Prologue

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Diego Martins.

Esse era o nome que rodava a cabeça de Amaury naquele exato momento. O garoto que recém havia feito vinte anos e que vivia dentro da sua casa há pelo menos dois meses. Não entendia direito a relação que ele tinha com Beatriz, sua irmã mais nova, mas como um irmão protetor, já havia questionado o garoto se era ele quem o preto deveria atirar pela janela.

Em um sábado costumeiro, Amaury acabara de chegar em casa, carregando consigo o cheiro de cigarro e bebida da noite passada. As festas em repúblicas da faculdade não costumavam acabar tão tarde.

Achava de uma besteira sem tamanho não largar a casa em que morava com os pais para fazer faculdade fora. Entretanto, sabia que várias mordomias que lhe eram oferecidas, não ia conseguir morando sozinho.

Lá estava o tormento de Amaury. Sete horas da manhã de um sábado, Diego estava na cozinha de sua casa, conversando com as empregadas e preparando o café da manhã que já estava na mesa.

- Se mudou pra cá agora?

- Bom dia, Amaury... - o ruivo respondeu, já tão acostumado com o mau humor do preto ao vê-lo sempre por alí.

Amaury pegou três bolachas salgadas dentro do pote, fixando o olhar em Diego e saindo, enquanto enfiava uma em sua boca.

Diego cursava artes cênicas. Saiu de casa com dezessete anos para fazer faculdade em São Paulo, entretanto, o sonho de morar sozinho as vezes lhe era solitário. Por isso, vivia ali, na casa de Beatriz, sua melhor amiga desde que começaram a cursar a mesma matéria, naquele semestre.

Já tinham se visto vez ou outra pelos corredores e também sabia da má fama de Amaury, seu irmão. Diego era conhecido como um nerdola entre seus colegas de classe, sempre mantinha a postura de bom moço e Amaury não acreditava muito nessa castidade toda.

- Bom dia, meu amor! - foi abraçado pela mãe de Beatriz, assim que levou a bandeja para a sala de jantar. - Dormiu bem?

- Como um anjo. - sorriu e se sentou ao lado da mulher. - Sabe, dona Maria... Eu gosto tanto de vir pra cá.

A mulher sorriu, encantada com a doçura de Diego.

- Você pode vir pra cá sempre que quiser. Você sempre será acolhido.

Diego sorriu de volta, virando os olhos para a porta, vendo Beatriz entrando na sala de jantar nas costas de Amaury, que negava a ressaca a todo custo, apesar dos olhos baixos denunciarem bem sua situação.

- Bom dia! - Beatriz falou alegre.

- Você chegou agora né Amaury? - sua mãe perguntou. - Eu nem vi que horas você saiu ontem, vamos maneirar um pouco essas saídas?

Amaury serviu sua xícara de café em silêncio, não estava com cabeça para discutir aquela hora da manhã, muito menos com o "cabeça de fósforo", como havia apelidado, sentado a mesa.

- Fica tranquila, dona Maria de Fátima. Eu tô ótimo, tá? E hoje tem uma festinha incrível na casa do Pedro. - disse de boca cheia. - A senhora deveria se preocupar com o casalzinho aqui todo final de semana grudados.

Beatriz estalou um tapa em sua nuca ao momento que Diego engasgou.

- Para de falar merda logo cedo, nós somos amigos. - Beatriz respondeu de forma ríspida.

- Parem vocês dois. - Maria falou, respirou fundo e tomou sua decisão. - Você só vai nessa festa se levar a sua irmã e não tem conversa.

Amaury arregalou os olhos e Beatriz entrou em pânico. Odiava festas universitárias. Começaram a falar juntos que não ela poderia fazer isso, pois não era justo com nenhum dos dois. Amaury ia virar babá da irmã mais nova e provavelmente não pararia na cama de alguém que lhe desse mole.

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