"O que fizeram comigo, me criou. É um princípio básico do universo. Que toda ação cria uma reação igual e oposta."
V de Vingança.ㅡ Não acha engraçado, doutora? Tenho vindo aqui, semanas e semanas, lhe contando sobre meus traumas, na primeira sessão chorei como uma criança que se perdeu da mãe, na segunda... Quis gritar e esmurrar tudo a minha volta, na terceira entendi que não era minha culpa, então por fim comecei a ter paz dentro de mim, pela primeira vez em tanto tempo, houve paz, quando eu entendi que não era eu o causador de toda essa merda... ㅡ Jimin respirou pesadamente ao final de sua frase.
A sala de consulta parecia muito menor agora, aliás na primeira sessão se sentiu aterrorizado, mas logo a terapeuta o fez sentir confortável, lhe estendeu uma xícara de chá, e então foi tão mais simples se abrir, que não pode acreditar estar fazendo isso.
Jungkook não o deixava sozinho, o acompanhava em todas as sessões, e ficava esperando do lado de fora, desfrutando das balinhas do pote da recepção, isso fazia Jimin se sentir bem, afinal ter seu companheiro o apoiando, era algo importante, além de também o apoio de sua família.
ㅡ Fico feliz que esteja se sentindo de tal forma Jimin, gosto de saber que está melhor, faz com que me sinta feliz também. ㅡ A psicóloga, senhora Kim, uma, ômega de um pouco mais de quarenta anos, tinha um sorriso maternal, algo que fazia Jimin sentir se em casa, viu nela alguém que oferecia conforto, até mesmo o cheiro dela era confortável, lavanda... Mas o ômega também viu a dor sob seu olhar, e não demorou a descobrir o porquê.
ㅡ Senhora Kim... Posso contar uma história? ㅡ O ômega se ajeitou na cadeira, deixou a xícara de chocolate quente vazia na mesa, e encarou a terapeuta com um sorriso.
ㅡ Claro querido, estamos aqui para lhe dar atenção. ㅡ A mais velha disse lhe oferecendo mais um de seus sorrisos calorosos.
ㅡ Havia uma doce ômega, a categoria de ômega que faz qualquer alfa suspirar, ela era calma, compreensiva, algo natural dela, até mesmo seu aroma acompanhava tal coisa, cheirava como calma e compreensão... Mas o universo, como sempre, não gosta que tudo siga uma linha linear, julgo que por isso se formou do Big Bang, ele gosta de tragédias, grandes tragédias, talvez assim seja mantido o equilíbrio... Afinal essa linda e calma ômega, foi encurralada, por um maldito alfa, ele abusou de seu corpo, lhe tirou tantas coisas naquele dia, mas também lhe entregou algo... Uma filha, uma alfa nasceu daquele maldito dia... A ômega poderia odiar a criança, a prova, a consequência daquele dia, mas não era de sua natureza, não... Ela amou a menina mais do que a si mesma, a criou, a educou, mas novamente o destino lhe deu um golpe, o maldito alfa surgiu de novo, e aos doze anos sua menina foi tirada de si, afinal ele tinha dinheiro e aliados, e ela apenas sua palavra e a incompetência da polícia, e dos demais... Nunca deixou um dia sequer de pensar em sua menina, e acredite o sentimento era igual, por parte da doce alfa.
As lágrimas caiam em cascata pela face da profissional, as mãos agarradas ao caderno de anotação, o corpo em postura frágil, afinal, era a sua história ali.
ㅡ Mas agora, o universo, precisa recompensa-la afinal, ela já suportou demais, e seu coração, continuou bondoso e imutável, ela ainda se deu pelo mundo, mais do que recebeu dele... No final, o maldito alfa agora come terra com a boca, não tocará em mais ninguém, não irá ferir mais ninguém, e a sua menina... Ela lhe espera numa recepção, espera o abraço de sua mãe, aquela a qual sentiu falta por dez anos. ㅡ O ômega sorri gentilmente, e faz um sinal para a porta.
ㅡ Obrigada... ㅡ É o que a mais velha pode dizer, antes de se levantar rapidamente, indo até à porta e abrindo.
E lá estava, um tanto mais alta, um tanto mais velha, mais ainda sim, sua garotinha.
ㅡ Oi? Mamãe. ㅡ Ela disse saindo do lado de Jeon, aquele que a trouxe até onde sua mãe estava.
A terapeuta nada disse, apenas correu e a abraçou, com medo de que fosse apenas mais um sonho, mais um sonho onde sua garotinha iria desaparecer assim que abrisse os olhos, então a tomou em seus braços, inalando o aroma forte de carvalho.ㅡ Min Hee, Min Hee, senti sua falta minha pequena, eu senti sua falta. ㅡ Repetia se, abraçando e beijando a face de sua filhote, foram dez anos de separação doloroso e impedimentos.
Por fim, ainda agarrada a sua filha levantou os olhos para fitar o casal ali, sussurrando mais um agradecimento a ambos, no fundo, não se importava com que havia ocorrido com o alfa, para ela, ele era apenas um borrão, uma mancha ruim em suas memórias, iria deixa lo enterrado, fisicamente e mentalmente, podia ser alguém de bom coração, mas estava agradecida por não precisar lidar mais com ele, e que se dane o perdão, finalmente ela teria paz.Jungkook e Jimin deixaram o consultório, as mãos entrelaçadas, saíram de lá com a sensação de que não havia mais nada a devolver à mulher, afinal ela ajudou Jimin a sair de sua escuridão, nada mais justo do que lhe dar luz também.
ㅡ Como se sente, sabendo que foi você a atirar na cabeça daquele maldito? ㅡ Pergunta Jeon no carro, com a mão na coxa de seu noivo.
A cena do alfa ajoelhado, implorando por sua vida, veia a mente do ômega.O pegaram em um hotel, um ômega menor de idade assustado tentava fugir dele, estava ferido, e provavelmente seria sua próxima presa, senão fosse pelo casal que invadiu o local, ao ver tal cena Jimin não se conteve, atirou na perna do alfa na primeira oportunidade, e quando ele tentou revidar, foi Jeon quem o derrubou e pôs em seu devido lugar, afinal vermes rastejam, não é?
A sensação do gatilho sendo apertado, ainda formigava os dedos do ômega, assim que atirou, sentiu poder respirar novamente, afinal... Era menos um alfa nojento no mundo.ㅡ Me sinto bem, me sinto muito bem... Como se com ele fosse toda aquele medo, toda aquela angústia se enterrou, mas eu sinto que faria de novo... Eu mataria novamente, desde que sentisse que os motivos são os certos, de certa forma me sinto hipócrita... Mas que se foda, as coisas mudam, a melodia se troca, e devemos dançar ao ritmo da música, não é?
O alfa sorriu orgulhoso, afinal Jimin agora era como ele, ainda bom, ainda puro, ainda belo tal qual a seda mais cara, mas agora... Era uma seda em um belo tom de vermelho, belíssimo.
ㅡ Ainda vamos ao estúdio, não é? ㅡ O de cheiro de baunilha pergunta.
ㅡClaro amor, afinal temos que fazer nossas tatuagens comemorativas. ㅡ Sorriu apertando ainda mais a coxa de Jimin.
E logo no estavam no estúdio, lado a lado, sorrindo um para o outro, enquanto a tinta preenchia as peles, Jungkook tinha diversas, porém para Jimin eram as primeiras, uma em sua costela, dizendo "Nevermind".
E então na altura do peito, logo em cima de seu coração, combinando com a do noivo, tinha letras cursivas.
"Rapinae, amare, aeternum."
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Rapinae JJK+PJM ABO
FanfictionJeon Jungkook e Park Jimin sabem da sua ligação de almas desde a infância. ㅡ Sim, Kookie, somos amigos! Amigos para sempre! ㅡ Disse sorridente, fazendo os olhos caramelo sumirem por conta das grandes bochechas. ㅡ Não, não Jimin-ssi, não seremos ape...