse algum tipo de último truque antes de mandá-lo para o inferno. Um final "você pensou!" antes de considerar sua eternidade; mas em vez disso, ele ouviu o som vago do vento do lado de fora de uma janela. E um tenor agudo que parecia o latido de um animal.

A luz branca transformou-se em ladrilhos de linóleo. Ele descobriu que seus olhos estavam se abrindo; seus sentidos estavam entorpecidos e enevoados, como se ele tivesse acabado de acordar de uma cirurgia. Ele sentiu uma superfície pontiaguda sob suas costas, seu pulso caiu para fora da mesa e sentiu um cheiro forte de anti-séptico. Como se ele estivesse em um hospital.

Ele respirou fundo e descobriu que doía. Seu peito doía como se suas costelas estivessem quebradas novamente, e sua garganta estava tão seca que sentiu gosto de sangue quando tossiu. Ele rolou para o lado para tentar ver o que estava ao seu redor; mas caiu da maca pequena; batendo no chão com um grunhido. Ele engasgou, virando-se de costas, mas não conseguiu reunir forças para ficar de pé. Era como se alguém tirasse toda a força de seu corpo e canalizasse para fazer seus músculos doerem. Ele olhou para o teto, mas não era familiar. O chão estava frio e a maca em que ele estava deitado era fria. Talvez ele estivesse morto e fosse isso que ele enfrentaria. Fraqueza e confusão; vagando em um mundo que ele não conseguia reconhecer.

Foi quando um rosto entrou em sua visão. Estava embaçado no início, mas caiu em foco quando Ollie semicerrou os olhos em direção à luz. Um toque de familiaridade perfurou sua pele e ele quase chorou de alegria ao perceber que era o chefe de Scott. O homem que uma vez ele bateu na cabeça com seu taco de beisebol. Deaton - ele era real; e seu toque era surpreendentemente quente quando ele se abaixou e agarrou os braços de Ollie; levantando-o com uma força surpreendente.

O menino tropeçou, sentindo-se tonto enquanto segurava com força a beirada da maca. Ele gemeu, apoiando-se nos antebraços e caindo de joelhos, pressionando a bochecha no aço frio.

Deaton sorriu, ajoelhando-se ao lado dele. Ele começou a falar, mas Ollie não entendeu uma palavra do que ele estava falando. O inglês poderia muito bem ser um jargão completo; ele gostaria que Deaton falasse espanhol. Só alguns momentos depois, quando repetiu as palavras, é que compreendeu. "É bom ver você acordado."

Ollie fez uma pausa antes de falar com uma voz tão rouca que não parecia a sua. "O que aconteceu?"

O rosto do homem pareceu escurecer, uma sombra lançada sobre seus olhos. "Vamos colocar você de volta naquela cama."

Ollie fez o possível para ajudar, passando um braço em volta dos ombros do homem enquanto o ajudava a se levantar. Não deve ter sido fácil - Ollie tinha quase um metro e oitenta de altura e não era exatamente magro, mas Deaton fez isso sem reclamar. Ollie caiu de costas, um braço pendurado sobre os olhos para bloquear a luz forte, e respirou fundo para combater a náusea. Ele ouviu a voz de Deaton, nítida e clara na sala silenciosa. "O que você lembra?"

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