Ele Joga Basquete Com o Meu Namorado

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Khaotung


  "Ele praticamente te comeu com os olhos" Praew diz enquanto andamos pelo corredor da enfermaria do hospital. "É sério! Como é o nome daquele super-herói que solta laser?"

  Respiro fundo. É um final de plantão e não tenho energia mental para essa conversa.

"Sei lá, Praew. Você mudou a dieta da paciente da cirurgia cardíaca?" 

  Jay, nosso amigo fisioterapeuta, se enfia entre nós e usa nossos ombros como apoios para os seus braços.

  "Ciclope? Superman?"

  Olho para ele.

"Quem é Ciclope?"

  "Um mutante que projeta raios de energia concussiva dos olhos." Meu amigo se anima. Sabia que ele—"

  "Entendi, Jay, valeu." Também não tenho energia mental para perguntar o que é energia concussiva.

   Chegamos á sala de nutrição e Praew a abre.

  "É o Superman" ela diz. "Você tinha que ver. Se aquele First tivesse esse poder tinha destruído as roupas do Khaotung na hora."

  "E o Khaotung inteiro no processo..." Jay se senta em uma das cadeiras giratórias e move os pés para fazer ela rodar. "Não dá pra queimar só as roupas."

  Praew ri. "Mas tenho certeza que era o que ele queria."

  Pego a minha mochila em um dos armários e finjo que não estou ouvindo essa conversa. Fico olhando através da janela que dá para o lado de fora do hospital enquanto a chuva cai.

  Só quero ir embora, descansar um pouco e sair com o Khaen mais tarde. Meu estômago ronca com a imagem mental de comida japonesa — a que eu quero para hoje — e eu digo para ele esperar só mais um pouquinho.

  É sexta-feira á noite, depois de uma semana exaustiva. Eu mereço isso. Mereço sair com o meu namorado e ter uma noite tranquila. Só eu e ele, no nosso restaurante favorito em Chiang Mai.

  Qual briga pode ser grande demais para resistir á isso?

  Vou sorrir mais, ser mais divertido, e não ficar entediado quando ele começar a falar sobre as estatísticas dos jogadores da NBA. Juro que vou tentar.

   Depois de sete anos de relacionamento as coisas podem ficar um pouco... mornas. A gente não transa há quase duas semanas, e acho que ele nem se deu conta disso. Mas a culpa é mais minha do que dele. Eu tenho trabalhado demais. E depois daquele dia... eu posso ter ficado um pouco distante, e mais defensivo. E isso tornou as coisas ainda piores.

  Mas hoje vou dar um jeito nisso. Vamos sair, nos entupir de salmão, voltar para casa para ver aquele filme que ele estava maluco para ver. E depois, quando estivermos confortáveis debaixo das cobertas, vou arrastar meu pé pela canela dele e o beijar como se fosse o último dia das nossas vidas. Lembrar ele do porquê se apaixonou por mim há sete anos atrás.

  E então tudo vai estar resolvido.

  Sorrio com a ideia. É um bom plano ou não é?

  Minha amiga me traz de volta á terra.

  "Vamos?" Ela me cutuca. "Tá pensando no que, heim, Khaotung?"

"No quanto eu vou dormir esse final de semana." Eu me espreguiço, tiro o jaleco e guardo em uma bolsa. "Vou hibernar."

  Não tive coragem de contar para ela sobre a coisa com o Khaen. Eu sei o que ela vai dizer, e já ouvi esse papo antes.

  Coloco a mochila nas costas e nós saímos da sala. No caminho para bater o ponto, Praew vê o medico da UTI — o que ela diz que é tão gostoso que chega a ser uma ofensa — e sorri. 

Os Segredos Que Só Você SabeOnde histórias criam vida. Descubra agora