O sangue é com certeza um material muito interessante. Fato é que sua cor é vermelha, mas você já tentou replicá-la? É necessário combinar diversas cores e para chegar atingir a exclusividade de tons do sangue, acontece que a sua espessura, transparência e densidade constantemente modificam seu comportamento com diferentes materiais. O sangue fresco escorrendo das narinas do homem é vermelho escuro, quase preto, devido à quantidade agrupada em um só local, já em suas costas, ele é translúcido, como foi espalhado e atritado diversas vezes, diminuindo sua concentração ao cobrir mais área. O líquido empoçado pelo chão possui a mesma composição, mas se encontra em um meio termo em quesitos de transparência, pois como há muito dele, o pigmento é forte, mas ainda é possível ver o velho azulejo branco através, uma vez que ele se esparrama, tingindo o quarto de escarlate.
As cores são o que dá vida à rotina, o que faz o dia a dia ser prazeroso. Assim como a música, as cores são mais do que capazes de tocar o coração com mil dedinhos que o apertam, criando uma sensação de sufocamento estranhamente confortável. É triste ter consciência de que somente você vê o mundo com tais olhos, pois enquanto você está focado nos belos tons de azul vibrante criados por puras camadas de água, outra pessoa se embeleza com o lindo amarelo cádmio dos girassóis que dançam perseguindo o sol, plantados em espirais no solo verde, que por sua vez possui seu próprio encanto. Mas ainda é reconfortante que a composição de tons vista por todos, só é apreciada de tal forma por ti, afinal, a beleza é relativa, e este é o seu paraíso pessoal.
Em minha opinião, só existe uma visão mais encantadora que observar sangue colorindo qualquer superfície com seu rebu enferrujado, e esta é a paisagem criada pelo gritante brilho dos olhos azuis do sujeito. E como eles são profundos... é como se a satisfação de finalmente adicionar os últimos pontos de luz a uma pintura se repetisse eternamente enquanto se encara estes belíssimos fragmentos de alma.
Oras, onde estão as minhas tão clamadas habilidades de escrita?! O tal garoto na verdade nem mesmo um garoto é. Will cipher, um demônio dos sonhos, é o tal sujeito dos olhos de diamante azul. É possível que encontre informações sobre ele em sites subestimados de historiadores quebrados, contos urbanos que se perderam com o passar dos anos, ou, a melhor fonte confiável, os diários universais. Talvez eu entre em mais detalhes sobre estes depois, estamos perdendo!
"Por favor, prometo não o fazer novamente, tenha piedade, senhorita Gleeful!" Chora o coitado, em puro pânico. Sua voz, apesar de distorcida em estática, semelhante a de uma televisão velha, ou ao ruído de um rádio físico ao mudar o canal, está fraca, quase inaudível. Ele costuma falar assim quando está com medo.
Mesmo ouvindo à sua súplica com precisão, a outra figura presente no quarto continua chicoteando as costas já destruídas do cipher.
Droga, não gosto de o chamar assim...
"Vamos, Will, talvez se você implorar com mais gosto eu possa ter um pouquinho de pena!" Com um sorriso divertido, e um tom de ironia inquietante, Mabel Gleeful provoca. Já estava na hora de apresentar os gêmeos, mas não temos muito tempo. Mabel e Dipper gleeful, dois psicopatinhas dissimulados que cresceram com mimo, dinheiro e contato com magia demoníaca (até demais). É isso que dá quando se oferece fama gratuita à crianças irresponsáveis, estes dois são performistas e pop stars da cidade. Essa garota é cruel, sinceramente me deixa com pena. Lembra dos diários que eu havia mencionado? Eles estão tentando encontrar o segundo atualmente.
Will apenas permaneceu chorando, acho que finalmente entendeu que não vale a pena.
"Ugh, você é tãão chato, William. Espero que tenha aprendido a sua lição, haha!" E assim, deste jeito despreocupado mesmo, a garota joga o chicote dentro de sua maleta, e sai do quarto, deixando-o para trás. Will estava sendo punido por ter falhado em atender todos os fãs que queriam fotos a tempo da cabana fechar.
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Reverse falls- Lápis lazuli
FanfictionÉ inútil condenar a bestialidade, pois, o ser humano pode ser mais caótico que a própria besta.