Capítulo 1

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O que fazer quando em um momento tudo parece bem e em outro tudo começa a desmoronar? Bom...foi isso que aconteceu em minha vida. 

Me chamo Brooke Walker e tenho 17 anos. Minha vida nunca foi fácil, meu pai James e eu sempre tivemos que nos virar como podíamos desde que minha adorada mãe Abby nos abandonou assim que completei 7 anos. 

Minha mãe nunca quis se casar com meu pai, ela apenas engravidou no colegial e seus pais a forçaram. Por causa desse fato, ela se tornou alcoólatra depois que eu nasci e desde pequena tive que saber como me virar. Era eu que tomava banho sozinha quando meu pai não estava em casa, era eu que tinha que botar o almoço no prato ou fazer algo quando ela resolvia sair e me deixar em casa sozinha quando era pequena. Depois de um pequeno acidente em que eu quase perdi minha vida quando menor, meus pais tiveram a briga do século e minha mãe saiu de casa e nunca mais voltou

Desde então, meu pai e eu vivemos como podíamos. Depois que minha mãe nos abandonou, passamos a viver em um trailer já que meu pai não podia gastar muito. Ele era o melhor pai que eu podia ter, ele trabalhava até tarde da noite para que nada, absolutamente nada faltasse para mim. Ele ainda arranjava tempo para me ajudar com o dever de casa. Era pra ele que eu corria quando me machucava, era pra ele que contava todos os meus segredos e até mesmo quando me apaixonei pela primeira vez pelo pequeno Billy. Até mesmo na minha primeira menstruação, era ele que estava lá por mim. Ele foi meu pai e minha mãe até os meus 13 anos, quando ele conheceu Elizabeth.

Elizabeth era uma mulher linda, amigável e ex melhor amiga da minha mãe. Eles eram amigos na escola e em uma reunião na mesma eles voltaram a se encontrar. Elizabeth e ele começaram a sair e confesso que no começo eu tinha muito ciúme mas logo vi que era algo sem sentido e que meu pai precisava de alguém para ser feliz. Lizzie era a melhor pessoa e eu realmente confiava nela e então ela engravidou, no começo eu surtei e fugi de casa, indo para a casa da minha melhor amiga Lexie, mas depois reparei que era algo completamente normal e que eles precisariam do máximo de ajuda que conseguissem. 

No dia em que voltei para a casa, lembro que pela primeira vez meu pai me botou de castigo e também foi a primeira vez que o mesmo gritou comigo. 

"Como você pode ter feito isso comigo? Você tem noção do quanto eu fiquei preocupado?"

"Pai, eu não estava pensando...eu só..."

"Você o que? Por que as coisas não são como você querem você foge? Eu não te criei para ser igual a ela Brooke"

E essas palavras foram como um tapa, lembro que ele quis dizer "ser igual a sua mãe" e isso era a pior coisa para mim. Eu odiava ser comparada com ela, odiava o fato de ter os mesmos cabelos ondulados embora a cor fosse de meu pai, odiava ter os mesmo olhos castanhos esverdeados e odiava ter qualquer coisa que viesse dela. 

Horas depois da nossa primeira briga, nos entendemos e logo já éramos quase uma família perfeita apenas esperando pelo bebê.

Lizzie teve uma gestação complicada e nos quinto mês o médico disse que as chances dela ter o bebê e continuar viva eram de 25%. O mundo do meu pai caiu e confesso que o meu também, Liz era como uma mãe para mim e saber que ela não poderia sobreviver acabou comigo. Quando o dia do nascimento chegou, já sabiamos o que ia acontecer e por um momento fiquei com raiva daquele bebê por ter tirado a figura mais próxima de uma mãe que eu tive.

Jack nasceu parecendo uma cópia exata de Lizzie, os mesmos cabelos pretos com cachos e lindos olhos azuis. Naquele momento percebi o quanto foi ridículo ter ficado com raiva daquele bebê porque realizei que faria qualquer coisa por ele, inclusive dar minha própria vida. 

Eu e meu pai nos revezamos para cuidar de Jack. De dia meu pai cuidava dele para que eu estudasse e a tarde e noite eu cuidava para que meu pai trabalhasse. Revezávamos a noite para cuidar do nosso pequeno e na maior parte das vezes eu ia para que meu pai conseguisse descansar. Quando Jack completou 2 anos e eu 15, meu pai aumentou a carga de trabalho e eu conseguia ver o quanto o mesmo ficava cansado mas não podíamos fazer nada. E foi então que o mundo desmoronou. 

No aniversário de 3 anos do Jack, meu pai desmaiou enquanto dirigia e acabamos sofrendo um acidente. Eu quebrei meu braço nesse dia e Jack sofreu apenas alguns arranhões. Já meu pai, bom...meu pai estava com tumor cerebral e por isso ele tinha desmaiado. Naquele momento meu mundo caiu. Meu pai, meu herói, meu melhor amigo estava numa cama de hospital sem chance de receber alta e eu não sabia o que fazer. 

Mesmo tendo 16 anos procurei um emprego em tempo integral. Trabalhava de segunda a sexta no restaurante do Billy, um velho amigo do meu pai e as noites em um clube. Nos finais de semana eu trabalhava com o que aparecesse, babá, cuidadora de animais, lavadora de carros e até empregada. Consegui juntar um dinheiro e cuidar do tratamento do meu pai. Jack ficava na casa dos pais de Lizzie já que eu trabalhava o dia inteiro e não tinha chance de cuidar do mesmo. 

Depois de 2 meses, descobri que meu pai tinha acordado mas não poderia voltar para casa e suas despesas no hospital, apenas aumentavam. Foi então que conversei com o mesmo e decidimos vender nossa casa. O dinheiro que conseguimos gastamos em seu tratamento mas nada deu resultado já que o tumor estava muito avançado e uma cirurgia poderia mata-lo. 

-Pai? - perguntei uma vez enquanto o visitava

-Sim? - ele perguntou virando pra mim e eu reparei o quão fraco ele parecia

-O senhor tem medo?

-Da morte? Não querida, não tenho medo...mas tenho muito medo de deixar você e Jack. E é só por isso que estou sendo forte, por vocês.

-Não me deixe papai, eu não acho que conseguirei sem você.- e naquele momento comecei a chorar sendo consolada pelo meu herói. 

Faltando um mês para meu aniversário de 17 anos, meu pai morreu e meu mundo acabou. No dia do enterro, seu advogado me deu uma carta, dizendo que tudo que meu pai queria falar para mim estaria lá, só que nunca tive coragem de abrir a mesma. Jack e eu fomos levados pelo conselho tutelar mas os avós de Jack vieram levar o mesmo. Lembro que surtei na hora mas soube que era o melhor pra Jack, mas os fiz me prometerem que quando eu completasse 18 anos e tivesse uma vida estabilizada eles me deixaram ter a guarda de Jack. 

Eu esperava ficar no orfanato até completar meu 18 anos, mas o inesperado aconteceu, meu querido pai entrou em contato com a minha mãe e contou o que estava acontecendo. Porque na terceira noite que passei no mesmo, uma mulher me buscou e falou que eu estava indo para casa.

-Casa? Me adotaram?

-Não querida, sua mãe não te disse? Você está indo morar com ela. 

E naquele momento eu soube que minha vida seria um inferno total.

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