I. Parabéns, novata!
Alanis mal podia acreditar que estava ali, vestindo o uniforme azul e vermelho dos bombeiros. Era o seu primeiro dia de trabalho, depois de se formar na academia com louvor. Ela sempre sonhou em ser bombeira, em salvar vidas e fazer a diferença. Mas ela também sabia que não seria fácil. Ela teria que enfrentar o preconceito, a pressão e o perigo de uma profissão dominada por homens.
Ela respirou fundo e entrou na central de bombeiros 118, a mesma que ela escolheu por uma razão especial. Alanis tinha um passado ligado àquele lugar, um passado que ela preferia esquecer. Mas ela também tinha uma admiração pelos bombeiros daquela central, que ela já tinha visto em ação várias vezes. Eles eram eficientes, corajosos e unidos. A jovem bombeira queria fazer parte daquela equipe, mas ela também temia não ser aceita ou respeitada por eles.
Com o coração acelerado, ela observava tudo com curiosidade e admiração. Os caminhões brilhavam sob a luz do sol, prontos para sair a qualquer momento. Ela deduziu que a equipe estaria no andar de cima, na área de descanso. Isso a deixou mais nervosa, pois sabia que teria que encarar todos eles de uma vez. Ela não gostava de ser o centro das atenções, mesmo que por alguns segundos. Ela preferia ficar na sua, sem chamar a atenção.
Alanis respirou fundo novamente e murmurou quinze ave-marias, tentando acalmar os nervos. Ela subiu as escadas e viu todos os bombeiros sentados à mesa, conversando animadamente. Eles pareciam esperar alguém, que provavelmente se tratava dela. O capitão, um homem alto e forte, com cabelos um pouco grisalhos e olhos verdes, veio em sua direção cumprimentá-la.
— Bem-vinda, Alanis, é um prazer conhecer você! Sou Bobby Nash — disse ele dando-lhe um aperto de mão.
— Obrigada, senhor! Também é um prazer conhecer o capitão da admirada 118 — disse Alanis lhe dando um sorriso amigável.
Ele a cumprimentou com um sorriso e a conduziu até a onde a equipe estava. Todos foram muito simpáticos e acolhedores com ela, mas um deles chamou a sua atenção. Era Evan Buckley, um bombeiro loiro e de olhos azuis, que não tirava os olhos dela. Ela sentiu o rosto corar durante o almoço, enquanto tentava disfarçar o seu interesse.
Antes que ela pudesse se apresentar melhor e contar um pouco da sua história, a sirene de emergência soou, interrompendo a conversa. Todos se levantaram às pressas e correram para os caminhões, prontos para atender ao chamado.
O fogo consumia a casa com uma fúria implacável. Do lado de fora, a mãe observava horrorizada as chamas que engoliam o seu lar. Ela havia saído por alguns minutos para estender as roupas no varal, e quando voltou, encontrou o inferno. Mas o pior era saber que seus filhos ainda estavam lá dentro, no segundo andar, onde ficavam os quartos. Eles gritavam por socorro, mas ninguém parecia ouvir.
O capitão Nash chegou com a sua equipe de bombeiros e avaliou rapidamente a situação. Ele sabia que tinha pouco tempo para salvar as crianças. Ele escolheu dois dos seus melhores homens, Buckley e Eddie, para subirem pela escada e tentarem alcançar o segundo andar. Ele mesmo ficou no comando da mangueira, tentando conter o avanço do fogo. Ele também designou a novata Alanis para entrar pela porta da frente e investigar a origem do incêndio. Ela estava nervosa, mas determinada a cumprir a sua missão.
Alanis adentrou na casa em chamas, sentindo o calor e o perigo que a cercavam. Ela sabia que o andar de baixo já estava comprometido, e que a qualquer momento a estrutura poderia ruir. Ela tinha que ser rápida. A bombeira olhou em volta com dificuldade, pois a fumaça turvava a sua visão. Alanis continuou seguindo em frente, pisando em algo que fez um barulho de papel. Ela se abaixou e pegou uma caixa de fósforos. Só havia dois fósforos na caixa. Ela ficou intrigada e olhou em volta com mais atenção. A poucos centímetros dela, avistou um galão de gasolina.
Era um incêndio criminoso.
Ela queria procurar mais pistas, mas ouviu a voz do seu capitão pelo rádio, dizendo que ela podia sair. Eles já tinham resgatado as crianças. Então ela se dirigiu à porta, mas sentiu alguém agarrar o seu pé.
— Socorro, me ajuda! — um homem falou com a voz falhada, deveria ter engolido muita fumaça.
Apenas a mãe e as filhas moravam na casa. Alanis se perguntou quem era aquele homem. Em sua mente, ela lembrou que o incêndio tinha sido criminoso e que ele estava na origem do incêndio. Com certeza, fora ele quem ateou fogo na casa. Ela não sabia o motivo, mas logo iria descobrir. Alanis segurou as mãos do homem e arrastou para fora da casa em chamas. Sua vontade era de abandoná-lo ali, para que ele sofresse as consequências de seu ato criminoso. Mas ela não podia fazer isso, pois era uma boa profissional e queria descobrir o que o levou a cometer tal atrocidade. E, claro, ter o prazer de vê-lo atrás das grades, pagando por sua culpa.
Ao sair da casa, Eddie e Buckley vieram correndo a ajudar com o homem. A mulher que estava com seus filhos recebendo primeiros socorros avistou os bombeiros saindo e gritou:
— Esse é o monstro que incendiou a minha casa! Ele é o pai dos meus filhos, mas ele não os ama! Ele queria nos matar! — ela gritou se derramando em lágrimas.
Alanis ficou chocada ao ouvir aquelas palavras. Como alguém podia ser tão cruel e insano? Ela olhou para o rosto do homem, que estava coberto de queimaduras e sangue. Ele abriu os olhos e encarou Alanis com um olhar de ódio e desafio.
— Você não sabe de nada, sua idiota. Eu fiz isso por uma boa razão. Você vai ver, você vai ver...
Eddie e Buckley seguraram o homem com firmeza, impedindo que ele se soltasse. Alanis sentiu um arrepio na espinha ao ouvir as palavras dele. Que razão podia justificar tamanha atrocidade? Não havia nenhuma. Nada podia explicar alguém tentar matar os próprios filhos, independente do que tivesse acontecido entre o casal.
Alanis tirou o capacete de proteção e respirou fundo, tentando se acalmar. Ela caminhou até a policial Athena, que estava perto da ambulância. Em suas mãos, ela carregava uma caixa de fósforo, que entregou a policial para servir como prova de crime. Mas ela ainda tinha uma dúvida.
— Porque você não falou desde o início que seu ex-esposo estava lá e que foi ele quem começou o incêndio? — Alanis perguntou a mulher que estava dentro da ambulância.
— Porque eu queria que ele morresse, eu estava torcendo por isso. Não é a primeira vez que ele coloca a vida minha e do nossos filhos em risco. Eu consegui uma medida protetiva contra ele, mas foi nisso que resultou. Em ódio e rancor — a mulher falou abraçando seus filhos.
Alanis se afastou, voltando para onde sua equipe estava. Ela esperava que aquele homem fosse condenado a vários anos de prisão e que a mãe e seus filhos pudessem viver em paz. Ela se sentia orgulhosa de ter cumprido o seu dever, mas também triste por ter testemunhado tanta crueldade.
— Parabéns, novata. Se saiu bem! — o bombeiro Buckley falou, dando uma piscadinha e indo até seu colega Eddie.
LOVE ON FIRE
©writerellie | 2024
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𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗢𝗡 𝗙𝗜𝗥𝗘; 𝗲.𝗯𝘂𝗰𝗸𝗹𝗲𝘆
FanfictionEla era a nova integrante da equipe de bombeiros, recém-formada na academia e ansiosa por provar seu valor. Ele era o veterano, experiente e respeitado por todos, mas com um coração solitário. Quando eles se conheceram, sentiram uma faísca imediata...