Alvura Purpura

629 3 0
                                    

Eduardo Styles

23 de setembro de 2009

A vida era uma bela droga.

Depois de vários anos de derrotas humilhantes, a equipe de natação da Academia Augusuts finalmente tinha se classificado para o campeonato estadual. Esse era um dos meus sonhos. Um dos que eu pregava no mural do meu quarto, para me lembrar de perseguí-lo todos os dias.

O problema era que, quando eu estava próximo de alcançá-lo... Quando eu estava a só uma competição de ir para a final com a equipe, meu mundo desabou. Tudo o que eu enxergava em meu universo particular foi destruído, alterado, e eu não estava muito certo se eu lidaria bem com as mudanças.

Aliás, eu obviamente não lidaria bem com as mudanças, porque ao invés de estar com o time da Augustus, no dia da competição, escutando as instruções do técnico, eu estava sentado no banco do vestiário. Apoiado nos braços, com a cabeça pendida para trás e com os olhos fechados de dor.

'- Eu não vou achar ruim com você, Eduardo . Não vou ficar bravo porque você vai perder algumas horas de estudo para frequentar a equipe de natação. Esse sempre foi o seu sonho, não foi? Só o que eu te digo, meu menino, é para você dar o melhor de si.'

'- Campeonato estadual, é? Se você acredita que consegue, eu aposto todas as minhas fichas em você. Já está na hora de o mundo ver um Styles ocupar um lugar no podium, o que acha?'

... E a pior parte dessas lembranças era saber que minha equipe de fato tinha conseguido se classificar para o estadual. Nós realmente tivemos um resultado melhor do que o de gerações de nadadores da Academia Augustus, e o meu pai... O meu heroi não estaria aqui para ver.

Fazia pouco mais de um mês que ele tinha morrido. Pouco mais de trinta dias desde que o meu velho perdeu o controle do carro e seu corpo foi encontrado no meio dos destroços.

Eu estava melhor agora, era o que eu tentava me dizer. Eu já tinha conseguido sorrir algumas vezes, e até mesmo gargalhar, então por que naquele momento - quando a equipe precisava dos cem por cento de mim - eu me sentia tão desamparado? Tão incapaz de mover um músculo que fosse?

O mais incrível da morte do meu pai, eu percebi depois de alguns dias, foi que o mundo não parou sem ele. As pessoas continuaram vivendo sua vida, comerciantes continuaram a vender seus produtos como se meu velho nunca tivesse existido. Acho que as únicas pessoas que pararam, na verdade, fomos eu e a minha mãe.

Eu, desde o acidente, andava sempre angustiado, e a mamãe tinha entrado numa depressão profunda. Ela estava tão aérea e chateada que eu duvidava que ela estivesse com os outros pais, nas arquibancadas em volta da piscina.

O estalar de dedos, bem próximos ao meu ouvido, fez com que eu abrisse os olhos. No susto, segurei a respiração até me fixar em duas íris que eu conhecia como a palma da minha mão.

Mariane estava ajoelhada de frente para mim, de forma que nossos rostos ficassem na mesma direção. Suas sobrancelhas estavam juntas, como se a menina estivesse apreensiva, e seus lábios estavam torcidos para o lado direito.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntei, porque eu de fato queria saber.

Tipo, o vestiário era masculino. E só para os nadadores. E Mariane não era nenhum dos dois. No entanto, a "feiosa" estava ali analisando meu rosto de forma concentrada e inflexível, como se pudesse ler meus pensamentos.

- Olhando pra você. - Ela respondeu.

- Eu sei que você está me olhando. - Rolei os olhos. - Eu quero saber o que você está fazendo aqui. No vestiário masculino.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 28, 2013 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Alvura PurpuraOnde histórias criam vida. Descubra agora