Capítulo 1

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O ambiente fervilhava com a tensão do jogo, minha respiração descompassada ecoava em meus ouvidos enquanto tentava recuperar o fôlego. Com a mão sobre o peito, contei até dez, buscando acalmar os ânimos. A partida estava em nosso favor, 2 a 0 fora de casa, uma vitória que se desenhava como um alento. Ao observar Cole ajoelhado, concentrado em amarrar suas chuteiras, notei sua expressão sombria, destituída de qualquer traço de jovialidade. Hoje não havia espaço para brincadeiras, não quando o calendário marcava o fatídico 10 de dezembro, o aniversário de morte de Jude.

Desviando-me dos pensamentos sombrios, aproximei-me do volante do time, Nate, engajado em uma conversa com o treinador enquanto hidratava-se. Servi-me de uma garrafa de água, atentando-me à troca de palavras entre eles.

"Treinador, Cole está em outro mundo. Não está rendendo em campo e desperdiçando oportunidades", resmungou Nate, incitando minha curiosidade.

O desgraçado sugeria, sem rodeios, que o treinador o substituísse faltando apenas dez minutos para o fim da partida. Arqueei uma sobrancelha, esboçando uma expressão de desaprovação, antes de lhe dirigir um empurrão leve.

—Treinador, na minha opinião, não deveríamos retirar Cole. Faltam apenas dez minutos, e estamos na vantagem.-retruquei, fixando um olhar perscrutador em Nate.

Ele assentiu, concordando com meu ponto de vista, mas recomendou que eu conversasse com Cole e o instigasse a focar no jogo, deixando de lado quaisquer distrações. Assenti, murmurando um breve "ok", antes de me dirigir a Cole, que me fitava com uma expressão desinteressada.

—Sem sermões, Nate já está enchendo o saco.-queixou-se, erguendo-se.

Sem sermões, só quero que você preste mais atenção. Charles está aqui.-lembrei-o, apontando para nosso irmão na primeira fileira das arquibancadas, segurando um cartaz que o igualava em tamanho.

Ele concordou e retornamos ao jogo. Dois minutos antes do apito final, Cole marcou um gol e comemorou como de costume, desenhando um 'L' com as mãos em direção à câmera, em homenagem à nossa mãe.

Após o jogo, no vestiário, o treinador nos parabenizou, e eu tomei um banho demorado para me livrar do suor. Ao sair, avistei Charles em pé, conversando ao telefone. Ele sorriu ao me ver e logo me entregaram o celular, revelando o rosto radiante de nossa mãe do outro lado da linha.

—Daemon! Querido, você foi ótimo no jogo de hoje.-elogiou ela, enquanto papai aparecia ao fundo com minha camisa do time.

Campeão! Onde está Cole? Quero parabenizá-lo pelo gol.-interpelou papai, passando um braço em volta de mamãe.

—Oh, ele já saiu. Talvez esteja estressado com hoje.-respondi, dando de ombros.

—Vocês vão sair?.-mamãe perguntou, ansiosa.

—Não. Vou levar Charles para o apartamento, pedir comida e colocá-lo na cama.-expliquei, bagunçando o cabelo loiro de meu irmão.

—Você está vendo? Ele me trata como um bebê.-resmungou Charles, tentando afastar minha mão.

—Bem, vou desligar. Amanhã falo com Cole. Boa noite, meninos.-despediu-se mamãe antes de encerrar a chamada.

Após a ligação, sorri para Charles e o conduzi para fora. Minha Ferrari nos aguardava no estacionamento, e enquanto dirigia sem pressa, meu telefone começou a tocar insistentemente. Ao ver o nome na tela, revirei os olhos. Ava não parava de ligar.

Peguei o telefone e ativei o viva-voz.

—Não diga besteiras, Charles está ouvindo.-avisei antes de atender.

—Oi, Charles querido!.-cumprimentou Ava do outro lado da linha, rindo.— Eu só queria confirmar se vocês vão vir para a festa. Cole acabou de chegar

Parei o carro abruptamente, colocando o telefone no ouvido.

—Por que meu irmão está na sua festa? Pensei que ele iria para casa.questionei.

—Bem, também achei isso, mas ele ligou e disse que apareceria. Aqui ele está, com duas garotas em cada braço.-revelou.

Resmunguei um palavrão.

—Estamos a caminho.-anunciei, desligando em seguida.

Odiava festas. Locais lotados de pessoas dançando e bebendo, cometendo loucuras, me irritavam profundamente. Empurrei algumas pessoas para abrir caminho para mim e Charles sair. Meu irmão exibia um sorriso largo enquanto observava as garotas ao redor, mas eu não tinha a menor intenção de me divertir naquela festa. Tinha que entender por que Cole estava ali naquela noite, sabendo que nossa mãe surtaria se soubesse.

—Cole!.-chamei, observando-o rir enquanto uma loira sussurrava em seu ouvido. Fiz uma careta ao presenciar aquela cena.

Ele ergueu a cabeça ao me ouvir, os olhos se arregalando ao me ver.

—Por que você está aqui?.-questionou rapidamente.

—Vim te buscar, idiota. Sei que amanhã é folga dos treinos, mas temos almoço com mamãe.-informei, pousando uma mão em seu ombro.

—Aish, Daemon, não seja nosso pai agora. Quero me divertir hoje.-resmungou, exalando um leve hálito de bebida.

—Cole Campbell, você não tem ideia do que está fazendo. Vamos para casa, Charles está aqui.-lembrei, segurando sua blusa.

—Porra...", murmurou ele, coçando a nuca.-Estou cansado dessa merda todo ano. Jude morreu há mais de quinze anos. Todo mundo precisa superar.

Mordo os lábios, puto com a reação dele e saio dali puxando charles comigo. O loiro reclamava algo mas não ouvia nada, só sentia raiva do cole. Acabei esbarrando em uma garota que derrubou bebida em mim. Me arrancando um gemido frustrado, suspiro fundo e olho para os olhos azuis que me encaravam.

— Olha por onde anda, jogador.- ela latiu.

— você que derramou bebida em mim, princesa.- arqueio uma sobrancelha.

Logo a vendo apenas sair sem dizer mais nada, que porra.

𝔟𝔩𝔬𝔬𝔡 𝔣𝔬𝔯 𝔟𝔩𝔬𝔬𝔡Onde histórias criam vida. Descubra agora