𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓, Brian O'Conner.

002.

DAYLIGHT
002. | Los Angeles

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SENTADA NO SOFÁ DE SUA CASA, Candice encarava há cerca de cinco minutos o maldito livro que recebera da nova pediatra. Lizzie estava deitada no bebê conforto, entretida com um mordedor de brinquedo, mas com seus grandes e arredondados olhos fixos na mãe, como se estivesse prestando atenção em cada movimento dela.

Candice se encontrava perdida em seus pensamentos, lembrando-se da cena que ficou marcada em sua mente assim que pisou no consultório e sentou-se em uma das cadeiras para esperar ser chamada. Ela costumava observar minuciosamente cada mãe presente na sala de espera — apesar das poucas vezes que tinha estado ali —, mas, diferente das outras vezes, seus olhos pararam em uma menina, que aparentava ter a mesma idade que a sua, segurando um recém-nascido nos braços ao lado de uma mulher mais velha, possivelmente sua mãe.

Aquela simples cena desbloqueou todas as lembranças dolorosas do passado com sua própria mãe. Por um único instante, sentiu uma pontada de inveja daquela menina, porque gostaria de ter sua mãe por perto nesses momentos em que sentia medo por Lizzie. Na verdade, ela adoraria ter tido sua mãe durante toda a fase de sua gestação e até mesmo quando ouviu o primeiro chorinho de sua filha.

As lembranças continuavam invadindo sua mente, levando-a de volta ao dia em que seus pais descobriram sua gravidez por um pequeno deslize que cometera sem querer — deixar o papel do resultado juntamente com o teste dentro da gaveta de seu quarto não havia sido uma ideia tão boa quanto imaginara na época. Mas ela estava com medo e desesperada. Havia milhares de pensamentos surgindo em sua mente quando ambos deram positivo, então não podia se culpar por pensar que aquele seria o melhor lugar para esconder suas coisas.

Candice se lembrava claramente de entrar em casa após ter passado no trailer de Brian para contar sobre sua gravidez e conversar sobre o que os dois fariam dali para frente, ou como contariam para Elizabeth e William sem que as reações deles fossem devastadoras. Antes que ela pudesse continuar raciocinando sobre a notícia que contaria em alguns dias, caminhou até o seu quarto e teve a péssima surpresa de ver suas malas arrumadas em cima da cama.

Seus pais estavam lá com expressões severas, o suficiente para que ela nem precisasse perguntar o motivo. Elizabeth, sua mãe, foi a primeira a falar, com uma voz fria e distante que fez todo o seu corpo tremer levemente enquanto sentia seu coração bater rapidamente.

— Quem é o pai? — perguntou, os braços cruzados e o olhar firme em direção à filha.

— Mãe, eu posso explicar...

— Responda a sua mãe, Candice! — William alterou a voz.

A garota se encolheu levemente e manteve em silêncio por alguns segundos, ainda processando o que estava acontecendo e sentindo uma pontada no coração por saber que iria magoá-los profundamente, traindo a confiança deles pela primeira vez.