Não havia nenhuma razão para isso, nenhuma mesmo.
Elas nunca fazem esse tipo de coisa de qualquer maneira, então Enid não sabe por que fez isso.
E agora ela não consegue tirar da sua mente aquele olhar confuso e quase chocado que Wandinha tinha enquanto ela fazia aquilo.
✨🐺🌕🐦⬛✨
Wandinha mal tolera seus abraços; na maioria das vezes, ela nem concede a Enid a capacidade de levantar os braços antes de negar seu afeto. Ela pode contar nos dedos de uma mão quantas vezes Wandinha a deixou abraçá-la no ano passado. A resposta? Três.
Agora, quatro! Enquanto Enid animadamente puxou a menor para seus braços antes que ela pudesse recusar a oferta e a apertou fortemente.
A última vez que se abraçaram, Wandinha ficou incomodada com o jeito que o cabelo dela cobria a maior parte do rosto da gótica, comentando: "O ato de sufocar-me é um pesadelo terrivelmente pessoal meu. Prefiro que o conforto venha de um travesseiro ao invés do seu cabelo".✨🐺🌕🐦⬛✨
Não havia outros pensamentos em sua mente além da lembrança excessiva de que ela precisava sair agora mesmo, antes que se atrasasse. Ela só tem mais uma falta antes de as ações disciplinares lhe serem apresentadas.
Não havia qualquer pensamento, nenhum mesmo. Isso nem sequer era uma rotina normal para ela, para que ela culpasse uma memória muscular inexistente. Ela só estava com pressa. Uma Enid apressada deu um sorriso largo antes de se inclinar, dar um selinho rápido nos lábios e dizer: "Até mais, Wandinha".
Como se já tivessem feito aquilo milhares de vezes.
Mas elas jamais fizeram isso. Tipo, nunca.
Assim que ela se afasta, fica mortificada com suas ações. Seu rosto arde ainda mais quando ela vê o olhar atônito de Wandinha antes de a garota se recompor, ajeitando o blazer preto e afastando-se rigidamente. "Muito bem, adeus."
O rubor chegou às pontas de suas orelhas, suas garras se esticaram para fora antes de retraírem de volta em um movimento repetitivo. O que ela acabou de fazer...
Isso foi terrível! A pior coisa que já aconteceu com ela! Isso supera até a humilhação que sentiu quando não conseguiu se transformar em loba nos primeiros dezesseis anos de sua vida. O que ela deveria fazer quanto a isso?
O que ela poderia fazer!?! Deus, ela acabou de beijar sua melhor amiga, na boca. Ela beijou Wandinha Addams.
Oh, não! Dessa vez ela pode realmente me matar...
✨🐺🌕🐦⬛✨
É só isso que ela consegue pensar durante toda a aula. Ela tenta pesar os prós e contras dessa situação. Wandinha levou isso... surpreendentemente bem? Faz vinte minutos desde o selinho repentino e Enid ainda tem todas as partes do corpo.
Sua mente não para de relembrar, prestando atenção ao professor por aproximadamente 0,6 segundo antes de pensar no beijo novamente. É literalmente tudo em que ela consegue se concentrar.
Ela foi tão idiota!
Ela não acha que foi um beijo ruim, muito pelo contrário. Sua colega de quarto tem lábios surpreendentemente macios.
Se bem que os de Enid poderiam estar ressecados... De todos os dias, ela se esqueceu de passar protetor labial de novo, justo hoje. Que idiotice!
Também pode não ter sido tão estranho, pode até ter sido engraçado. Foi um ato falho bobo, que foi principalmente constrangedor. Provavelmente teve mais a ver com o fato de ter sido especificamente com a Wandinha, de todas as pessoas.
Ela só espera que a Wandinha não comece a se afastar dela. Enid se esforçou tanto para fazer com que elas se aproximassem e, quando isso não funcionou, acabou por acontecer naturalmente. E todo esse progresso pode se perder em um instante por causa da maneira estupidamente precipitada como ela agiu!
✨🐺🌕🐦⬛✨
Yoko é a primeira a notar como ela estava agindo estranho, não tão falante como normalmente é. Enid a tranquilizou, afirmando que não há nada de errado, e mentiu dizendo que ela não conseguiu dormir bem na noite anterior. Mas na realidade todas as suas preocupações estavam levando-a diretamente ao selinho que ela compartilhou com sua melhor amiga.
Enid geralmente fica super animada para ir ao dormitório depois da aula. Era a melhor parte do seu dia. Ela podia se jogar na cama, pintar as unhas do Mãozinha e tagarelar sobre o seu dia para sua colega de quarto, a qual ela sabe que nem sempre está prestando atenção.
Mas ela está apavorada agora.
Suas costas formigam de nervosismo, as garras se estendendo novamente, porque ela sabe que ela já está lá. Ela pode sentir seu cheiro antes de vê-la e conhece sua fragrância como a palma da sua mão.
Ela não poderia dormir fora, poderia? Para onde mesmo Wandinha sempre ameaçava expulsá-la? Para a casinha do cachorro?
Estava ficando tarde, e Enid estava ficando sem desculpas para não estar na cama ainda. Ao abrir a porta lentamente, ela vê que Wandinha está sentada em sua escrivaninha, digitando em sua máquina de escrever. Sua digitação fica mais lenta, obviamente ciente de que Enid entrou.
Uma sensação terrível se instala novamente na boca de seu estômago, e Enid se arrasta para seus cobertores e bichinhos de pelúcia. Wandinha não diz nada, e Enid sabe que é melhor não interrompê-la durante seu tempo de escrita.
Se ambos concordarem silenciosamente em não falar sobre o que foi aquele beijo, Enid se recusa a ser a única a tocar no assunto.
✨🐺🌕🐦⬛✨
• Todos os direitos reservados a im_yeojin, autor(a) do título "Accidental Kisses and Possibly a Body Bag", publicado originalmente em inglês no AO3 •
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beijos ao acaso e possivelmente um cadáver
FanfictionNão havia nenhuma razão para isso, nenhuma mesmo. Elas nunca fazem esse tipo de coisa de qualquer maneira, então Enid não sabe por que fez isso. E agora ela não consegue tirar da sua mente aquele olhar confuso e quase chocado que Wandinha tinha enqu...