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Lost..

Estou nesse momento, sentado embaixo da escada com fones de ouvidos, quando algo cai em cima de mim e antes que eu tenha reação, meu rosto e coberto por um emaranhado de fios que parecem molas, o cheiro de terra molhada com chocolate invade minhas narinas.

- Oh, me desculpa - ela se levanta porém eu não consigo. O vestido verde limão quase me cega, o corpo farto e cheio de curvas, os seios grandes e o soco veio em seguida. Os olhos, cada um de uma cor. Azul e um castanho quase preto, os cabelos formando uma coroa, moldando seu rosto redondo e gordinho - Moço você está bem?

- Preste atenção garota - sou grosso e frio com ela - Destrambelhada, poderia ter machucado alguém.

- Eu pedi desculpas, ok?

- 금언  (gnomo) - disse em coreano.

- Gnomo é a mãe - chutou minha canela e saiu pisando duro. E eu fiquei igual um idiota a olhando, balancei a cabeça e me abaixei para pegar meu fone e vi lenço pequeno, na cor extremamente rosa, bordado de forma delicada Sátis Gómez. Peguei levando ao nariz, o cheiro é.. maravilhoso. Limão com algo adocicado.

- O que está fazendo tio Lost? - me assustei com Amélia ao meu lado, e mais do que depressa guardei no bolso - E porquê está vermelho?

- Estou com calor - resmunguei guardando os fones.

- Está fazendo onze graus - ela me olhou atenta - Aconteceu alguma coisa?

- Não, podemos ir embora logo? Odeio esse lugar.

- O senhor e meu pai são iguais, odeiam todo mundo.

Ela diz divertida e eu apenas fico calado. Ela e Maria vão o caminho todo, conversando. Deus como podem ter tanto assunto? Moram na mesma casa. Eu não tenho família, antes era apenas eu e minha mãe. Uma soldado do governo Norte Coreano, viver lá não é bom. Ela era médica, isso é o máximo que uma mulher consegui chegar, dentro de um governo machista, violento e controlador. Quando o ditador morreu e seu filho tomou posse, a população pensou que haveria melhoras, ledo engano. E minha mãe, não suportou e fugimos para a Coréia do Sul. E foi lá que ela me ensinou, desde a cozinhar até sumir com alguém, sem deixar rastros.



Eu não estou me reconhecendo, sessenta dias. 1460,002 horas, que eu penso nela. Não nego que a vigio na faculdade, impossível não a ver, as roupas coloridas e a risada escandalosa, fazem meu coração ficar estranho. O lenço de cor chamativa está sempre comigo, eu o mantenho como um tesouro, eu não sei o porquê.

Entrou no parque para correr, são cinco da manhã. É um bom horário para estar sozinho, pois quando começar a amanhecer aqui fica cheio.

- Perdeu playboy, passa tudo - sou empurrado no chão e o ódio me domina, porém antes que me levantei e mate esses idiotas ouço um grito.

- Ei.. seus desgraçados! - eu vi a pessoa com algo roxo com um chifre na cabeça, e um taco de baseball nas mãos começou a bater nele. Que logo saiu correndo - Corre mesmo seu vadio.

Se virou pra mim, e a razão da minha insônia e obsessão, bem na minha frente com um pijama, que mais parece os das minhas afilhadas. E porque diabos a achei extremamente fofa?

- Oh, é você! Vem eu te ajudo - estendeu a mãos porém não peguei, me levantei e ela me olhou curiosa - Olha só, machucou o braço. Vem, vou fazer um curativo.

- Não precisa - ela não me deu ouvidos, agarrou minha mão me arrastando para não sei pra onde. Até parar em frente a um grande casarão.

- Olha só, não me achei mal educada. E que moro nessa pensão para garotas e garotos são proibidos, espera aqui. Que já volto - apontou para um banco de bambu e não sei porque, me sentei a esperando. Ela não demorou voltar com uma caixinha nas mãos - O que o senhor faz aqui nesse horário? É perigoso sabia?

- Vim correr - ela abriu a caixinha para começar o curativo.

- Isso pode arder um pouco, o senhor não pode vir correr quase de madrugada. Se eu não tivesse saído para colocar o lixo pra fora, o senhor poderia ter se ferido mais - ela fala como se eu fosse uma criança.

Ela fala ao mesmo tempo, que faz o curativo, ajoelhada no banco. As mãos dela suaves, em contato com a minha pele suada, me causando arrepios. Ela havia tirado o capuz do pijama, os cabelos em um rabo de cavalo frouxo. E eu me peguei examinado seu rosto fascinado. A boca bem desenhada, as bochechas gordinhas, os olhos. Ah os olhos que me perseguem, brilhando. O nariz gordinho, deixa seu rosto como a mais bela obra de arte, que já vi.

- Prontinho - ela se afastou e me olhou envergonhada - Acho que começamos errado, me chamou Sátis - estendeu a mão e a olhei - Oh, desculpe - ficou de pé e curvou o corpo pra frente levemente.

Fiz o mesmo, e ver ela sorrir ainda mais, dando pulinhos.

- Lost, me chamo Lost Kimon. 감사해요  (obrigado)

- Até mais Oppa.

Meu corpo tremeu, e eu corri o mãos rápido que pude. Vou procurar um médico, aos 37 anos. Deve ser alguma doença cardíaca.





Olho para as armas escolhendo qual irei desmontar e montar, minha mente está em loop com os últimos acontecimentos. Posso sentir o olhar do chefe sobre mim.

- Onde estava? - o chefe pergunta enquanto monto e desmonto uma 9mm.

- Correndo.

- Onde arranjou esse curativo de unicórnio com glitter?

- Pétala ou Valentina deve ter colocado, e esqueci de tirar - não o olhei mas ouvi seu riso debochado.

Eu odeio quando ele faz isso, o chefe chega aqui e faz seu trabalho. Muitos pensam aqui pesam, que ele nem ao menos sabem seus nomes. Pobres coitados, o chefe sabe os mínimos detalhes de cada um aqui dentro. O filho da puta é paranóico, e depois que a senhora Sol, apareceu em sua vida. A mente dele se tornou, pior. E ele sabe de tudo, sempre um passo a frente. Ele nunca se surpreender, a única capaz que fazer algo, que pode desestabilizar o chefe é a esposa. A senhora Sol, parece não perceber o exército em forma de marido que tem. Eu sou considerado sem coração, muitos aqui passam longe. Porém eu não escondo. Já o chefe, bom eu não o quero como inimigo.

- Engraçado, hoje de manhã Valentina reclamou que tem três dias, que não vai visitar elas - ele para em minha frente - Ontem você não tinha esse curativo, sua pele estava tão lisa quanto a de um bebê.

O deboche nunca deixa seu tom de voz.

- O que houve com ele? - observo Tás socando um boneco no canto do galpão.

- Caiu por uma garota e o filho dela, tem dois anos - o olhei e ele cruzou os braços - Vamos resolver. Onde estava?

Suspirei.

- Sabe onde estava, apenas não quero falar sobre isso.

- Você vai deixar outro pegar sua garota?

절대 ( Nunca )

Encaixei o pente carregado na 9mm, pegando minhas chaves.

- Foi o que pensei, não demore. Temos que ajudar o Tás, quando me tornei um concelheiro amoroso? - ouvi ele dizer baixinho, com seu típico mal humor.

Caminhei a passos lagos em direção ao elevador.

- Lost.. - apenas olho para Polly que se cala se encolhendo.













 - apenas olho para Polly que se cala se encolhendo

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( Conclusão dia: 23 )

Lost - Spnioffs 4 ( Degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora