Coração feito de vidro, e a mente feita de pedra Rasgue-me em pedaços, da pele ao osso Olá, bem-vindo ao meu lar
Lovely — Billie Eilish
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A música clássica preencheu o local quando entrei, pude ver pessoas com vestes caras e extravagantes espalhadas pelos cantos do salão, com acessórios que valiam uma casa e sapatos impecáveis. Mamãe também estava impecável, com seu vestido vermelho vinho e seus saltos pretos.
Eu tentava respirar com facilidade mas o espartilho do vestido roxo o qual vestia apertava minha cintura fazendo a busca por ar se tornar impossível. Mamãe me ensinou alguns detalhes sobre como me portar hoje a noite e um deles já havia ido ao ralo.
Eu agarro uma taça de vinho do garçom que passava ao meu lado, dando um sorriso amigável a ele. Eu me juntei aos meus pais que dialogavam com algumas pessoas em uma roda.
Eu acho que nunca vi tanta gente podre de rica trancada em apenas um lugar só. Eu ajeitava meu vestido com as mãos tentando disfarçar o nervosismo que aflorava por dentro de mim. Eu me sentia um peixe fora da água, porque eu nem sequer sei andar como as mulheres mais velhas e perfeitas daqui.
— esta é minha filha, Sienna Belchior — mamãe me apresenta para a roda, os olhares sendo todos direcionados a mim.
Senti minhas bochechas esquentarem, sem saber como agir, aceno tentando parecer o mais calma possível.
Sinto o ar sendo roubado de mim de repente, talvez seja o espartilho me sufocando. Uma família entra na roda, o homem e a mulher cumprimentam a todos com um aceno educado de cabeça, antes de um garoto entrar junto a eles.
Não era qualquer garoto.
Era ele.
Eu senti minha pressão baixar um pouco conforme seu olhar se achava com o meu. Ele sorriu minimamente antes de tomar um gole de seu vinho e mergulhar suas mãos no bolso da calça social que vestia.
Seus olhos escuros estavam me observando com cautela, o cabelo ruivo cortado perfeitamente e ele ainda tinha as pintinhas em seu rosto visíveis. Eu não queria vê-lo aqui, mesmo sabendo e tendo a certeza que o encontraria, eu ainda estava surpresa e com dificuldade em puxar o ar para meus pulmões.
Eu desviei meus olhos dos dele e foquei minha atenção na conversa das pessoas mais velhas, vi pela visão periférica ele se inclinar e murmurar algo para sua mãe, antes se retirar da roda. O vi passar entre as pessoas, com sua taça de vinho nas mãos e seu modo de caminhar autoconfiante.
