Terei que amá-la de longe. Assim como é para nós, seres humanos, dizer que amamos as estrelas ou a Lua. Chega a ser reconfortante, e, ao mesmo tempo, altamente doloroso saber que, mesmo perto, sinto que estou tão longe - como dezembro e janeiro.
Mas escrevo sobre um amor quase impossível, que me dá forças, mas que também me machuca. E essa dor se transforma em ódio - mesmo assim, é impossível odiá-lo. Não posso questionar, pois sei que antes ele já foi machucado. Esse mesmo amor que despede sentimentos como quem despede o medo e vive intensamente, ou negar a si a chance de amar; há quem pede, implora até, por um amor assim, mas nunca consegue.
Mas o amor dentro de mim ainda é perigoso. Eu nunca abri meu coração genuinamente, e até hoje ninguém sabe como ele é. Sabem apenas o que deixo saber, veem apenas o que deixo ver, sentem apenas o que permito sentir. Como resultado, vivo apenas observando as mariposas voarem pelo céu numa vasta solidão.
À medida que essa solidão aumenta, o desejo de amar se torna cada vez maior, o que me faz questionar se vale a pena viver na paz da solidão ou no prazer de um amor - amor esse que, apesar de conter ódio e raiva, transmite um grande sentimento de que estou finalmente em casa.
Conforme sou guiado pelos meus sentidos e escrevo com um lápis pelo papel, surgem tais palavras que relatam muito ódio acumulado. Mas qual a diferença entre amor e ódio se ambos machucam? Existe, porém, várias nuances sobre o amor, sobre amar ou odiar. E se não há diferença, então são iguais em suas façanhas.
Ao amar uma rosa, é necessário amar também os espinhos, ciente de que, por mais que demore, você se machucará com eles. E quando há feridas que parecem não ter cura, há também dúvidas de que tudo isso valeu a pena!
Vale mesmo a pena amar? Valeu mesmo a pena se entregar? E quem fará isso por mim? Quem se sacrificaria por mim se não eu mesmo?
Ao optar por viver apenas de emoções adversas, tive a sensação de que meu coração foi gravemente ferido, inesperadamente, pela própria rosa que deveria me amar de verdade. Deixando uma dor quase incurável - e a sensação se tornou real.
Por dentro fui esfaqueado, torturado e abandonado. Deixado apenas com curativos superficiais. Mesmo a rosa sabendo que as feridas não eram por fora, faltava apenas ceder ao ódio de ser ferido por quem acreditava me amar, e me entregar a loucura.
Quando me conscientizei, percebi que a rosa pode ser pior que os espinhos. Os espinhos ferem inconscientemente, não por querer, mesmo tentando amar, ferem por ferir - faz parte de sua natureza.
Mas aquela rosa, sabendo de sua escolha, decidiu ferir conscientemente. E por conta disso, se tornou vermelha e obscura, revelando sua verdadeira face odiosa e dolorosa. Revelando a face do amor e do ódio entre quem ama e quem machuca - nem sempre quem machuca é ruim, mas quem deve amar, e fere.
Enquanto a solidão, cheia de espinhos, aparenta ser verdadeira, ninguém jamais conhecerá o meu verdadeiro amor ou a minha verdadeira forma de expressa-lo. Sigo livre e protegido de qualquer rosa. Mesmo nunca esquecendo daquela que me feriu, pois até mesmo depois da dor, a memória derrama lágrimas do passado turbulento.
Revelando a outra face do amor e ódio: Quem genuinamente amou, seguirá amando até o túmulo, até aquele que o feriu, seja a razão de lembrar, e o motivo de não conseguir, ou, querer, esquecer. E por isso, sentimos ódio em amar.
E se eu fosse um livro, seria o mais rasgado, sujo e rabiscado. Pois, agora, o meu amor será visto apenas por alguém cuja vontade de amar seja tão grande quanto minha vontade de esquecer que existe, ainda, possibilidade de conviver em paz entre o amor e o ódio.
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Este texto foi inspirado no filme "O fabricante de Lágrimas". Seguindo um tema: O que é o amor e o ódio?
E se você chegou até aqui, recomendo que assista ao filme ou, também, leia o livro.