-Kachan. – Izuku chamou por si com um grande sorriso enquanto ele lhe estendia a mão.
-Deku? – Respondeu o loiro com suas pupilas tremulas, ainda hesitante ele ergueu sua mão, foi então que três batidas na porta o despertou.
Abriu seus olhos em um susto ofegante. Havia sonhado com Izuku de novo, aquilo havia se tornado recorrente desde o seu velório.
-Katsuki... – Mitsuki o chamou baixo batendo novamente na porta. – Filho, você precisa comer, por favor. – Suplicou com a voz chorosa.
O loiro voltou a fechar seus olhos se virando e cobrindo todo o seu corpo com a coberta.
Ele não queria sair da cama, provavelmente nunca mais iria querer sair, não havia motivos para tal coisa... não tinha forças para tal coisa.
-Katsuki. – Sua mãe o chamou de novo. – Já fazem três semanas, você precisa se alimentar, precisa voltar a ir para escola, não pode viver o resto de sua vida dessa forma.
-Querida. – Ouviu a voz de Masaru, aquele era o aviso de que agora seria deixado em paz.
Se sentou na cama e logo sentiu sua pressão baixar, a última vez que havia comido algo foi ontem pouco antes da hora do almoço?
A, não importa.
Jogou sua coberta de lado tentando caminhar pelo seu quarto.
A bagunça se acumulava por todos os lados, seus materiais escolares, roupas usadas e até mesmo embalagens de alimentos eram encontrados no chão, não que realmente ligasse.
Voltou a sentir a fraqueza atingir e então se sentou no chão se escorando na parede, sentiu novamente as lágrimas o inundar, suas mãos tremiam a medida que as batidas do seu coração aumentavam.
Não sabia o que era aquilo, mas uma inquietação correu por todo o seu corpo e logo o ar de seus pulmões sumiram.
Aquilo havia acontecido algumas vezes nessas últimas semanas, era doloroso, sentia como se seu coração fosse esmagado em milhares de pedaço e perdia sua racionalidade, mas quando aquilo passava um sentimento de gratificação o atingia.
Ele se sentia melhor após ser torturado daquela forma ardilosa por sua própria mente, de alguma forma, deixava o seu fardo menos pesado?
-Katsuki. – Uma voz diferente o chamou, suas pupilas vacilaram a medida que sua respiração se tornava mais pesada que antes.
Era ela, era Inko Midoriya.
Não conseguia a encarar, não tinha coragem de a encarar. Seu filho havia morrido, a culpa era toda e completamente dele.
Sua visão escureceu a medida que tudo a sua volta se tornava embaçado.
Estava escuro, estava doloroso, estava insuportável.
Era aquilo que sua própria consciência fazia com si.
-Katsuki. – A mulher novamente o chamou e as batidas de seu coração se tornavam mais rápidas e pesadas.
Tum tum...
Esse som se repetia em sua cabeça sem dar pausa, algo pingava de si, não tinha certeza se era suor ou lagrimas, mas a naquela altura realmente importava?
Ele queria morrer, ele queria de todas as formas ter sido aquele que se foi.
A porta de seu quarto finalmente foi aberta, ele não tinha a exata certeza de como fizeram aquilo, mas não conseguia raciocinar para encontrar uma resposta adequada para aquilo.
Sentiu alguém segurar seu corpo.
As coisas feitas a seguir ele não conseguia se lembrar com clareza, não estava completamente sã para fazer qualquer coisa que seja além de respirar.
Sentiu seu braço pesado à medida que recobrava seus sentidos, ficou confuso ao não reconhecer nada a sua volta, mas logo notou estar em um quarto do hospital.
Observou seu braço e então entendeu o porquê do peso que sentia ali, estava no soro.
-Acordou. – A voz de Inko soou aliviada enquanto entrava no quarto. – Como você está se sentindo? Seu pais estão no refeitório almoçando, você nos deu um belo susto.
-O que... – Resmungou com as pálpebras pesadas.
-Você esteve inconsciente por quase dois dias. – Ela se sentou na poltrona ao lado da cama do rapaz. – Você realmente me preocupou, não sei se meu coração aguentaria o perder também.
Aquelas palavras foram o gatilho que ele precisava para voltar a chorar. Se ela soubesse a verdade não diria algo assim para si, mas ele nunca teria coragem de dizer a verdade.
-Voltarei logo, chamarei um médico. – Ela sorriu gentilmente para si afagando seus cabelos.
Aquela situação era uma completa merda, digo, um desastre!
Ele não estava preparado para encarar Inko e receber todo o carinho daquela mulher era o mesmo que o apunhalar com diversas estacas, era doloroso.
Inko desde sempre foi gentil com si, assim como seu filho.
Ele havia causado a ruína daquela família, ele e apenas ele.
Depois de uma avaliação medica ele recebeu alta para voltar para casa, mas ele não queria voltar, de forma alguma queria voltar, mas também não queria ficar ali, ele não queria estar em lugar algum.
-Por favor se cuida Katsuki. – Inko o abraçou com força. – Não fique tão preso a isso, se torne aquele herói que vocês sempre quiseram.
A frase estava no plural...
Será que Inko o via como um meio de escape de dor? Teoricamente falando ele era o melhor amigo de Izuku.
-Iremos passar por isso. – Disse uma última vez antes de se afastar. – Plus ultra. – Murmurou limpando uma lagrima que caia e então se virou indo embora dali.
Ela estava dizendo aquilo para ele ou si mesmo? Bem, não importava de qualquer forma.
Eventualmente ele foi obrigado a voltar a escola e era tudo muito vazio, sem notar, todos os dias ele fazia o mesmo caminho que o amigo fazia, foi então que viu ao longe um garoto correndo pela praia.
Era irracional pensar daquela forma, ele sabia disso, ele sabia e gritava para si mesmo para parar de correr. Aquele não era seu amigo morto, era só alguém que o lembrava dele, ele gritava com tudo de si que aquele não era seu amigo, mas mesmo assim suas pernas não paravam de correr, elas não vacilaram por um segundo sequer.
-Deku? – Chamou assim que pisou na areia.
Ele sabia, mas mesmo assim a decepção percorreu seu corpo.
O garoto o encarou confuso, mas logo abriu um sorriso... suspeito?
-Desculpe, me enganei. – Proferiu já se virando para sair, mas uma mão o segurou, não tinha certeza de como ele havia chegado ali tão rápido.
-Katsuki Bakugou, certo?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Despedida.
FanfictionEu nunca tive um arrependimento na minha vida. Acho que tudo que eu podia ter feito eu fiz, não me apedregem ou me chamem de fraco por não ter aguentado mais. Avisos: -Conteúdo delicado a algumas pessoas. (Carta de suicidio) Fiquei com um nó na gar...