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Uma década se passou desde que meu pai morreu, atualmente tenho vinte anos e, a quatro anos atrás, ingressei nas fileiras do exército. Hoje, estou prestes a encerrar esse capítulo militar.
A morte de meu pai permanece envolta em mistério. O mundo desconhece a verdade. Ele foi assassinado por conta de um dom que compartilhamos. Um poder que, com o tempo, pode evoluir até o ponto de mover planetas. Essa habilidade, no entanto, desperta temores e suspeitas. Quando várias nações e potências mundiais descobriram que o Brasil abrigava alguém capaz de aniquilar uma nação num piscar de olhos, os líderes entraram em frenesi. O governo dos Estados Unidos, agindo nas sombras, pôs fim à vida de meu pai. O governo brasileiro, por sua vez, permaneceu em silêncio, sem provas suficientes para tocar no assunto. Essa injustiça me consome de raiva até os dias atuais.
Hoje, diante do espelho, observo o meu reflexo de quem acaba de cortar o cabelo curto. Dizem que o cabelo carrega memórias, e eu não desejo carregar as lembranças que ele guarda. Visto meu sobretudo preto, dou uma última olhada no espelho e, com as chaves em mãos, anuncio à meu mordomo
— Fernando, estou saindo.
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O sopro do vento acariciando meu rosto enquanto dirijo me dá uma sensação de paz. Observo a cidade que, por quase toda a minha existência, foi meu lar. No entanto, em breve, partirei. Amo meu país, mas ele já possui seu herói número um, alguém que eu confio. Sinceramente, o Brasil não sentirá minha ausência.
Chego no lugar combinado e encontro com Marcos. Me sento na cadeira e ele me olha com uma expressão surpresa.
- Parece que alguém se empolgou com a tesoura, hein? - ele diz, um sorriso de canto nos lábios.
- Ah, vai à merda - respondo, e o platinado ri. - E então, está tudo certo com os papéis?
O sorriso dele some, e ele fica sério - Sim, estão aqui prontos para você assinar e ir embora - diz, com um tom sério, mas dá para perceber o deboche.
- Ainda nessa birra? - pergunto, olhando para ele.
- Minha parceira está indo embora para o Japão, e você quer que eu reaja bem? - ele levanta uma sobrancelha.
