"Aparências, nada mais
Sustentaram nossas vidas
Que apesar de mal vividas
Têm ainda uma esperança de poder viver"— aparências, Márcio Greyck
Dalilah point of view
Todos invejam pelo meu lugar, e isso me irrita.
Se soubessem que não é um terço das mil maravilhas que supõem, não falariam disso, tenho a plena certeza.
Lógico que ter tudo na minha mão a hora que eu quero é maravilhoso, fora as roupas e bajulações que ganho. Mas estaria mentindo se dissesse que sou cem por cento contente com minha vida. Me sinto presa, sufocada.
“Dalilah, não faça isso.”, “sabe que não pode se comportar assim, Dalilah”, “não revire os olhos assim, é desrespeitoso, Dalilah”. Dalilah isso, Dalilah aquilo.
Fui criada para me tornar a esposa do futuro rei que vir aparecer, e isso não quer dizer que eu, a noiva, vou escolher. Andreas, meu pai e rei atual de euraklion terá a palavra final. Até agora não ficou satisfeito com nenhum pretendente. E sinceramente, não sei se é um alivio para mim, ou se devo ficar mais desesperada, de na falta de esperanças, ele escolher qualquer um que aparecer.
Mas, acho que o generoso rei Andreas não puniria sua amada princesa. Não dessa maneira, pelo menos.
Termino de vestir minhas vestes, com ajuda da criada e me sento para a mesma arrumar meus cabelos loiros. Uma característica minha que muitas matariam para ter, meus cabelos chamam atenção por onde quer que eu passe, são tão louros quanto o sol, que brilha na manhã lindamente, e tão sedosos e macios que um vestido de seda, importado exclusivamente para realeza.
— Acha que Andreas vai encontrar o futuro rei logo? — pergunto sorrindo e olho pro espelho para mulher que estava arrumando delicadamente meu cabelo.
Ela balança seus ombros, como forma de demonstrar que não faz a mínima idéia. Outra coisa que deixei de mencionar: Andreas (rei de euraklion) deu a palavra de proibição para qualquer empregado do castelo que falar comigo casualmente, se a “lei” for descumprida, o calabouço é o mínimo que ocorrerá para o indivíduo.
Suspiro de frustração, são anos tentando ao menos trocar uma palavra com qualquer outra pessoa que não seja minha mãe (Frisa, rainha de euraklion) ou meu pai. Tinha aulas de etiqueta até meus 13 anos, para saber me portar como uma dama e esposa do futuro de meu reino, mas essas se cessaram, após Frisa decidir que dali em diante, ela iria me ensinar a maneira correta de uma esposa e mulher.
Me levanto após sentir que estou no mínimo formidável e vou de encontro a sala de refeições, no caso refeições da família imperial, encontrando os dois em seus devidos lugares.
Faço uma reverência breve e me sento em meu respectivo assento, ficando um silêncio de dois minutos.
— está atrasada. Acha que o futuro rei tem tempo de sobra para esperar a sua boa vontade de aparecer para tomar café? — Andreas diz, em seguida tomando seu café em um gole pequeno na ponta da mesa. Na outra ponta se encontra a rainha, que para de cortar o que quer que seja que está em seu prato para me encarar.
— minhas sinceras desculpas, vossa alteza. Não irá se repetir, eu prometo. — digo fazendo a menção de olhar para Andreas, mas voltando o olhar para meu prato no segundo em que sinto seus olhos de julgamento sobre mim.
— não prometa algo que não pode cumprir, Dalilah Widsney. Espero que isso realmente não aconteça novamente, ao contrário, acharei que minha amada esposa não anda fazendo seus deveres como planejado. — a voz dele é firme, e pelo canto do olho, o vejo encarar minha mãe com uma feição autoritária. A rainha, solta seus talheres delicadamente sob o prato e ergue seu rosto, abrindo um sorriso que, sei que é totalmente falso, já que convivo mais com ela do que com qualquer outra pessoa deste reino.
— acontece, meu amor, que a nossa filha não se empenha em aprender a ser uma boa esposa, fazendo assim, eu ter um trabalho árduo, mas eu necessito de descanso, se eu aparecer com olheiras de repente, o que será que irão comentar? Eu, a rainha, não consegue descansar em seu próprio castelo. Isso seria uma catástrofe, sem dúvidas. — diz calmamente e faz o típico drama diario de Frisa, encarando o rei.
Como estou cansada dessa falação logo pela manhã, me levanto graciosamente de meu lugar e faço uma reverência para vossa majestade, saindo do cômodo logo em seguida.
Não ficou do jeito que eu queria, mas acontece.
Quis trazer nesse capítulo uma base do dia a dia de nossa queridissima princesa. Estou pensando em me aprofundar mais no relacionamento dos pais de Dalilah, só tô esperando a coragem bater.
De prontidão, já me desculpo com os erros ortográficos. Tô morta de sono e ansiedade (acho que como é a primeira vez publicando alguma coisa é totalmente normal).
Sem previsão pro próximo cap. Pode ser amanhã, daqui dois dias, cinco. Enfim, depois me organizo sobre isso e aviso vocês.
Coloquei uma música de Márcio Greyck, acho que é basicamente isso. Esse trecho é a base da família Widsney todinha!
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A arte de abrir os olhos
Random"Uma história onde a desigualdade social é gritante. Será o amor, capaz de mudar anos de diferença de classe?"